Sexta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum

 Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Dia de ira, aquele dia,
será tudo cinza fria:
diz Davi, diz a Sibila.

Que temor será causado,
quando o Juiz tiver chegado,
para tudo examinar!

Correrão todos ao trono
quando, em meio ao eterno sono,
a trombeta ressoar.

Morte e mundo se espantam,
criaturas se levantam
e ao Juiz responderão.

Vai um livro ser trazido,
no qual tudo está contido,
onde o mundo está julgado.

Quando Cristo se sentar,
o escondido vai brilhar,
nada vai ficar impune.

Vós, ó Deus de majestade,
vivo esplendor da Trindade,
entre os eleitos nos contai.

Salmodia

Ant. 1 Repreendei-me, Senhor, mas sem ira! †

Salmo 37(38)

Súplica de um pecador em extremo perigo

Todos os conhecidos de Jesus ficaram à distância (Lc 23,49).

I

2 Repreendei-me, Senhor, mas sem ira; *
† corrigi-me, mas não com furor!

3 Vossas flechas em mim penetraram; *
vossa mão se abateu sobre mim.
4 Nada resta de são no meu corpo, *
pois com muito rigor me tratastes!

– Não há parte sadia em meus ossos, *
pois pequei contra vós, ó Senhor!
5 Meus pecados me afogam e esmagam, *
como um fardo pesado me oprimem.

Ant. Repreendei-me, Senhor, mas sem ira!

Ant. 2 Conheceis meu desejo, Senhor.

II

6 Cheiram mal e supuram minhas chagas *
por motivo de minhas loucuras.
7 Ando triste, abatido, encurvado, *
todo o dia afogado em tristeza.

8 As entranhas me ardem de febre, *
já não  parte sã no meu corpo.
9 Meu coração grita e geme de dor, *
esmagado e humilhado demais.

10 Conheceis meu desejo, Senhor, *
meus gemidos vos são manifestos;
=11 bate pido o meu coração, †
minhas forças estão me deixando, *
e sem luz os meus olhos se apagam.

=12 Companheiros e amigos se afastam, †
fogem longe das minhas feridas; *
meus parentes mantêm-se à distância.

13 Armam laços os meus inimigos, *
que procuram tirar minha vida;
– os que buscam matar-me ameaçam *
e maquinam traições todo o dia.

Ant. Conheceis meu desejo, Senhor.

Ant. 3 Confesso, Senhor, minha culpa:
salvai-me, e jamais me deixeis!

III

14 Eu me faço de surdo e não ouço, *
eu me faço de mudo e não falo;
15 semelhante a alguém que não ouve *
e não tem a resposta em sua boca.

16 Mas, em vós, ó Senhor, eu confio, *
e ouvireis meu lamento, ó meu Deus!
17 Pois rezei: “Que não zombem de mim, *
nem se riam, se os pés me vacilam!”

18 Ó Senhor, estou quase caindo, *
minha dor não me larga um momento!
19 Sim, confesso, Senhor, minha culpa: *
meu pecado me aflige e atormenta.

=20 São bem fortes os meus adversários †
que me vêm atacar sem razão; *
quantos  que sem causa me odeiam!
21 Eles pagam o bem com o mal, *
porque busco o bem, me perseguem.

22 Não deixeis vosso servo sozinho, *
ó meu Deus, ficai perto de mim!
23 Vinde logo trazer-me socorro, *
porque sois para mim Salvação!

Ant. Confesso, Senhor, minha culpa:
salvai-me, e jamais me deixeis!

V. Os meus olhos se gastaram de esperar-vos
R. E de aguardar vossa justiça e salvação.

Primeira leitura

Da Segunda Carta de São Pedro             3,1-18

Exortação à espera da vinda do Senhor

Caríssimos, esta é a segunda carta que vos escrevo, para despertar em vós, pela recordação, um espírito sincero. 2Lembrai-vos das palavras preditas pelos santos profetas, bem como dos preceitos do Senhor e Salvador, que os apóstolos vos anunciaram. 3Antes de mais nada, deveis saber que, nos últimos dias, aparecerão zombadores com suas zombarias, levando a vida conforme suas paixões. 4Eles dizem: “Onde ficou a promessa da sua vinda? Desde a morte de nossos pais tudo permanece como no princípio da criação!” 5Voluntariamente desconhecem que desde antigamente existia o céu e que a terra, que a palavra de Deus fez surgir da água, que pela água é sustentada, 6e que pelos mesmos elementos o mundo de então pereceu, afogado pelas águas. 7O céu e a terra de hoje estão sendo reservados, pela mesma palavra, para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios.

Ora, uma coisa vós não podeis desconhecer, caríssimos: para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. 9O Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Ele está usando de paciência para convosco. Pois não deseja que alguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se. 10O dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus acabarão com barulho espantoso; os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão, e a terra será consumida com tudo o que nela se fez.

11 Se deste modo tudo se vai desintegrar, qual não deve ser o vosso empenho numa vida santa e piedosa, 12enquanto esperais com anseio a vinda do Dia de Deus, quando os céus em chama se vão derreter,e os elementos, consumidos pelo fogo, se fundirão? 13O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça.

14 Caríssimos, vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz. 15Considerai também como salvação a longanimidade de nosso Senhor. Isto já vos escreveu nosso amado irmão Paulo, segundo a sabedoria que lhe foi dada. 16Ele trata disto também em todas as suas cartas, se bem que nelas se encontram algumas coisas difíceis, que homens sem instrução e inconstantes deformam, para a sua própria perdição, como, aliás, fazem com as demais Escrituras.

17 Vós, portanto, bem-amados, sabendo disto com antecedência, precavei-vos, para não suceder que,levados pelo engano destes ímpios, percais a própria firmeza. 18Antes procurai crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, desde agora, até ao dia da eternidade. Amém.

Responsório Is 65,17a.18; Ap 21,5a

R. Novos céus e nova terra criarei
e tereis uma alegria sempiterna
com aquilo que estou para criar:
* Eis que agora eu faço novas as coisas todas.
V. Eu crio alegria para Sião e para o seu povo regozijo.
* Eis que agora.

Segunda leitura

Do tratado sobre a morte, de São Cipriano, bispo e mártir

(Cap.18.24.26:CSEL3,308.312-314)            (Séc.III)

Superemos o pavor da morte
com o pensamento da imortalidade

Lembremo-nos de que devemos fazer a vontade de Deus e não a nossa, de acordo com a oração que o Senhor ordenou ser rezada diariamente. Que coisa mais fora de propósito, mais absurda: pedimos que a vontade de Deus seja feita e quando ele nos chama e nos convida a deixar este mundo, não obedecemos logo à sua ordem! Resistimos, relutamos e, quais escravos rebeldes, somos levados cheios de tristeza à presença de Deus, saindo daqui constrangidos pela necessidade, não por vontade dócil. E ainda queremos ser honrados com os prêmios celestes a que chegamos de má vontade. Por que então oramos e pedimos que venha o reino dos céus, se o cativeiro terreno nos encanta? Por que, com preces frequentemente repetidas, suplicamos que se apresse o dia do reino, se maior desejo e mais forte vontade são servir aqui ao demônio do que reinar com Cristo?

Se o mundo odeia o cristão, por que tu o amas, a ele que te aborrece, e não preferes seguir a Cristo que te remiu e te ama? João em sua carta clama, fala e exorta a que não amemos o mundo, deixando-nos levar pelos desejos da carne: Não ameis o mundo nem o que é do mundo. Quem ama o mundo não tem em si a caridade do Pai; porque tudo quanto é do mundo é concupiscência dos olhos e ambição temporal. O mundo passará e sua concupiscência; quem, porém, fizer a vontade de Deus, permanecerá eternamente (cf. 1Jo 2,15-17). Ao contrário, tenhamos antes, irmãos diletos, íntegro entendimento, fé firme, virtude sólida, preparados para qualquer desígnio de Deus. Repelido o pavor da morte, pensemos na imortalidade que se lhe seguirá. Com isso, manifestamos ser aquilo que acreditamos. Irmãos caríssimos, importa meditar e pensar amiúde em que já renunciamos ao mundo e vivemos aqui provisoriamente como peregrinos e hóspedes. Abracemos o dia que designará a cada um sua morada, restituindo-nos ao paraíso e ao reino, uma vez arrebatados daqui e quebrados os laços terrenos. Qual o peregrino que não se apressa em voltar à pátria? Nossa pátria é o paraíso. O grande número de nossos queridos ali nos espera: pais, irmãos, filhos. Deseja estar conosco para sempre a grande multidão já segura de sua salvação, ainda solícita pela nossa. Quanta alegria para eles e para nós chegarmos nós até eles e a seu abraço! Que prazer estar ali, no reino celeste, sem medo da morte, tendo a vida para sempre! Que imensa e inesgotável felicidade!

Lá, o glorioso coro dos apóstolos; lá, o exultante grupo dos profetas; lá, o incontável povo dos mártires coroados de glória e de triunfo pelos combates e sofrimentos; lá as virgens vitoriosas, que pelo vigor da continência corporal subjugaram a concupiscência da carne;lá remunerados os misericordiosos, que pelos alimentos e liberalidades aos pobres fizeram obras de justiça, e, observando o preceito do Senhor, transferiram seu patrimônio terreno para os tesouros celestes. Para lá, irmãos caríssimos, corramos com ávida sofreguidão. Que Deus considere este nosso modo de pensar! Que Cristo olhe este propósito do espírito e da fé! Os maiores prêmios de sua caridade ele os dará àquele, cujos desejos forem intensos.

Responsório         Fl 3,20-21a; Cl 3,4

R. A nossa cidade é nos céus de onde também esperamos
o Cristo Jesus, Senhor nosso,
* Que mudará o nosso corpo humilhado,
conformando-o a seu corpo glorioso.
V. Quando Cristo, nossa vida, aparecer,
então vós também sereis manifestados,
com ele tendo parte em sua glória. * Que mudará.

Oração

Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.