Ofício das Leituras do 22º Domingo do Tempo Comum



V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:

Cantemos todos este dia,
no qual o mundo começou,
no qual o Cristo ressurgido
da morte eterna nos salvou.

Já o profeta aconselhava
buscar de noite o Deus da luz.
Deixando pois o nosso sono,
vimos em busca de Jesus.

Que ele ouça agora a nossa prece,
tome a ovelhinha em sua mão,
leve o rebanho pela estrada
que nos conduz à salvação.

Eis que o esperamos vigilantes,
cantando à noite o seu louvor:
vem de repente como esposo,
como o ladrão, como o senhor.

Ao Pai eterno demos glória,
ao Unigênito também;
a mesma honra eternamente
ao seu Espírito convém.

II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:

Santo entre todos, já fulgura
o dia oitavo, resplendente,
que consagrais em vós, ó Cristo,
vós, o primeiro dos viventes.

Às nossas almas, por primeiro,
vinde trazer ressurreição,
e da segunda morte livres,
os nossos corpos surgirão.

Ao vosso encontro, sobre as nuvens,
em breve, ó Cristo, nós iremos.
Ressurreição e vida nova,
convosco sempre viveremos.

Dai-nos, à luz da vossa face,
participar da divindade,
vos conhecendo como sois,
Luz, verdadeira suavidade.

Por vós entregues a Deus Pai,
que seu Espírito nos dá,
à perfeição da caridade
o Trino Deus nos levará.

Salmodia

Ant. 1 Todos os dias haverei
de bendizer-vos, ó Senhor. Aleluia.

Salmo 144(145)

Louvor à grandeza de Deus

Justo és tu, Senhor, aquele que é e que era, o Santo (Ap 16,5).

I

1 Ó meu Deus, quero exaltar-vos, ó meu Rei, *
e bendizer o vosso nome pelos séculos.

2 Todos os dias haverei de bendizer-vos, *
hei de louvar o vosso nome para sempre.
3 Grande é o Senhor e muito digno de louvores, *
e ninguém pode medir sua grandeza.

4 Uma idade conta à outra vossas obras *
e publica os vossos feitos poderosos;
5 proclamam todos o esplendor de vossa glória *
e divulgam vossas obras portentosas!

6 Narram todos vossas obras poderosas, *
e de vossa imensidade todos falam.
7 Eles recordam vosso amor tão grandioso *
e exaltam, ó Senhor, vossa justiça.

8 Misericórdia e piedade é o Senhor, *
ele é amor, é paciência, é compaixão.
9 O Senhor é muito bom para com todos, *
sua ternura abraça toda criatura.

Ant. Todos os dias haverei
de bendizer-vos, ó Senhor. Aleluia.


Ant. 2 O vosso reino, ó Senhor, é para sempre. Aleluia.

II

10 Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, *
e os vossos santos com louvores vos bendigam!
11 Narrem a glória e o esplendor do vosso reino *
saibam proclamar vosso poder!

12 Para espalhar vossos prodígios entre os homens *
e o fulgor de vosso reino esplendoroso.
13 O vosso reino é um reino para sempre, *
vosso poder, de geração em geração.

Ant. O vosso reino, ó Senhor, é para sempre. Aleluia.


Ant. 3 O Senhor é amor fiel em sua palavra,
é santidade em toda obra que ele faz. Aleluia. †

III

13b O Senhor é amor fiel em sua palavra, *
é santidade em toda obra que ele faz.
14 † Ele sustenta todo aquele que vacila *
e levanta todo aquele que tombou.

15 Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam *
e vós lhes dais no tempo certo o alimento;
16 vós abris a vossa mão prodigamente *
e saciais todo ser vivo com fartura.

17 É justo o Senhor em seus caminhos, *
é santo em toda obra que ele faz.
18 Ele está perto da pessoa que o invoca, *
de todo aquele que o invoca lealmente.

19 O Senhor cumpre os desejos dos que o temem, *
ele escuta os seus clamores e os salva.
20 O Senhor guarda todo aquele que o ama, *
mas dispersa e extermina os que são ímpios.

=21 Que a minha boca cante a glória do Senhor †
e que bendiga todo ser seu nome santo *
desde agora, para sempre e pelos séculos.

Ant. O Senhor é amor fiel em sua palavra,
é santidade em toda obra que ele faz. Aleluia.


V. Meu filho, ouve minhas palavras.
R. Presta ouvido a meus conselhos!

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Oséias 11,1-11

A misericórdia de Deus é infinita

 Eis o que diz o Senhor:
1 “Quando Israel era criança, eu já o amava,
e desde o Egito chamei meu filho.
2 Quanto mais eu os chamava
tanto mais eles se afastavam de mim;
imolavam aos Baals e sacrificavam aos ídolos.
3 Ensinei Efraim a dar os primeiros passos,
tomei-o em meus braços,
mas eles não reconheceram que eu cuidava deles.
4 Eu os atraía com laços de humanidade,
com laços de amor;
era para eles como quem leva uma criança ao colo,
e rebaixava-me a dar-lhes de comer.
5 Voltarão à terra do Egito
e Assur será seu rei,
porque não quiseram converter-se.
6 A espada irromperá contra suas cidades
e destruirá seus habitantes,
e os eliminará junto com suas más intenções.
7 O meu povo inclina-se a pecar contra mim;
é chamado para o alto,
mas não faz por elevar-se.
8 Como abandonar-te, Efraim?
Como entregar-te à tua sorte, Israel?
Vou abandonar-te, como fiz com Adamá,
e tratar-te como Seboim?
Meu coração comove-se no íntimo
e arde de compaixão.
9 Não darei largas à minha ira,
não voltarei a destruir Efraim,
eu sou Deus, e não homem;
o santo no meio de vós,
e não me servirei do terror.
10 Caminharão nas pegadas do Senhor;
ele rugirá como um leão,
e, quando rugir,
seus filhos acorrerão, pressurosos, do ocidente.
11 Voarão desde o Egito como aves
e desde a terra assíria como pombas;
e os colocarei em suas casas,
diz o Senhor”.

Responsório Os 11,8c.9a.b; Jr 31,3b

R. Meu coração bate depressa dentro em mim,
e de pena e compaixão eu me comovo.
* Não darei largas ao ardor da minha ira,
pois não sou um ser humano e, sim, Deus.
V. Com eterna caridade eu te amei
e por isso, compassivo, te atraí. * Não darei.

Segunda leitura

Do Diálogo sobre a Divina Providência, de santa Catarina de Sena,virgem

(4,13: ed. latina, Ingolstadii 1583, ff. 19v-20)                     (Séc. XIV)

Nos vínculos da caridade

 Meu dulcíssimo Senhor, volta complacente teus misericordiosos olhos para este povo e para o Corpo místico de tua Igreja; porque maior glória advirá a teu santo nome por perdoar a tamanha multidão de tuas criaturas do que só a mim, miserável, que tanto ofendo a tua majestade. Como poderei eu consolar-me, vendo-me possuir a vida, se teu povo está na morte? E vendo em tua diletíssima Esposa as trevas dos pecados brotadas de minhas faltas e das outras criaturas tuas?

Quero, pois, e para cada um peço aquela inestimável caridade que te levou a criar o ser humano à tua imagem e semelhança. Que coisa ou pessoa foi o motivo de colocares o ser humano em tão grande dignidade? Sem dúvida, só inapreciável amor que te fez olhar em ti mesmo tua criatura de quem te enamoraste. Mas reconheço abertamente que pela culpa do pecado com justiça perdeu a dignidade que lhe deras.

Tu, porém, movido pelo mesmo amor, desejando por graça reconciliar contigo o gênero humano, nos deste a palavra de teu Filho unigênito. Verdadeiro reconciliador e mediador entre ti e nós e também nossa justiça, que castigou e carregou em si todas as nossas injustiças e iniqüidades, em obediência ao que tu,Pai eterno, lhe ordenaste, ao determinar-lhe assumir nossa humanidade. Ó abismo de indizível caridade! Que coração há tão duro que continue impassível sem se partir por ver a máxima sublimidade descer à máxima baixeza e abjeção, que é a nossa humanidade?

Nós somos tua imagem e tu, nossa imagem, pela união que realizaste com o ser humano, velando a eterna Divindade com a mísera nuvem e infecta matéria da carne de Adão. Donde vem tudo isto? Unicamente teu inefável amor está em causa. É, pois, por este inestimável amor que humildemente imploro tua majestade, com todas as forças de minha alma, que concedas gratuitamente às tuas miseráveis criaturas tua misericórdia.

Responsório Sl 100(101),1-2

R. Eu quero cantar o amor e a justiça,
cantar os meus hinos a vós, ó Senhor.
* Desejo trilhar o caminho do bem;
mas quando vireis até mim, ó Senhor?
V. Viverei na pureza do meu coração,
no meio de toda a minha família. * Desejo.

HINO TE DEUM (A VÓS, Ó DEUS, LOUVAMOS)

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de nov
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).
Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.

  


Comments

Uma resposta para “Ofício das Leituras do 22º Domingo do Tempo Comum”

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    Geraldo Corrêa Filho

    Salmodia

    Ant. 1 Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
    De majestade e esplendor vos revestis,
    e de luz vos envolveis como num manto! Aleluia.

    Salmo 103(104)

    Hino a Deus Criador

    Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo (2Cor 5,17).

    I

    –1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! *
    Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
    –2 De majestade e esplendor vos revestis *
    e de luz vos envolveis como num manto.

    –3 Estendeis qual uma tenda o firmamento, *
    construís vosso palácio sobre as águas;
    – das nuvens vós fazeis o vosso carro, *
    do vento caminhais por sobre as asas;
    –4 dos ventos fazeis vossos mensageiros, *
    do fogo e chama fazeis vossos servidores.

    –5 A terra vós firmastes em suas bases, *
    ficará firme pelos séculos sem fim;
    –6 os mares a cobriam como um manto, *
    e as águas envolviam as montanhas.

    –7 Ante a vossa ameaça elas fugiram, *
    e tremeram ao ouvir vosso trovão;
    –8 saltaram montes e desceram pelos vales *
    ao lugar que destinastes para elas;
    –9 elas não passam dos limites que fixastes, *
    e não voltam a cobrir de novo a terra.

    –10 Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes *
    que passam serpeando entre as montanhas;
    –11 dão de beber aos animais todos do campo, *
    e os da selva nelas matam sua sede;
    –12 às suas margens vêm morar os passarinhos, *
    entre os ramos eles erguem o seu canto.

    Ant. Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
    De majestade e esplendor vos revestis,
    e de luz vos envolveis como num manto! Aleluia.

    Ant. 2 O Senhor tira da terra o alimento
    e o vinho que alegra o coração. Aleluia.

    II

    –13 De vossa casa as montanhas irrigais, *
    com vossos frutos saciais a terra inteira;
    –14 fazeis crescer os verdes pastos para o gado *
    e as plantas que são úteis para o homem;

    –15 para da terra extrair o seu sustento *
    e o vinho que alegra o coração,
    – o óleo que ilumina a sua face *
    e o pão que revigora suas forças.

    –16 As árvores do Senhor são bem viçosas *
    e os cedros que no Líbano plantou;
    –17 as aves ali fazem os seus ninhos *
    e a cegonha faz a casa em suas copas;
    –18 os altos montes são refúgio dos cabritos, *
    os rochedos são abrigo das marmotas.

    –19 Para o tempo assinalar destes a lua, *
    e o sol conhece a hora de se pôr;
    –20 estendeis a escuridão e vem a noite, *
    logo as feras andam soltas na floresta;
    –21 eis que rugem os leões, buscando a presa, *
    e de Deus eles reclamam seu sustento.

    –22 Quando o sol vai despontando, se retiram, *
    e de novo vão deitar-se em suas tocas.
    –23 Então o homem sai para o trabalho, *
    para a labuta que se estende até à tarde.

    Ant. O Senhor tira da terra o alimento
    e o vinho que alegra o coração. Aleluia.

    Ant. 3 Deus viu todas as coisas que fizera
    e eram todas elas muito boas. Aleluia.

    III

    =24 Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras, †
    e que sabedoria em todas elas! *
    Encheu-se a terra com as vossas criaturas!

    =25 Eis o mar tão espaçoso e tão imenso, †
    no qual se movem seres incontáveis, *
    gigantescos animais e pequeninos;
    =26 nele os navios vão seguindo as suas rotas, †
    e o monstro do oceano que criastes *
    nele vive e dentro dele se diverte.

    –27 Todos eles, ó Senhor, de vós esperam *
    que a seu tempo vós lhes deis o alimento;
    –28 vós lhes dais o que comer e eles recolhem, *
    vós abris a vossa mão e eles se fartam.

    =29 Se escondeis a vossa face, se apavoram, †
    se tirais o seu respiro, eles perecem *
    e voltam para o pó de onde vieram;
    –30 enviais o vosso espírito e renascem *
    e da terra toda a face renovais.

    –31 Que a glória do Senhor perdure sempre, *
    e alegre-se o Senhor em suas obras!
    –32 Ele olha para a terra, ela estremece; *
    quando toca as montanhas, lançam fogo.

    –33 Vou cantar ao Senhor Deus por toda a vida, *
    salmodiar para o meu Deus enquanto existo.
    –34 Hoje seja-lhe agradável o meu canto, *
    pois o Senhor é a minha grande alegria!

    =35 Desapareçam desta terra os pecadores, †
    e pereçam os perversos para sempre! *
    Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

    Ant. Deus viu todas as coisas que fizera
    e eram todas elas muito boas. Aleluia.

    V. Felizes vossos olhos porque veem,

    R. E também vossos ouvidos porque ouvem!

    Primeira leitura

    Do Livro do Profeta Jeremias 11,18-20; 12,1-13

    Desabafo do profeta

    1,18 Tu, Senhor, avisaste-me e eu entendi;

    fizeste-me saber as intrigas deles.

    19 Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: “Vamos cortar a árvore em toda sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado.”

    20 E tu, Senhor dos exércitos,

    que julgas com justiça

    e perscrutas os afetos do coração,

    concede que eu veja a vingança

    que tomarás contra eles,

    pois eu te confiei a minha causa.

    12,1 Tu és justo, Senhor,

    como disputar contigo?

    Mas quero propor-te questões de justiça.

    Por que a vida dos maus é um sucesso?

    Tudo de bom acontece ao infiel e ao malfeitor.

    2 Puseste-os no mundo, eles criam raízes,

    crescem e dão fruto;

    estás em seus lábios,

    mas longe do seu coração.

    3 Senhor, que me conheces e me vês,

    e sabes que meu coração está contigo,

    peço-te, separa-os como ovelhas de sacrifício

    e preserva-os para o dia da matança.

    4 Até quando há de chorar a terra

    e ficará ressequida toda a erva do campo,

    devido à má índole dos seus habitantes?

    Animais e aves acabaram

    para os que diziam: “Ele não os verá acabar”.

    5 “Se te foi difícil correr com pedestres,

    como agüentarás competir com cavalos?

    Tu estarás seguro em terra de paz,

    mas como farás nas matas fechadas do Jordão?

    6 Teus próprios irmãos e parentes

    agiram falsamente contra ti

    e por trás de ti clamaram em alta voz;

    não creias neles, quando te agradam com palavras”.

    7 “Deixei a minha casa,

    renunciei à minha herança,

    entreguei a amada do meu coração aos seus inimigos.

    😯 povo de minha herança

    tornou-se para mim como leão na selva,

    a dar rugidos contra mim; por isso detestei-o.

    9 Essa herança não é, para mim,

    uma ave de plumagem diferente?

    Não virão outras aves, ao redor, atacá-la?

    Vinde, ajuntai-vos, animais todos do campo,

    correi, é a hora de devorar.

    10 Muitos pastores destruíram a minha vinha,

    pisotearam minha propriedade;

    fizeram de minha aprazível herança

    uma solidão desértica.

    11 Ela ficou devastada,

    e chora diante de mim em sua desolação;

    toda aquela terra está destruída,

    porque não há mais quem disso se preocupe”.

    12 Os atacantes foram chegando

    a todos os outeiros do deserto,

    é a devastadora espada do Senhor,

    de um a outro extremo do país;

    não há paz entre os seres humanos.

    13 Semearam trigo e colheram espinhos,

    trabalharam e não tiraram proveito;

    envergonhai-vos de vossos parcos frutos,

    lembrai-vos da ira do Senhor.

    Responsório Jo 12,27-28; Sl 41(42),6a

    R. Minha alma está agora perturbada; que direi?

    Pai, salva-me desta hora!

    Mas foi, precisamente, para esta hora que eu vim.

    * Pai, glorifica o teu nome.

    V. Por que te entristeces, minha alma,

    a gemer no meu peito? * Pai.

    Segunda leitura

    Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

    (Sermo 23A,1-4: CCL 41,321-323) (Séc.V)

    O Senhor se compadeceu de nós

    Felizes de nós, se o que ouvimos e cantamos também executamos. A audição é nossa semeadura, e nossos atos, frutos da semente. Disse isto de antemão para exortar vossa caridade a não entrardes sem fruto na igreja, ouvindo tantas coisas boas sem realizá-las. Porque por sua graça fomos salvos, assim diz o Apóstolo, não por nossas obras, não aconteça alguém se ensoberbecer (Ef 2,8-9) pois por sua graça fomos salvos (Ef 2,5). Pois não precedeu nenhuma vida virtuosa que Deus pudesse amar e dizer: “Ajudemos, socorramos estes homens porque vivem bem”. Desagradava-lhe nossa vida, desagradava-lhe em nós tudo o que fazíamos, mas não lhe desagradava o que ele mesmo fez em nós. Por isto, o que nós fizemos, ele o condenará; o que ele próprio fez, ele o salvará.

    Não éramos bons. Mas ele se compadeceu de nós e enviou seu Filho para morrer não pelos bons, mas pelos maus, não pelos justos, mas pelos ímpios. Na verdade Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5,6). E como continua? Mal se encontra alguém que morra por um justo, pois talvez alguém se atreva a morrer por um bom (Rm 5,7). Quiçá haja alguém que ouse morrer por um bom. Mas pelo injusto, pelo ímpio, pelo iníquo, quem quererá morrer? Só Cristo, para que, justo, justifique até mesmo os injustos.

    Não tínhamos, meus irmãos, nenhuma obra boa, mas todas eram más. E sendo tais os atos dos homens, sua misericórdia não abandonou os homens. Deus enviou seu Filho, para remir-nos, não por ouro, não por prata, mas ao preço de seu sangue derramado, cordeiro imaculado levado como vítima pelas ovelhas maculadas, se é que só maculadas e não totalmente corrompidas! Recebemos então esta graça. Vivamos de modo digno dessa graça e não façamos injúria à grandeza do dom que recebemos. Tão grande médico veio a nós e perdoou todos os nossos pecados. Se quisermos recair na doença, não só nos prejudicaremos a nós mesmos, mas seremos ingratos ao próprio médico.

    Sigamos os caminhos que ele próprio indicou, muito em especial a via da humildade, via que ele mesmo se fez por nós. Mostrou-nos pelos preceitos o caminho da humildade e criou-o padecendo por nós. Com o intuito de morrer por nós – e sem poder morrer – o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), para poder morrer por nós, aquele que não podia morrer. E com sua morte matar nossa morte.

    Fez isto o Senhor, isto nos concedeu. O excelso humilhou-se, humilhado foi morto e, ressurgindo, foi exaltado, a fim de não nos deixar mortos nas profundezas, mas de exaltar em si na ressurreição dos mortos aqueles que já agora exaltou pela fé e o testemunho dos justos. Deu-nos então a humildade como caminho. Se nos agarrarmos a ela, confessaremos o Senhor e com toda razão cantaremos: Nós te confessaremos, Senhor, confessaremos e invocaremos teu nome (Sl 74,2).

    Responsório Sl 85(86),12-13a; 117(118),28

    R. Dou-vos graças com toda a minha alma,

    sem cessar louvarei vosso nome.

    * Vosso amor para mim foi imenso.

    V. Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço!

    Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores!

    * Vosso amor.

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