Olá, queridos irmãos e irmãs, mais um dia estamos aqui, buscando na meditação da Palavra, aprofundar nosso encontro pessoal com o Senhor a cada dia.
Pela Lectio Divina buscamos não apenas rezar com a Palavra, mas deixar que ela nos transforme completamente, até nos tornarmos, de fato, uma carta de Deus, escrita não com tinta, mas com o Espírito Santo.
Seguimos no Evangelho de São Lucas 9,43b-45:
Naquele tempo:
43bTodos estavam admirados
com todas as coisas que Jesus fazia.
Então Jesus disse a seus discípulos:
44‘Prestai bem atenção às palavras que vou dizer:
O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.’
45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia.
O sentido lhes ficava escondido,
de modo que não podiam entender;
e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
O Evangelho de hoje dá ênfase a uma parte importante do ensinamento de Jesus a seus discípulos. Ele insiste em falar da sua paixão, pois o discípulos, como todos, estavam extasiados com tudo que estavam vendo. Mas essa parte do que Jesus dizia, os discípulos teimavam em não compreender. Alguma barreira de entendimento era criada. Tinham medo até de perguntar sobre o assunto.
Nos perguntamos porque isso acontecia? Conhecemos a história. Quando Jesus é condenado e morto, os discípulos ficam atordoados e se dispersam. Até mesmo nos eventos após a ressurreição vemos que estavam ainda incrédulos. Mesmo tendo sido alertados por Jesus do que iria acontecer.
O fato é que os discípulos estavam tão maravilhados com a figura do Cristo de Deus que não queriam aceitar o Servo sofredor das profecias de Isaías, que Jesus tentava lembrar. Até os últimos momentos antes da paixão e até mesmo depois da ressurreição vemos os discípulos se referindo a Jesus como o Messias político, que reinaria sobre a nação. Por serem parte do povo de Israel, com certeza conheciam as profecias sobre o Messias que viria para salvar seu povo. Esse Messias estava ali diante deles. Não era possível imaginar qualquer humilhação que ele pudesse passar.
Pode ser até mesmo que Judas tenha entregado Jesus por ter certeza que nada o aconteceria… Já o tinha visto acalmar tempestades, andar sobre as águas, multiplicar pães, ressuscitar mortos. O que poderia lhe acontecer? Ele era o Cristo de Deus, o libertador de Israel!
Mas Jesus mostra que sua humilhação e sofrimento era parte do plano desde o início.
MEDITATIO
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina:
Numerosos judeus, e mesmo alguns pagãos que partilhavam da sua esperança, reconheceram em Jesus os traços fundamentais do messiânico «filho de David», prometido por Deus a Israel. Jesus aceitou o título de Messias a que tinha direito, mas não sem reservas, uma vez que esse título era compreendido, por numerosos dos seus contemporâneos, segundo um conceito demasiado humano, essencialmente político.
Jesus aceitou a profissão de fé de Pedro, que O reconhecia como o Messias, anunciando a paixão próxima do Filho do Homem. Revelou o conteúdo autêntico da sua realeza messiânica, ao mesmo tempo na identidade transcendente do Filho do Homem «que desceu do céu» (Jo 3, 13) e na sua missão redentora como Servo sofredor: «O Filho do Homem […] não veio para ser servido, veio para servir e dar a vida como resgate pela multidão» (Mt 20, 28). Foi por isso que o verdadeiro sentido da sua realeza só se manifestou do cimo da cruz. (CIC, 439-440)
…
Quantas vezes nós também, assim como os discípulos, desenhamos o Cristo à nossa própria imagem? Aceitamos o Cristo glorioso, com seus milagres e suas curas. Aceitamos também o Cristo crucificado, com suas chagas e sua morte? Nós o reconhecemos nas dores da vida? Sempre encaramos a humilhação e sofrimento como derrota? Enxergamos o Cristo naqueles que sofrem? Consideramos o plano de Deus em tudo que nos acontece? Ou só lembramos dele nos momentos de alegria? Estamos dispostos a entender que os sofrimentos do tempo presente podem nos unir à paixão do Senhor e sua glória?
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