V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Rei glorioso do mártir,
sois a coroa e o troféu,
pois desprezando esta terra,
procura apenas o céu.
Que o coração inclinando,
possais ouvir nossa voz;
vossos heróis celebrando,
supliquem eles por nós!
Se pela morte venceram,
mostrando tão grande amor,
vençamos nós pela vida
de santidade e louvor.
A vós, Deus uno, Deus trino,
sobe hoje nosso louvor,
pelos heróis que imitaram
a própria cruz do Senhor.
Salmodia
Ant. 1 Como Deus é tão bondoso para os justos,
para aqueles que têm puro o coração! †
Salmo 72(73)
O sofrimento do justo
Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim (Mt 11,6).
I
–1 Como Deus é tão bondoso para os justos, *
para aqueles que têm puro o coração!
–2 † Mas por pouco os meus pés não resvalaram, *
e quase escorregaram os meus passos;
–3 cheguei a ter inveja dos malvados, *
ao ver o bem-estar dos pecadores.
–4 Para eles não existe sofrimento, *
seus corpos são robustos e sadios;
–5 não sofrem a dureza do trabalho *
nem conhecem a aflição dos outros homens.
–6 Eles fazem do orgulho o seu colar, *
da violência, uma veste que os envolve;
–7 transpira a maldade de seu corpo, *
transbordam falsidade suas mentes.
–8 Zombam do bem e elogiam o que é mau, *
exaltam com orgulho a opressão;
–9 investe sua boca contra o céu, *
e sua língua envenena toda a terra.
–10 Por isso vai meu povo procurá-los *
e beber com avidez nas suas fontes;
–11 eles dizem: “Por acaso Deus entende, *
e o Altíssimo conhece alguma coisa?”
–12 Olhai bem, pois são assim os pecadores, *
que tranqüilos amontoam suas riquezas.
Ant. Como Deus é tão bondoso para os justos,
para aqueles que têm puro o coração!
Ant. 2 Os maus que hoje riem, amanhã hão de chorar.
II
–13 Será em vão que guardei puro o coração *
e lavei na inocência minhas mãos?
–14 Porque sou chicoteado todo o tempo *
e recebo meus castigos cada dia.
–15 Se eu pensasse: “Vou fazer igual a eles”, *
trairia a geração dos vossos filhos.
–16 Pus-me então a refletir sobre este enigma, *
mas pareceu-me uma tarefa bem difícil.
–17 Até que um dia, penetrando esse mistério, *
compreendi qual é a sorte que os espera,
–18 pois colocais os pecadores num declive, *
e vós mesmo os empurrais para a desgraça.
–19 Num instante eles caíram na ruína, *
acabaram e morreram de terror!
–20 Como um sonho ao despertar, ó Senhor Deus, *
ao levantar-vos, desprezais a sua imagem.
Ant. Os maus que hoje riem, amanhã hão de chorar.
Ant. 3 Haverão de perecer os que vos deixam;
para mim só há um bem: é estar com Deus.
III
–21 Quando então se revoltava o meu espírito, *
e dentro em mim o coração se atormentava,
–22 eu, estulto, não podia compreender; *
perante vós me comportei como animal.
–23 Mas agora eu estarei sempre convosco, *
porque vós me segurastes pela mão;
–24 vosso conselho vai guiar-me e conduzir-me, *
para levar-me finalmente à vossa glória!
–25 Para mim, o que há no céu fora de vós? *
Se estou convosco, nada mais me atrai na terra!
=26 Mesmo que o corpo e o coração se vão gastando, †
Deus é o apoio e o fundamento da minh’alma, *
é minha parte e minha herança para sempre!
–27 Eis que haverão de perecer os que vos deixam, *
exterminais os que sem vós se prostituem.
–28 Mas para mim só há um bem: é estar com Deus *
é colocar o meu refúgio no Senhor
– e anunciar todas as vossas maravilhas *
junto às portas da cidade de Sião.
Ant. Haverão de perecer os que vos deixam;
para mim só há um bem: é estar com Deus.
V. Como é doce ao paladar vossa palavra.
R. Muito mais doce do que o mel na minha boca!
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Ezequiel 2,8—3,11.16-21
A vocação de Ezequiel
Naqueles dias, o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: 2,8“Quanto a ti, Filho do homem, escuta o que eu te digo: Não sejas rebelde como esse bando de rebeldes.Abre a boca e come o que eu te vou dar”. 9Eu olhei e vi uma mão estendida para mim e, na mão, um livro enrolado. Desenrolou-o diante de mim; estava escrito na frente e no verso e nele havia cantos fúnebres, lamentações e ais.
3,1 Ele me disse: “Filho do homem, come o que tens diante de ti! Come este rolo e vai falar aos filhos de Israel”. 2Eu abri a boca, e ele fez-me comer o rolo. 3Depois disse-me: “Filho do homem, alimenta teu ventre e sacia as entranhas com este rolo que eu te dou”. Eu o comi, e era doce como mel em minha boca.
4 Ele disse-me então: “Filho do homem, vai! Dirige-te à casa de Israel e fala-lhes com as minhas palavras”. 5Pois não é a um povo de fala estranha e língua pesada que foste enviado, mas à casa de Israel. 6Nem é a povos numerosos de língua estranha e fala pesada, cujas palavras não entendes. Se a eles eu te enviasse, haveriam de escutar-te. 7Mas a casa de Israel não vai querer escutar-te, porque não me quer escutar. Pois toda a casa de Israel tem testa dura e coração obstinado. 8Pois bem! Tornarei tua face tão rija como a deles e a testa tão dura como a deles. 9Tornarei tua testa como o diamante, mais duro que a pedra. Não os temas nem te intimides diante deles, pois são uma corja de rebeldes”. 10“Filho do homem – disse-me ele – toma a peito todas as palavras que eu te disser. Escuta-as bem. 11Vai, dirige-te aos exilados, a teus compatriotas, e fala com eles. Tu lhes dirás, quer ouçam quer não:‘Assim diz o Senhor Deus’”.
16 Ao fim de sete dias, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 17“Filho do homem, eu te coloquei como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, deverás chamar a atenção deles em meu nome. 18Se eu disser ao ímpio que ele deve morrer, e não falares, chamando-lhe a atenção a respeito de sua má conduta, para que ele viva, o ímpio morrerá por própria culpa; a ti, porém, pedirei contas do seu sangue. 19Se, no entanto, depois de avisares um ímpio, ele não se afastar da maldade e de sua má conduta, ele morrerá por própria culpa, mas tu salvarás a tua vida. 20Se um justo se afastar de sua justiça e cometer injustiças, eu porei um tropeço na frente dele e ele morrerá por não o teres avisado; ele morrerá por causa do próprio pecado, e a justiça que antes praticou não será levada em conta; de ti, porém, pedirei contas do seu sangue. 21Por outro lado, se chamaste a atenção do justo, para não pecar, e ele não pecou, o justo viverá, porque foi avisado, e tu salvarás a própria vida”.
Responsório Ez 3,17;2,6a.8a; 3,8
R. Fiz de ti uma sentinela sobre a casa de Israel;
ouvirás uma palavra que meus lábios proferirem,
para dar-lhes meu aviso;
* Tu, porém, não tenhas medo diante deles e não sejas
um rebelde como eles.
V. Eis que fiz teu rosto duro, bem mais duro do que o deles;
fiz mais dura a tua fronte, bem mais dura do que a deles.
V. Salvai-nos, ó Senhor, que perecemos! * Ó Senhor.
Segunda leitura
Pode-se optar por uma das leituras seguintes:
Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir
(Epist. 60,1-2.5:CSEL3,691-692.694-695) (Séc.III)
Fé generosa e firme
Cipriano a Cornélio, seu irmão. Tive notícias, irmão caríssimo, dos gloriosos testemunhos de vossa fé e fortaleza. Recebemos com tanta exultação a honra de vossa confissão que também nos julgamos participantes e companheiros de vossos merecidos louvores. Pois se em nós e na Igreja só há um modo de pensar e indivisa concórdia, qual o sacerdote que não se rejubilaria como próprios com os louvores dados a seu irmão no sacerdócio? Ou que fraternidade não se alegraria com o júbilo de todos os irmãos?
Impossível expressar como foi grande esta exultação e alegria, quando fui informado de vossas vitórias e atos de coragem. Nisto foste o primeiro, durante o interrogatório dos irmãos. O testemunho do chefe ainda foi acrescido pela confissão dos irmãos. Enquanto vais à frente na glória, fazes muitos companheiros nesta glória e estimulas o povo a dar testemunho por estares preparado, primeiro que todos, a confessar em nome de todos. Não sabemos o que primeiro elogiar em vós: se vossa fé decidida e estável, se o indefectível amor fraterno. Aí se provou de público a virtude do bispo indo à frente, e se revelou a união da fraternidade que o seguia. Já que em vós só há um coração e uma só voz, foi toda a Igreja Romana que testemunhou.
Tornou-se evidente, irmão caríssimo, a fé que o Apóstolo já tinha louvado em vós. Já então ele previa a virtude louvável e a firmeza da coragem, atestando com isso vossos méritos futuros. O elogio aos pais era estímulo aos filhos. Por serdes assim unânimes, assim fortes, destes exemplo de unanimidade e de fortaleza aos outros irmãos. Sinais da providência do Senhor nos avisam, e palavras salutares da divina misericórdia nos advertem de que já se aproxima o dia de nossa grande luta.
Por isto, como podemos irmão caríssimo, pela mútua caridade que nos une, nós vos exortamos a não esmorecer. Nos jejuns, nas vigílias e orações com todo o povo. São estas armas celestes que fazem ficar de pé e perseverar com denodo; são estas as defesas espirituais, as lanças, que protegem.
Lembremo-nos um do outro, concordes e unânimes, mutuamente oremos sempre por nós, suavizando as tribulações e angústias pela caridade recíproca.
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Das Atas Proconsulares sobre o martírio de São Cipriano, bispo
(Acta, 3-6: CSEL3,112-114) (Séc. III)
Em causa tão justa, não há que discutir
No dia décimo oitavo das calendas de outubro pela manhã, grande multidão se reuniu no campo de Sexto, conforme a determinação do procônsul Galério Máximo. Este, presidindo no átrio Saucíolo, no mesmo dia ordenou que lhe trouxessem Cipriano. Chegado este, o procônsul interrogou-o: “És tu Táscio Cipriano?” O bispo Cipriano respondeu: “Sou”.
O procônsul Galério Máximo: “Tu te apresentaste aos homens como papa do sacrílego intento?” Respondeu o bispo Cipriano: “Sim”.
O procônsul Galério Máximo disse: “Os augustíssimos imperadores te ordenaram que te sujeites às cerimônias”. Cipriano respondeu: “Não faço”.
Galério Máximo disse: “Pensa bem!” O bispo Cipriano respondeu: “Cumpre o que te foi mandado; em causa tão justa, não há que discutir”.
Galério Máximo deliberou com o seu conselho e, com muita dificuldade, pronunciou a sentença, com estas palavras: “Viveste por muito tempo nesta sacrílega ideia e agregaste muitos homens nesta ímpia conspiração. Tu te fizeste inimigo dos deuses romanos e das sacras religiões, e nem os piedosos e sagrados augustos príncipes Valeriano e Galieno, nem Valeriano, o nobilíssimo César, puderam te reconduzir à prática de seus ritos religiosos. Por esta razão, por seres acusado de autor e guia de crimes execráveis, tu te tornarás uma advertência para aqueles que agregaste a ti em teu crime: com teu sangue ficará salva a disciplina”. Dito isto, leu a sentença: “Apraz que Táscio Cipriano seja degolado à espada”. O bispo Cipriano respondeu: “Graças a Deus”!
Após a sentença, o grupo dos irmãos dizia: “Sejamos também nós degolados com ele”. Por isto houve tumulto entre os irmãos e grande multidão o acompanhou. E assim Cipriano foi conduzido ao campo de Sexto. Ali tirou o manto e o capuz, dobrou os joelhos e prostrou-se em oração ao Senhor. Retirou depois a dalmática, entregando-a aos diáconos e ficou de alva de linho e aguardou o carrasco, a quem, quando chegou, mandou que os seus lhe dessem vinte e cinco moedas de ouro. Os irmãos estenderam diante de Cipriano pano de linho e toalha. O bem-aventurado quis vedar os olhos com as próprias mãos. Não conseguindo amarrar as pontas, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano o fizeram.
Deste modo morreu o bem-aventurado Cipriano. Seu corpo, por causa da curiosidade dos pagãos, foi colocado ali perto, de onde, à noite, foi retirado e, com círios e tochas, hinos e em grande triunfo, levado ao cemitério de Macróbio Candidiano, administrador, existente na via Mapaliense, junto das piscinas. Poucos dias depois, morreu o procônsul Galério Máximo.
O mártir santíssimo Cipriano foi morto, no dia décimo oitavo das calendas de outubro, sob Valeriano e Galieno imperadores, reinando, porém, nosso Senhor Jesus Cristo, a quem a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
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Responsório
R. Ao lutarmos pela fé, Deus nos vê, os anjos olham
e o Cristo nos contempla.
* Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus,
e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo.
V. Concentremos nossas forças, para a luta preparemo-nos
com a mente pura e forte, doação, fé e coragem.
* Quanta honra.
Oração
Ó Deus, que em São Cornélio e São Cipriano destes ao vosso povo pastores dedicados e mártires invencíveis, fortificai, por suas preces, nossa fé e coragem, para que possamos trabalhar incansavelmente pela unidade da Igreja.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.
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