NOSSA SENHORA DAS DORES

Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

De pé a Mãe dolorosa,
junto da cruz, lacrimosa,
via Jesus que pendia.

No coração transpassado
sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.

Mãe entre todas bendita,
do Filho único, aflita,
à imensa dor assistia.

E, suspirando, chorava,
e da cruz não se afastava,
ao ver que o Filho morria.

Pobre mãe, tão desolada,
ao vê-la assim transpassada,
quem de dor não choraria?

Quem na terra há que resista,
se a mãe assim se contrista
ante uma tal agonia?

Para salvar sua gente,
eis que seu Filho inocente
suor e sangue vertia.

Na cruz por seu Pai chamando,
vai a cabeça inclinando,
enquanto escurece o dia.

Quando chegar minha hora,
dai-me, Jesus, sem demora,
a intercessão de Maria.

Salmodia

Ant. 1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!

Salmo 102(103)

Hino à misericórdia do Senhor

Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos veio visitar (cf. Lc 1,78).

I

1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, *
todo o meu ser, seu santo nome!
2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, *
não te esqueças de nenhum de seus favores!

3 Pois ele te perdoa toda culpa, *
cura toda a tua enfermidade;
4 da sepultura ele salva a tua vida *
e te cerca de carinho e compaixão;
5 de bens ele sacia tua vida, *
e te tornas sempre jovem como a águia!

6 O Senhor realiza obras de justiça *
e garante o direito aos oprimidos;
7 revelou os seus caminhos a Moisés, *
e aos filhos de Israel, seus grandes feitos.

Ant. Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!

Ant. 2 Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem.

II

8 O Senhor é indulgente, é favovel, *
é paciente, é bondoso e compassivo.
9 Não fica sempre repetindo as suas queixas, *
nem guarda eternamente o seu rancor.
10 Não nos trata como exigem nossas faltas, *
nem nos pune em proporção às nossas culpas.

11 Quanto os céus por sobre a terra se elevam, *
tanto é grande o seu amor aos que o temem;
12 quanto dista o nascente do poente, *
tanto afasta para longe nossos crimes.
13 Como um pai se compadece de seus filhos, *
o Senhor tem compaixão dos que o temem.

14 Porque sabe de que barro somos feitos, *
e se lembra que apenas somos pó.
15 Os dias do homem se parecem com a erva, *
ela floresce como a flor dos verdes campos;
16 mas apenas sopra o vento ela se esvai, *
já nem sabemos onde era o seu lugar.

Ant. Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem.

Ant. 3 Obras todas do Senhor, glorificai-o!

III

17 Mas o amor do Senhor Deus por quem o teme *
é de sempre e perdura para sempre;
– e também sua justiça se estende *
por gerações até os filhos de seus filhos,
18 aos que guardam fielmente sua Aliança *
e se lembram de cumprir os seus preceitos.

19 O Senhor pôs o seu trono lá nos céus, *
e abrange o mundo inteiro seu reinado.
=20 Bendizei ao Senhor Deus, seus anjos todos, †
valorosos que cumpris as suas ordens, *
sempre prontos para ouvir a sua voz!

21 Bendizei ao Senhor Deus, os seus poderes, *
seus ministros, que fazeis sua vontade!
=22 Bendizei-o, obras todas do Senhor †
em toda parte onde se estende o seu reinado! *
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

Ant. Obras todas do Senhor, glorificai-o!

V. Fazei-me conhecer vossos caminhos.
R. E então meditarei vossos progios!

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Ezequiel                 10,18-22; 11,14-25

A glória do Senhor abandona a cidade condenada

 Naqueles dias, 10,18a glória do Senhor saiu da soleira do Templo e parou sobre os querubins. 19Os querubins levantaram suas asas e elevaram-se da terra à minha vista, partindo juntamente com eles as rodas. Eles pararam à entrada da porta oriental do Templo do Senhor, e a glória do Deus de Israel estava em cima deles. 20Eram estes os seres vivos que eu tinha visto debaixo do Deus de Israel, nas margens do rio Cobar, e compreendi que eram querubins. 21Cada um tinha quatro faces e quatro asas, e debaixo das asas, uma forma de mão humana. 22Suas faces eram semelhantes às faces que eu tinha visto junto ao rio Cobar. Cada um seguia em sua frente.  

11,14 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 15“Filho do homem, é dos teus irmãos, dos teus parentes, de toda a casa de Israel, que os habitantes de Jerusalém andam dizendo: ‘Eles estão longe do Senhor. A nós é que foi dada a terra como herança!’16Por isso, assim diz o Senhor Deus: Apesar de eu os ter afastado entre as nações e dispersado pelos países, tornei-me para eles, por um pouco de tempo, um santuário nos países para onde foram. 17Dize-lhes, portanto: Assim fala o Senhor Deus: Eu vos recolherei dentre os povos e vos reunirei dentre os países pelos quais fostes dispersados, e vos darei a terra de Israel. 18Quando ali entrarem, removerão todos os ídolos e práticas detestáveis. 19Eu lhes darei um outro coração e porei no seu íntimo um espírito novo. Removerei do seu corpo o coração de pedra e lhes darei um coração de carne, 20a fim de que andem segundo minhas leis, observem e pratiquem meus preceitos. Assim serão o meu povo e eu serei o seu Deus. 21Para aqueles, porém, cujo coração segue os ídolos detestáveis e as abominações, darei a paga que merecem – oráculo do Senhor Deus”.  

22 Os querubins levantaram as asas levando as rodas consigo, enquanto a glória do Deus de Israel estava em cima deles. 23A glória do Senhor subiu do meio da cidade e parou sobre o monte que está a leste da cidade.  

24 Então um espírito me arrebatou e me conduziu à Caldéia, até aos exilados, em visão no espírito de Deus. A visão, que havia contemplado, desapareceu 25e eu contei aos exilados todas as coisas que o Senhor me tinha mostrado.

Responsório Ez 10,4.18a; Mt 23,37b.38

R. A glória de Deus elevou-se até à soleira da casa;
o templo se encheu com a nuvem
e o átrio tornou-se repleto do brilho da glória de Deus.
* E a glória de Deus transbordou,
passando a soleira do templo.
V. Jerusalém, Jerusalém! quantas vezes quis reunir
os filhos teus, mas não quiseste!
Pois, eis que a vossa casa deserta há de ficar.
* E a glória.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo in dom. infra oct. Asumptionis,14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274)

(Séc.XII)

Estava sua mãe junto à cruz

O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35).

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal. E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?

 Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.

Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.

Responsório Lc 23,33; cf. Jo 19,25; cf. Lc 2,35

R. Após chegar ao lugar que é chamado Calvário,
crucificaram Jesus.
* Junto à Cruz de Jesus estava, em pé, sua Mãe.
V. Uma espada de dor, então, transpassou o seu coração.
* Junto à cruz.

Oração

Ó Deus, quando o vosso Filho foi exaltado, quisestes que sua Mãe estivesse de pé junto à cruz, sofrendo com ele. Dai à vossa Igreja, unida a Maria na paixão de Cristo, participar da ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.