V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:
Chegou o tempo para nós,
segundo o anúncio do Senhor,
em que virá do céu o Esposo,
do reino eterno o Criador.
A seu encontro as virgens sábias
correm, levando em suas mãos
lâmpadas vivas, luminosas,
cheias de imensa exultação.
Pelo contrário, as virgens loucas
lâmpadas levam apagadas
e, em vão, do Rei batem às portas,
que já se encontram bem fechadas.
Sóbrios, agora vigiemos
para que, vindo o Rei das gentes,
corramos logo ao seu encontro,
com nossas lâmpadas ardentes.
Divino Rei, fazei-nos dignos
do Reino eterno, que já vem,
e assim possamos para sempre
vosso louvor cantar. Amém.
II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:
Dos santos vida e esperança,
Cristo, caminho e salvação,
luz e verdade, autor da paz,
a vós, louvor e adoração.
Vosso poder se manifesta
nas vidas santas, ó Senhor.
Tudo o que pode e faz o justo,
traz o sinal do vosso amor.
Concedei paz aos nossos tempos,
força na fé, cura ao doente,
perdão àqueles que caíram;
a todos, vida, eternamente!
Igual louvor ao Pai, ao Filho,
e ao Santo Espírito também
seja cantado em toda parte
hoje e nos séculos. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Como Deus é tão bondoso para os justos,
para aqueles que têm puro o coração! †
Salmo 72(73)
O sofrimento do justo
Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim (Mt 11,6).
I
–1 Como Deus é tão bondoso para os justos, *
para aqueles que têm puro o coração!
–2 † Mas por pouco os meus pés não resvalaram, *
e quase escorregaram os meus passos;
–3 cheguei a ter inveja dos malvados, *
ao ver o bem-estar dos pecadores.
–4 Para eles não existe sofrimento, *
seus corpos são robustos e sadios;
–5 não sofrem a dureza do trabalho *
nem conhecem a aflição dos outros homens.
–6 Eles fazem do orgulho o seu colar, *
da violência, uma veste que os envolve;
–7 transpira a maldade de seu corpo, *
transbordam falsidade suas mentes.
–8 Zombam do bem e elogiam o que é mau, *
exaltam com orgulho a opressão;
–9 investe sua boca contra o céu, *
e sua língua envenena toda a terra.
–10 Por isso vai meu povo procurá-los *
e beber com avidez nas suas fontes;
–11 eles dizem: “Por acaso Deus entende, *
e o Altíssimo conhece alguma coisa?”
–12 Olhai bem, pois são assim os pecadores, *
que tranqüilos amontoam suas riquezas.
Ant. Como Deus é tão bondoso para os justos,
para aqueles que têm puro o coração!
Ant. 2 Os maus que hoje riem, amanhã hão de chorar.
II
–13 Será em vão que guardei puro o coração *
e lavei na inocência minhas mãos?
–14 Porque sou chicoteado todo o tempo *
e recebo meus castigos cada dia.
–15 Se eu pensasse: “Vou fazer igual a eles”, *
trairia a geração dos vossos filhos.
–16 Pus-me então a refletir sobre este enigma, *
mas pareceu-me uma tarefa bem difícil.
–17 Até que um dia, penetrando esse mistério, *
compreendi qual é a sorte que os espera,
–18 pois colocais os pecadores num declive, *
e vós mesmo os empurrais para a desgraça.
–19 Num instante eles caíram na ruína, *
acabaram e morreram de terror!
–20 Como um sonho ao despertar, ó Senhor Deus, *
ao levantar-vos, desprezais a sua imagem.
Ant. Os maus que hoje riem, amanhã hão de chorar.
Ant. 3 Haverão de perecer os que vos deixam;
para mim só há um bem: é estar com Deus.
III
–21 Quando então se revoltava o meu espírito, *
e dentro em mim o coração se atormentava,
–22 eu, estulto, não podia compreender; *
perante vós me comportei como animal.
–23 Mas agora eu estarei sempre convosco, *
porque vós me segurastes pela mão;
–24 vosso conselho vai guiar-me e conduzir-me, *
para levar-me finalmente à vossa glória!
–25 Para mim, o que há no céu fora de vós? *
Se estou convosco, nada mais me atrai na terra!
=26 Mesmo que o corpo e o coração se vão gastando, †
Deus é o apoio e o fundamento da minh’alma, *
é minha parte e minha herança para sempre!
–27 Eis que haverão de perecer os que vos deixam, *
exterminais os que sem vós se prostituem.
–28 Mas para mim só há um bem: é estar com Deus *
é colocar o meu refúgio no Senhor
– e anunciar todas as vossas maravilhas *
junto às portas da cidade de Sião.
Ant. Haverão de perecer os que vos deixam;
para mim só há um bem: é estar com Deus.
V. Como é doce ao paladar vossa palavra.
R. Muito mais doce do que o mel na minha boca!
Primeira leitura
Leitura do Profeta Isaías 3,1-15
Censuras a Jerusalém
1 Eis que o Dominador, Senhor dos exércitos,
vai retirar de Jerusalém e de Judá a força e a proteção,
todo o fornecimento de pão e todo o fornecimento de água,
2 o homem valente, o guerreiro,
o juiz e o profeta, o adivinho e o ancião,
3 o chefe militar e o civil elegante,
o conselheiro e o mágico ilusionista,
e o perito em encantamentos.
4 Porei meninos para serem seus chefes
e crianças para os governarem.
5 Motins populares explodirão, homem contra homem,
uns contra os outros;
tumultos de jovens contra velhos
e de plebeus contra nobres.
6 Chega um e prende o irmão
na casa de seu pai,e diz:
“Tens traje adequado,
sê nosso chefe,
7 fique esta desordem aos teus cuidados”.
Ele gritará, naquele dia, dizendo:
“Não sou médico para curar
nem há em minha casa pão nem roupa;
não me ponhais como chefe do povo”.
8 Cai Jerusalém e rola, Judá juntamente,
pois suas palavras e ações contra o Senhor
desafiaram o seu olhar poderoso.
9 O descaramento dos seus rostos acusa-os;
como Sodoma, propalam, não escondem o seu pecado;
ai deles, porque vão sofrer novas desgraças!
10 Louvai o justo, dizendo: “Muito bem!”,
pois gozarão do fruto de suas boas obras.
11 Ai do mau! Para sua infelicidade
ele terá a paga de suas obras!
12 Este meu povo, uma criança é capaz de reprimi-lo,
mulheres mandam nele.
Povo meu, os que te dizem feliz,
esses mesmos te enganam
e destroem o caminho dos teus passos.
13 O Senhor levanta-se para acusar os povos
e põe-se de pé para julgá-los.
14 O Senhor entrará em juízo
com os anciãos do povo e seus príncipes:
“Vós devorastes a vinha,
e vossas casas guardam o roubo feito ao pobre.
15 Por que esmagais o meu povo,
e esbofeteais o rosto dos pobres?”
diz o Senhor Deus dos exércitos.
Responsório Is 3,10.11.13
R. Dizei ao justo que tudo lhe vai bem,
pois do fruto de suas obras colherá.
* Ai do perverso, pois tudo lhe vai mal,
será tratado de acordo com suas obras.
V. O Senhor se dispõe para acusar;
está em pé para julgar os povos todos.
* Ai do perverso.
Segunda leitura
Dos livros Moralia sobre Jó, de São Gregório Magno, papa
(Lib. 3,39-40: PL75,619-620) (Séc.VI)
No exterior, combates; no interior, temores
Os santos varões, envolvidos na luta das adversidades, ao mesmo tempo que golpeiam a uns, a outros sustentam pela persuasão; àqueles opõem o escudo da paciência, a estes atiram as setas da doutrina, e em ambos os modos de combater, impõem-se pela maravilhosa arte da virtude. Dentro, compõem com sabedoria as coisas desregradas, e fora, desprezam com fortaleza as adversas. Ensinando, corrigem a uns; a outros, tolerando, barram o caminho. Pois pela paciência suportam os inimigos que atacam, mas por compaixão reconduzem à salvação os irmãos mais fracos. Resistem àqueles para que não desencaminhem os outros. A estes oferecem a sua solicitude, para que não se desviem totalmente do caminho reto.
Contemplemos o soldado dos exércitos de Deus, lutando contra ambos. Diz: No exterior, combates; no interior, temores (2Cor 7,5). Enumera as pelejas que sustenta fora: Perigos nos rios, dos ladrões, perigo dos de minha raça, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos dos falsos irmãos (2Cor 11,26). Nesta guerra, aos dardos a se lançarem contra o adversário, acrescenta: Nos trabalhos e tristezas, nas muitas vigílias, na fome e na sede, em muitos jejuns, no frio e na nudez (2Cor 11,27).
Mas, envolvido em tantas lutas, diz como guardava pela fortaleza das vigílias o próprio acampamento. Ajunta logo: Além destas coisas exteriores, minha preocupação diária, a solicitude por todas as Igrejas (2Cor 11,28). Com coragem aceita em si as lutas e se consagra com misericórdia a proteger o próximo. Contra os males sofridos, acrescenta o bem realizado.
Imaginemos que trabalho tolerar os males de fora e ao mesmo tempo proteger os fracos de dentro. Suporta no exterior adversidades. Pois é rasgado pelas chicotadas, preso em cadeias. No interior, sente o medo de que seus sofrimentos sejam obstáculos não para si, mas para os discípulos. Por isto escreve-lhes: Ninguém se perturbe com estas tribulações. Vós mesmos sabeis que para isto fomos escolhidos (1Ts 3,3). Em seus padecimentos temia a queda dos outros, porque se os discípulos soubessem que suportava açoites pela fé, talvez viessem a recusar o testemunho de fidelidade.
Ó entranhas de imensa caridade! Não se importa com aquilo que ele mesmo sofre e cuida de que os discípulos não sofram de alguma ideia perniciosa no coração. Despreza em si as feridas do corpo e sara nos outros as feridas do coração. Os justos têm isto de próprio: na dor de suas atribuições, não abandonam o interesse pelo bem do outro; e, sofrendo, estão atentos a ensinar o necessário aos outros e sofrem como grandes médicos doentes. Em si toleram as feridas profundas e prescrevem a outros os medicamentos salutares.
Responsório Cf. Jó 13,20-21; cf. Jr 10,24
R. Não me escondais, ó Senhor, vossa face
e de mim afastai vossa mão;
* Não me apavore o vosso terror.
V. Corrigi-me, Senhor, com clemência,
corrigi-me, Senhor, sem furor,
pois a nada me reduziríeis! * Não me.
Oração
Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.
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