Ofício das Leituras da Memória de Nossa Senhora das Dores


V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

De pé a Mãe dolorosa,
junto da cruz, lacrimosa,
via Jesus que pendia.

No coração transpassado
sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.

Mãe entre todas bendita,
do Filho único, aflita,
à imensa dor assistia.

E, suspirando, chorava,
e da cruz não se afastava,
ao ver que o Filho morria.

Pobre mãe, tão desolada,
ao vê-la assim transpassada,
quem de dor não choraria?

Quem na terra há que resista,
se a mãe assim se contrista
ante uma tal agonia?

Para salvar sua gente,
eis que seu Filho inocente
suor e sangue vertia.

Na cruz por seu Pai chamando,
vai a cabeça inclinando,
enquanto escurece o dia.

Quando chegar minha hora,
dai-me, Jesus, sem demora,
a intercessão de Maria.

Salmodia

Ant. 1 Estou cansado de gritar e de esperar pelo meu Deus.

Salmo 68(69), 2-22.30-37

O zelo pela vossa casa me devora

Deram vinho misturado com fel para Jesus beber (Mt 27,34).

I

2 Salvai-me, ó meu Deus, porque as águas *
a o meu pescoço já chegaram!
3 Na lama do abismo eu me afundo *
e não encontro um apoio para os pés.
– Nestas águas muito fundas vim cair, *
e as ondas já começam a cobrir-me!

4 À força de gritar, estou cansado; *
minha garganta já ficou enrouquecida.
– Os meus olhos já perderam sua luz, *
de tanto esperar pelo meu Deus!

5 Mais numerosos que os cabelos da cabeça, *
são aqueles que me odeiam sem motivo;
– meus inimigos são mais fortes do que eu; *
contra mim eles se voltam com mentiras!

– Por acaso poderei restituir *
alguma coisa que de outros não roubei?
6 Ó Senhor, vós conheceis minhas loucuras, *
e minha falta não se esconde a vossos olhos.

7 Por minha causa não deixeis desiludidos *
os que esperam sempre em vós, Deus do universo!
– Que eu não seja a decepção e a vergonha *
dos que vos buscam, Senhor Deus de Israel!

8 Por vossa causa é que sofri tantos insultos, *
e o meu rosto se cobriu de confusão;
9 eu me tornei como um estranho a meus irmãos, *
como estrangeiro para os filhos de minha mãe.

10 Pois meu zelo e meu amor por vossa casa *
me devoram como fogo abrasador;
– e os insultos de infiéis que vos ultrajam *
recaíram todos eles sobre mim!

11 Se aflijo a minha alma com jejuns, *
fazem disso uma razão para insultar-me;
12 se me visto com sinais de penitência, *
eles fazem zombaria e me escarnecem!
13 Falam de mim os que se assentam junto às portas, *
sou motivo de canções, até de bêbados!

Ant. Estou cansado de gritar e de esperar pelo meu Deus.

Ant. 2 Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre.

II

14 Por isso elevo para vós minha oração, *
neste tempo favorável, Senhor Deus!
– Respondei-me pelo vosso imenso amor, *
pela vossa salvação que nunca falha!

=15 Retirai-me deste lodo, pois me afundo! †
Libertai-me, ó Senhor, dos que me odeiam, *
e salvai-me destas águas tão profundas!
=16 Que as águas turbulentas não me arrastem, †
não me devorem violentos turbilhões, *
nem a cova feche a boca sobre mim!

17 Senhor, ouvi-me, pois suave é vossa graça, *
ponde os olhos sobre mim com grande amor!
18 Não oculteis a vossa face ao vosso servo! *
Como eu sofro! Respondei-me bem depressa!
19 Aproximai-vos de minh’alma e libertai-me, *
apesar da multidão dos inimigos!

=20 Vós conheceis minha vergonha e meu opróbrio, †
minhas inrias, minha grande humilhação; *
os que me afligem estão todos ante vós!
21 O insulto me partiu o coração; *
não suportei, desfaleci de tanta dor!

= Eu esperei que alguém de mim tivesse pena, †
mas foi em vão, pois a ninguém pude encontrar; *
procurei quem me aliviasse e não achei!
22 Deram-me fel como se fosse um alimento, *
em minha sede ofereceram-me vinagre!

Ant. Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre.

Ant. 3 Procurai o Senhor continuamente,
e o vosso coração revive.

III

30 Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! *
Que vosso aulio me levante, Senhor Deus!
31 Cantando eu louvarei o vosso nome *
e agradecido exultarei de alegria!
32 Isto se mais agradável ao Senhor, *
que o sacricio de novilhos e de touros.

=33 Humildes, vede isto e alegrai-vos: †
vosso coração reviverá, *
se procurardes o Senhor continuamente!

34 Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, *
e não despreza o clamor de seus cativos.
35 Que céus e terra glorifiquem o Senhor *
com o mar e todo ser que neles vive!

=36 Sim, Deus vi e salvará Jerusalém, †
reconstruindo as cidades de Judá, *
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
=37 A descendência de seus servos há de herdá-las, †
e os que amam o santo nome do Senhor *
dentro delas fixarão sua morada!

Ant. Procurai o Senhor continuamente,
e o vosso coração revive.

V. O Senhor há de ensinar-nos seus caminhos.
R. E trilharemos, todos nós, suas veredas.

Primeira leitura

Do Livro das Lamentações             3,1-33

Lamentação e esperança 

1 Sou um homem que vejo a minha miséria,
como punição da ira de Deus.
2 Ele me levou a caminhar
nas trevas, e não na luz.
3 Somente contra mim
não cessa de levantar a mão
o dia inteiro.
4 Destruiu minha pele e minha carne,
quebrou os meus ossos.
5 Ocupou minha vizinhança
e rodeou-me de fel e de aflição.
6 Fez-me habitar na escuridão,
como fez aos que estão mortos para sempre.
7 Cercou-me de muros para eu não escapar,
reforçou minhas algemas.
8 Mesmo que eu clame e rogue,
ele rejeita minha oração.
 Fechou meu caminho com pedras,
obstruiu minha passagem.
10 Tornou-se para mim um urso de tocaia,
um leão escondido.
11 Obstruiu, sim, meu caminho e me abateu,
deixou-me arrasado.
12 Retesou o arco e me pôs
como alvo de suas flechas.
13 Cravou-me nos rins
as flechas de sua aljava.
14 Tornei-me o gracejo de todo o povo,
sua cantiga de todo dia.
15 Encheu-me de amargura,
embriagou-me com absinto.
16 Quebrou-me os dentes com cascalho,
cobriu-me de cinza.
17 Minha vida distanciou-se da paz,
estou esquecido de seus bens.
18 Disse para mim mesmo:
“Acabou-se o meu vigor,
minha esperança ausentou-se do Senhor”.
19 Lembra-te de minha miséria e de meus extravios,
amargos como fel e absinto.
20 Remorde-me a memória,
vai-se consumindo a minh’alma.
21 Revolverei essas coisas no espírito,
por isso continuo esperando.
22 É pela bondade do Senhor que não fomos destruídos,
não se esgotou a sua misericórdia;
23 cada manhã ela se renova;
grande é tua fidelidade, Senhor.
24 Diz minh’alma: “O Senhor é minha herança,
por isso, espero por ele”.
25 O Senhor é bondoso para quem nele confia,
para a alma que o procura.
26 É bom aguardar em silêncio
a salvação que vem de Deus.
27 É bom para o homem sofrer o jugo
na sua mocidade.
28 Quando isto lhe é imposto,
queda-se em solidão e em silêncio.
29 Deita-se com o rosto no chão,
implorando a esperança.
30 Oferece o rosto a quem o espanca,
sacia-se de opróbrios.
31 É certo que o Senhor a ninguém
repele para sempre.
32 Se ele aflige, também se compadece
com infinitos gestos de misericórdia.
33Humilhar e afligir os homens
não procede do seu coração.

Responsório             Lm 3,52.54b.56a.57b.58; At 21,13b

R. Os que são meus inimigos me prenderam sem motivo;
e eu disse a mim mesmo: Estou perdido, ó Senhor!
Mas ouvistes minha voz
* E dissestes: Não receies!
Defendestes minha causa, Redentor da minha vida.
V. Estou pronto não apenas para ser encarcerado,
mas também para morrer pelo nome de Jesus.
* E dissestes.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo in dom. infra oct. Asumptionis,14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274)

(Séc.XII)

Estava sua mãe junto à cruz

O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35).

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal. E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?

 Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.

Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.

Responsório Lc 23,33; cf. Jo 19,25; cf. Lc 2,35

R. Após chegar ao lugar que é chamado Calvário,
crucificaram Jesus.
* Junto à Cruz de Jesus estava, em pé, sua Mãe.
V. Uma espada de dor, então, transpassou o seu coração.
* Junto à cruz.

Oração

Ó Deus, quando o vosso Filho foi exaltado, quisestes que sua Mãe estivesse de pé junto à cruz, sofrendo com ele. Dai à vossa Igreja, unida a Maria na paixão de Cristo, participar da ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.


Comments

2 respostas para “Ofício das Leituras da Memória de Nossa Senhora das Dores”

  1. Avatar de Geraldo Corrêa Filho
    Geraldo Corrêa Filho

    Ao ver sua Mãe

    Simeão disse a Maria: Teu filho será causa de queda e de ressurreição para muitos. Ele será sinal de contradição e teu coração será transpassado como por uma espada (Lc 2,34s).

    Oração do dia
    Ó Deus, quando o vosso filho foi exaltado, quisestes que sua mãe estivesse de pé, junto à cruz, sofrendo com ele. Dai à vossa Igreja, unida a Maria na paixão de Cristo, participar da ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

    ‘ “Mulher, este é o teu filho”. ‘

    https://padrepauloricardo.org/episodios/sim-ela-e-corredentora

  2. Avatar de marcelo da rocha bruno
    marcelo da rocha bruno

    Oh ! Maria, ajudai-me a chegar ao Vosso Filho e sempre lembrar-me do Vosso Amor!

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