Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Santo mártir, sê propício
no teu dia de esplendor,
em que cinges a coroa,
o troféu de vencedor.
Este dia sobre as trevas
deste mundo te elevou,
e, juiz e algoz vencendo,
todo a Cristo te entregou.
Entre os anjos ora brilhas,
testemunha inquebrantável,
com as vestes que lavaste
no teu sangue venerável.
Junto a Cristo, sê agora
poderoso intercessor;
ouça ele as nossas prece
se perdoe ao pecador.
Desce a nós por um momento,
de Jesus traze o perdão,
e os que gemem sob o fardo
grande alívio sentirão.
A Deus Pai, ao Filho Único
e ao Espírito, a vitória.
Deus te orna com coroa
na mansão da sua glória.
Salmodia
Ant. 1 Ó Senhor, chegue até vós o meu clamor,
não me oculteis a vossa face em minha dor!
Salmo 101(102)
Anseios e preces de um exilado
Bendito seja Deus que nos consola em todas as nossas aflições! (2Cor 1,4).
I
–2 Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, *
e chegue até vós o meu clamor!
–3 De mim não oculteis a vossa face *
no dia em que estou angustiado!
– Inclinai o vosso ouvido para mim, *
ao invocar-vos atendei-me sem demora!
–4 Como fumaça se desfazem os meus dias, *
estão queimando como brasas os meus ossos.
–5 Meu coração se tornou seco igual à erva, *
até esqueço de tomar meu alimento.
–6 À força de gemer e lamentar, *
tornei-me tão-somente pele e osso.
–7 Eu pareço um pelicano no deserto, *
sou igual a uma coruja entre ruínas.
–8 Perdi o sono e passo a noite a suspirar *
como a ave solitária no telhado.
–9 Meus inimigos me insultam todo o dia, *
enfurecidos lançam pragas contra mim.
–10 É cinza em vez de pão minha comida, *
minha bebida eu misturo com as lágrimas.
–11 Em vossa indignação, em vossa ira *
me exaltastes, mas depois me rejeitastes;
–12 os meus dias como sombras vão passando, *
e aos poucos vou murchando como a erva.
Ant. Ó Senhor, chegue até vós o meu clamor,
não me oculteis a vossa face em minha dor!
Ant. 2 Ouvi, Senhor, a oração dos oprimidos!
II
–13 Mas vós, Senhor, permaneceis eternamente, *
de geração em geração sereis lembrado!
–14 Levantai-vos, tende pena de Sião, *
já é tempo de mostrar misericórdia!
–15 Pois vossos servos têm amor aos seus escombros *
e sentem compaixão de sua ruína.
–16 As nações respeitarão o vosso nome, *
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
–17 quando o Senhor reconstruir Jerusalém *
e aparecer com gloriosa majestade,
–18 ele ouvirá a oração dos oprimidos *
e não desprezará a sua prece.
–19 Para as futuras gerações se escreva isto, *
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
–20 Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, *
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
–21 para os gemidos dos cativos escutar *
e da morte libertar os condenados.
–22 Para que cantem o seu nome em Sião *
e louve ao Senhor Jerusalém,
–23 quando os povos e as nações se reunirem *
e todos os impérios o servirem.
Ant. Ouvi, Senhor, a oração dos oprimidos!
Ant. 3 A terra, no princípio, vós criastes,
e os céus, por vossas mãos, foram criados.
III
–24 Ele abateu as minhas forças no caminho *
e encurtou a duração da minha vida.
= Agora eu vos suplico, ó meu Deus; †
25 não me leveis já na metade dos meus dias, *
vós, cujos anos são eternos, ó Senhor!
–26 A terra no princípio vós criastes, *
por vossas mãos também os céus foram criados;
–27 eles perecem, vós porém permaneceis; *
como veste os mudais e todos passam;
– ficam velhos todos eles como roupa, *
28 mas vossos anos não têm fim, sois sempre o mesmo!
=29 Assim também a geração dos vossos servos †
terá casa e viverá em segurança, *
e ante vós se firmará sua descendência.
Ant. A terra, no princípio, vós criastes,
e os céus, por vossas mãos, foram criados.
V. Escuta, ó meu povo, a minha lei.
R. Ouve atento as palavras que eu te digo!
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Daniel 3,8-12.19-24.91-97
A estátua de ouro do rei. Os jovens salvos da fornalha
8 Naquele tempo aproximaram-se alguns caldeus, acusando os judeus, 9e disseram ao rei Nabucodonosor: “Ó rei, que vivas para sempre! 10Tu mesmo, ó rei, decretaste que todo homem, ao ouvir o som de trombeta, flauta e cítara, de harpa e saltério, de um conjunto musical de todo o tipo de instrumentos, tem de prostrar-se em adoração à estátua de ouro; 11e que, se alguém não se prostrar em adoração, seja atirado na fornalha de fogo ardente. 12Pois bem, aqueles judeus, que colocaste para administrar a província da Babilônia, Sidrac, Misac e Abdênago, são homens que não prestam as honras devidas a ti, ó rei, nem prestam o culto aos teus deuses, nem adoram a estátua de ouro que fizeste erigir”.
19A estas palavras, Nabucodonosor encheu-se de cólera contra Sidrac, Misac e Abdênago, a ponto de se alterar a expressão do rosto; deu ordem para acender a fornalha com sete vezes mais fogo que de costume; 20e encarregou os soldados mais fortes do exército para amarrarem Sidrac, Misac e Abdênago e os lançarem na fornalha de fogo ardente. 21Amarrados, os homens foram imediatamente lançados na fornalha ardente, juntamente com suas roupas, calças, capas e calçados; 22ora, as ordens do rei eram urgentes, e como a fornalha ficou excessivamente aquecida, as chamas devoraram os homens que tinham atirado ao fogo Sidrac, Misac e Abdênago, 23enquanto que estes três, amarados, caíram no meio do forno cheio de fogo.
24 Andavam de cá para lá no meio das chamas, entoando hinos a Deus e bendizendo ao Senhor.
91 Então, o rei Nabucodonosor, tomado de pasmo, levantou-se apressadamente, e perguntou a seus ministros: “Porventura, não lançamos três homens bem amarados no meio do fogo?” Responderam ao rei: “É verdade, ó rei”. 92Dise este: “Mas eu estou vendo quatro homens andando livremente no meio do fogo, sem sofrerem nenhum mal, e o aspecto do quarto homem é semelhante ao de um filho de Deus.” 93Nabucodonosor, então, acercou-se da boca da fornalha de fogo ardente e disse: “Sidrac, Misac e Abdênago, servos do Deus altíssimo, vinde para fora”. Logo saíram Sidrac, Misac e Abdênago do meio do fogo. 94Reunidos os sátrapas, governantes, juízes e poderosos do reino ficaram contemplando aqueles homens em cujos corpos nenhum poder teve o fogo. O cabelo da cabeça não se lhes tinha queimado, suas roupas não sofreram alterações, nem o cheiro de queimado passou por eles. 95Exclamou Nabucodonosor: “Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, que enviou seu anjo e libertou seus servos, que puseram nele sua confiança e transgrediram o decreto do rei, preferindo entregar suas vidas a servir e adorar qualquer outro Deus que não fosse o seu Deus. 96Está, portanto, decretado por mim que todo aquele que, pertencendo a qualquer povo, tribo ou língua, disser uma blasfêmia contra o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, seja cortado em pedaços e sua casa feita estrumeira, porque não há outro deus que tenha esse poder de salvação”.97O rei então aumentou as honrarias de Sidrac, Misac e Abdênago na província da Babilônia.
Responsório Dn 3,49.50b.95
R. O anjo do Senhor desceu para a fornalha
juntamente com Azarias e com seus companheiros
e afastava o fogo deles.
* E o fogo, nem de leve, os tocou nem molestou.
V. Bendito seja o Deus deles que seu anjo enviou
e libertou seus servidores, que nele confia
pois, todos estão vivos para ele. * Hão de ser.
Segunda leitura
Da Encíclica Ecclesiam Dei, de Pio XI, papa
(AAS 15[1923], 573.576-577) (Séc.XX)
Derramou o seu sangue pela unidade da Igreja
A Igreja de Deus por admirável desígnio foi constituída de forma a ser, na plenitude dos tempos, semelhante a imensa família, abraçando a totalidade do gênero humano; e, por dom de Deus, sabemos ser ela visível não só por suas notas principais, como também pela unidade universal.
De fato, Cristo Senhor não apenas confiou somente aos apóstolos o dom que ele próprio recebera do Pai, ao dizer: Todo o poder me foi dado no céu e na terra; ide, pois, ensinai a todos os povos (Mt 28,18-19); mas também quis que o grupo dos apóstolos fosse em sumo grau um colégio só, duplamente ligado por estreito vínculo: intrinsecamente pela mesma fé e caridade, infundida em nossos corações pelo Espírito Santo(cf. Rm 5,5); extrinsecamente, pelo governo de um só sobre todos, ao entregar o principado a Pedro qual perpétuo princípio e visível fundamento da unidade.
Para que se mantivesse para sempre esta unidade e concórdia, Deus de suma providência consagrou-a com o sinete da santidade e do martírio.
Este grande louvor obteve-o o arcebispo de Polock, Josafá, de rito eslavônio oriental; com toda a razão o saudamos como honra insigne e coluna dos eslavos orientais. Com efeito, mal se encontra quem tenha mais ilustrado o nome deles ou servido melhor a sua salvação, que este pastor e apóstolo, mormente ao derramar o sangue pela unidade da santa Igreja. Além disto, sentindo-se divinamente impelido à reintegração universal na unidade santa, compreendeu que a melhor contribuição a dar seria guardar o rito oriental eslavônio e o monaquismo basiliano na unidade da Igreja universal.
Entrementes, solícito em primeiro lugar pela união de seus concidadãos com a cátedra de Pedro, buscava por toda a parte com empenho todos os argumentos que pudessem promovê-la ou confirmá-la. De modo especial, folheava assiduamente os livros litúrgicos usados pelos orientais e pelos dissidentes, segundo as ordenações dos santos padres. Preparado tão diligentemente, iniciou o trabalho de refazer a unidade, com tanto vigor e suavidade e com tanto êxito, que pelos próprios adversários foi chamado de “raptor de almas”.
Responsório Jo 17,11b.23.22a
R. Jesus disse: Ó Pai santo, em teu nome, guarda aqueles
que me deste e que são teus,
* Para que eles sejam um,
e assim o mundo creia que tu me enviaste.
V. Eu lhes dei aquela glória, que de ti recebi.
* Para que eles.
Oração
Suscitai, ó Deus, na vossa Igreja o Espírito que impeliu o bispo São Josafá a dar a vida por suas ovelhas, e concedei que, por sua intercessão, fortificados pelo mesmo Espírito, estejamos prontos a dar a nossa vida pelos nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.
Deixe um comentário