Olá, Caríssimos amigos, irmãos e irmãs que rezam conosco a Liturgia das Horas Online, gostaria de propor um acréscimo importante para nossa oração diária que é a Lectio Divina. A Liturgia das Horas já contém o grandiosíssimo tesouro da Palavra de Deus, constante principalmente dos salmos, além das leituras e dos ensinamentos da Sagrada Tradição. Mas queremos aprofundar ainda mais a nossa oração, indo buscar na meditação aquele encontro de intimidade com o Deus Verbo.
Nossa proposta não é apresentar uma explicação do texto sagrado, pois acreditamos que o encontro com a Divina Lectio é pessoal, à semelhança da Samaritana no poço de Jacó. Queremos apenas iluminar alguns cenários, propor questionamentos, analogias, mas que cada um possa falar e ouvir o Senhor através do texto, num íntimo diálogo…
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O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós. Que nós, pela meditação do Verbo, nos transformemos na própria Palavra viva e habitemos em Deus.
1. Lectio.
Evangelho – Mt 9,9-1
Naquele tempo:
9Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus,
sentado na coletoria de impostos,
e disse-lhe: “Segue-me!”
Ele se levantou e seguiu a Jesus.
10Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus,
vieram muitos cobradores de impostos e pecadores
e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.
11Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos
discípulos: “Por que vosso mestre come
com os cobradores de impostos e pecadores?”
12Jesus ouviu a pergunta e respondeu:
“Aqueles que têm saúde não precisam de médico,
mas sim os doentes.
13Aprendei, pois, o que significa:
‘Quero misericórdia e não sacrifício’.
De fato, eu não vim para chamar os justos,
mas os pecadores”.
Hoje, Festa de São Mateus, o Evangelho do dia nos traz a narração do encontro de Jesus com o futuro apóstolo e evangelista.
Essa passagem é dividida em duas cenas:
Na primeira vemos o encontro de Jesus com Mateus, que estava exercendo seu ofício de cobrador de impostos em sua coletoria. Sabemos, por essa e outras passagens que os cobradores de impostos, também chamados de “publicanos” não eram bem vistos na sociedade judaica por cobrarem impostos abusivos em nome do império Romano. Jesus o chama “Segue-me!” O publicano, que estava sentado, levanta-se de onde estava e passa a seguir Jesus.
Na cena seguinte, encontramos Jesus e os discípulos à mesa, na casa de Mateus e, com eles, os amigos de Mateus, cobradores de impostos e outras pessoas de péssima reputação. Aparecem então os fariseus, que eram os “religiosos daquela época”, que parecem seguir Jesus por todo canto, não para aprender com ele, mas para tentar encontrar algo digno de censura. E parecem encontrar, pois criticam Jesus por estar se reunindo com gente de má vida.
Mas Jesus não se desculpa, ao contrário, confirma que é ali mesmo que ele deveria estar, e responde com uma metáfora: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes”, contextualiza com a profecia de Oséias (Os 6,6): “Quero misericórdia e não sacrifício” e arremata afirmando sua missão junto aos pecadores e não junto aos que se consideram justos.
2. Meditatio
Entre tantas outras coisas podemos nos perguntar:
Com quais personagens nos identificamos nestas cenas do evangelho que nos são apresentadas hoje?
Somos como o publicano corrupto que encontra-se com o Senhor e muda de vida? Ou somos os amigos dele que tem também a oportunidade desse encontro com Deus? Somos a voz que convida o pecador a seguir o Cristo? Ou nós somos como o discípulo que acompanhava o seu Mestre e que aprendia com sua palavra e seu exemplo? Ou, na verdade, somos um fariseu, que se julga justo e cumpridor da Lei e que considera indigno tanto o pecador quanto quem está em sua companhia?
Jesus proclama a Mateus: SEGUE-ME!: Somos, hoje, capazes de abandonar o que estamos fazendo, nossos projetos, nossos lucros, nossos sonhos para atender a um chamado específico de Jesus?
Há em nossa volta pessoas que consideramos de “má vida”? Costumamos sentar-nos com elas ou as desprezamos?
Encerro com um belíssimo trecho extraído das Homilias de São Beda Venerável, presbítero, que está hoje no Ofício das Leituras da Festa de São Mateus:
Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à banca de impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt 9,9). Viu-o não tanto com os olhos corporais quanto com a vista da íntima compaixão. Viu o publicano, dele se compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então: Segue-me. Segue, quis dizer, imita; segue, quis dizer, não tanto pelo andar dos pés, quanto pela realização dos atos. Pois quem diz que permanece em Cristo, deve andar como ele andou (1Jo 2,6).
E levantando-se, o seguiu (Mt 9,9). Não é de admirar que o publicano, ao primeiro chamado do Senhor, tenha abandonado os lucros terrenos de que cuidava e, desprezando a opulência, aderisse aos seguidores daquele que via não possuir riqueza alguma. Pois o próprio Senhor que o chamara exteriormente com a palavra, interiormente lhe ensinou por instinto invisível a segui-lo, infundindo em seu espírito a luz da graça espiritual. Com esta compreenderia que quem o afastava dos tesouros temporais podia dar-lhe nos céus os tesouros incorruptíveis.
E aconteceu que, estando ele em casa, muitos publicanos e pecadores vieram e puseram-se à mesa com Jesus e seus discípulos (Mt 9,10). A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores o exemplo da penitência e do perdão. Belo e verdadeiro prenúncio! Aquele que seria apóstolo e doutor dos povos, logo no primeiro encontro arrasta após si para a salvação um grupo de pecadores. Assim inicia o ofício de evangelizar desde os primeiros começos de sua fé aquele que viria a realizar este ofício plenamente com o merecido progresso das virtudes.
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