Ofício das Leituras da Memória de Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Eterno Sol, que envolveis
a criação de esplendor,
a vós, Luz pura das mentes,
dos corações o louvor.

Pelo poder do Espírito,
lâmpadas vivas brilharam.
Da salvação os caminhos
a todo o mundo apontaram.

Por estes servos da graça
fulgiu com novo esplendor
o que a palavra proclama
e que a razão demonstrou.

Tem parte em suas coroas,
pela doutrina mais pura,
este varão que louvamos
e como estrela fulgura.

Por seu auxílio pedimos:
dai-nos, ó Deus, caminhar
na direção da verdade
e assim a vós alcançar.

Ouvi-nos, Pai piedoso,
e vós, ó Filho, também,
com o Espírito Santo,
Rei para sempre. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força! †

Salmo 17(18),2-30

Ação de graças pela salvação e pela vitória

Na mesma hora aconteceu um grande terremoto (Ap 11,13).

I

2 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, *
3 minha rocha, meu refúgio e Salvador!
= Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, †
minha força e poderosa salvação, *
sois meu escudo e proteção: em vós espero!

4 Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! *
e dos meus perseguidores serei salvo!
5 Ondas da morte me envolveram totalmente, *
e as torrentes da maldade me aterraram;
6 os laços do abismo me amarraram *
e a própria morte me prendeu em suas redes.

7 Ao Senhor eu invoquei na minha angústia *
e elevei o meu clamor para o meu Deus;
– de seu Templo ele escutou a minha voz, *
e chegou a seus ouvidos o meu grito.

Ant. Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força!

Ant. 2 O Senhor me libertou, porque me ama.

II

=8 A terra toda estremeceu e se abalou, †
os fundamentos das montanhas vacilaram *
e se agitaram, porque Deus estava irado.
=9 De seu nariz, fumaça em nuvens se elevou, †
da boca saiu fogo abrasador *
dos seus lábios, carvões incandescentes.

10 Os céus ele abaixou e então desceu *
pousando em nuvens pretas os seus pés.
11 Um querubim o conduzia no seu vôo, *
sobre as asas do vento ele pairava.

12 Das trevas fez um véu para envolver-se, *
escondeu-se em densas nuvens e água escura.
13 No clarão que procedia de seu rosto, *
carvões incandescentes se acendiam.

14 Trovejou dos altos céus o Senhor Deus, *
o Altíssimo fez ouvir a sua voz;
15 e, lançando as suas flechas, dissipou-os, *
dispersou-os com seus raios fulgurantes.

16 Até o fundo do oceano apareceu, *
e os fundamentos do universo foram vistos,
– ante as vossas ameaças, ó Senhor, *
e ao sopro abrasador de vossa ira.

17 Lá do alto ele estendeu a sua mão *
e das águas mais profundas retirou-me;
18 libertou-me do inimigo poderoso *
e de rivais muito mais fortes do que eu.

19 Assaltaram-me no dia da aflição, *
mas o Senhor foi para mim um protetor;
20 colocou-me num lugar bem espaçoso: *
o Senhor me libertou, porque me ama.

Ant. O Senhor me libertou, porque me ama.

Ant. 3 Ó Senhor, fazei brilhar a minha lâmpada!
Ó meu Deus, iluminai as minhas trevas!

III

21 O Senhor recompensou minha justiça *
e a pureza que encontrou em minhas mãos,
22 pois nos caminhos do Senhor eu caminhei, *
e de meu Deus não me afastei por minhas culpas.

23 Tive sempre à minha frente os seus preceitos, *
e de mim não afastei sua justiça.
24 Diante dele tenho sido sempre reto *
e conservei-me bem distante do pecado.
25 O Senhor recompensou minha justiça *
e a pureza que encontrou em minhas mãos.

26 Ó Senhor, vós sois fiel com o fiel, *
sois correto com o homem que é correto;
27 sois sincero com aquele que é sincero, *
mas arguto com o homem astucioso.
28 Pois salvais, ó Senhor Deus, o povo humilde, *
mas os olhos dos soberbos humilhais.

29 Ó Senhor, fazeis brilhar a minha lâmpada; *
ó meu Deus, iluminais as minhas trevas.
30 Junto convosco eu enfrento os inimigos, *
com vossa ajuda eu transponho altas muralhas.

Ant. Ó Senhor, fazei brilhar a minha lâmpada!
Ó meu Deus, iluminai as minhas trevas!

V. todos se admiravam das palavras

R. Cheias de graça que saíam de seus bios.

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Jeremias             2,1-13.20-23.25

Infidelidade do povo de Deus

1 A palavra do Senhor foi-me dirigida, dizendo:

2 “Vai e grita aos ouvidos de Jerusalém.

Isto diz o Senhor:

Lembro-me de ti, da afeição da jovem,

do amor da noiva,

de quando me seguias no deserto,

numa terra inculta.

3 Israel, consagrado ao Senhor,

era como as primícias de sua colheita;

todos os que dele comiam, pecavam;

males caíam sobre eles”,

diz o Senhor.

4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó

e todas as famílias da casa de Israel.

5 Isto diz o Senhor:

“Que maldade acharam em mim vossos pais

para se afastarem de mim

e correrem atrás da falsidade

e se tornarem falsos?

6 Não disseram eles: ‘Onde está o Senhor,

que nos fez sair da terra do Egito,

que nos fez atravessar o deserto,

terras inóspitas e intransitáveis,

terras sem água, poeirentas,

terras onde ninguém morou,

onde não houve povoações?’

7 Eu vos introduzi numa terra de pomares,

para que gozásseis de seus melhores produtos,

mas, apenas chegados, contaminastes o país

e tornastes abominável minha herança.

8 Os sacerdotes nem perguntaram onde está o Senhor.

Os versados na Lei não me reconheceram,

e os chefes do povo voltaram-me as costas,

os profetas profetizaram em nome de Baal

e correram atrás de coisas que para nada servem.

9 Por isso tenho ainda que discutir convosco,

diz o Senhor,

e disputarei com os filhos de vossos filhos.

10 Passai às cidades de Cetim e vede,

tomai contato com Cedar, tentai com esforço

saber se assim aconteceu:

11 se o povo mudou seus deuses,

e saber que de fato esses não são deuses;

pois o meu povo transformou sua glória

em algo que para nada serve.

12 Ó céus, espantai-vos diante disso,

enchei-vos de grande horror, diz o Senhor.

13 Dois pecados cometeu meu povo:

abandonou-me a mim, fonte de água viva,

e preferiu cavar cisternas,

cisternas defeituosas

que não podem reter água.

20 Não é de hoje que quebraste o jugo

e rompeste as amarras

e disseste: ‘Não quero sujeitar-me’.

No alto de qualquer colina

e debaixo de qualquer árvore frondosa,

lá estavas entregando-te à prostituição.

21 Entretanto,és a vinha escolhida que eu plantei,

toda da mais legítima cepa;

como então degeneraste

em rebentos de videira agreste?

22 Ainda que te laves com potassa

e te cubras com folhame de ervas,

perante mim estás manchada pelo teu pecado,

diz o Senhor Deus.

23 Como ainda dizes:

‘Não estou manchada,

não segui a religião dos Baals?’

Vê tuas andanças no Vale,

pensa no que lá fizeste:

eras um camelo novo que anda sem rumo.

25 Não te deixes ficar com pés descalços

nem com a garganta seca.

Disseste: ‘É inútil falar,

não o farei de modo algum;

de fato, gosto de estrangeiros

e gosto de freqüentá-los’”.

Responsório Jr 2,21; Mt 21,43; Is 5,7b

R. Eu mesmo te plantei, como vinha excelente
de mudas escolhidas;
como, pois, aconteceu que te tornaste para mim
um sarmento tão bastardo, uma vinha tão selvagem?
* Por isso o reino de Deus será tirado de vós
e será dado a um povo, que produza seus frutos.
V. Esperava o direito e veio a iniquidade;
esperava a justiça, e eis os gritos por socorro.
* Por isso.
para todos invocarem o nome do Senhor. * E o resto.

Segunda leitura

Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo

(Lib. 7,10.18;10,27: CSEL 33,157-163.255)                (Séc.V)

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade!

Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz terena e evidente para todo ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz. 

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: “Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim”. 

E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1,14), para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste. 

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.

Responsório

R. Ó luz e verdade do meu coração,
que as trevas em mim não gritem mais alto!
* Errei, mas voltei, lembrei-me de vós.
Eis que volto à fonte, cansado e sedento.
V. Não sou eu minha vida, pois por mim vivi mal;
mas em vós eu renasço. * Errei.


Oração

Renovai, ó Deus, na vossa Igreja aquele espírito com o qual cumulastes o bispo Santo Agostinho para que, repletos do mesmo espírito, só de vós tenhamos sede, fonte da verdadeira sabedoria, e só a vós busquemos, autor do amor eterno. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.


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