Memória de São Leão Magno, papa e doutor da Igreja

Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Eterno Sol, que envolveis
a criação de esplendor,
a vós, Luz pura das mentes,
dos corações o louvor.

Pelo poder do Espírito,
lâmpadas vivas brilharam.
Da salvação os caminhos
a todo o mundo apontaram.

Por estes servos da graça
fulgiu com novo esplendor
o que a palavra proclama
e que a razão demonstrou.

Tem parte em suas coroas,
pela doutrina mais pura,
este varão que louvamos
e como estrela fulgura.

Por seu auxílio pedimos:
dai-nos, ó Deus, caminhar
na direção da verdade
e assim a vós alcançar.

Ouvi-nos, Pai piedoso,
e vós, ó Filho, também,
com o Espírito Santo,
Rei para sempre. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Foi vossa mão e a luz de vossa face,
que no passado salvaram nossos pais.

Salmo 43(44)

Calamidades do povo

Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou (Rm 8,37).

I

2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:

=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumen-los, abatestes outros povos.
4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;

– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;
6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.

7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;
8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.

Ant. Foi vossa mão e a luz de vossa face,
que no passado salvaram nossos pais.

Ant. 2 O Senhor não afasta de vós a sua face,
se a ele voltardes de todo coração.

II

10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adverrios nos pilharam à vontade.

12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!

14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.

16 À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.

Ant. O Senhor não afasta de vós a sua face,
se a ele voltardes de todo coração.

Ant. 3 Levantai-vos, ó Senhor,
não nos deixeis eternamente!

III

18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!

21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que  o interior dos corações?
23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!

24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?

26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!

Ant. Levantai-vos, ó Senhor, não nos deixeis eternamente!

V. Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo.
R. E ensinai-me vossas leis e mandamentos!
 

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Daniel             9,1-4a.18-27

Oração e visão de Daniel

1 No primeiro ano de Dario, filho de Xerxes – o qual era medo e tinha sido feito rei sobre o reino dos caldeus – 2no primeiro anodo seu reinado, eu, Daniel, procurei clareza nas Escrituras a respeito do número de setenta anos que, de acordo com a palavra dirigida pelo Senhor ao profeta Jeremias, deveriam transcorrer sobre as ruínas de Jerusalém. 3Então voltei o rosto para o Senhor Deus, procurando dirigir-lhe preces e súplicas como convém, observando jejum, vestido de saco e sentado nas cinzas. 4Rezei portanto ao Senhor meu Deus, fazendo a seguinte confissão:

18 “Meu Deus, presta ouvidos e escuta, abre teus olhos e repara em nossas devastações e na cidade que tem teu nome,pois não é confiados nas nossas obras justas que apresentamos em tua presença as nossas humildes súplicas, mas sim confiados nas múltiplas provas de tua misericórdia. 19Senhor, escuta! Senhor, perdoa! Senhor, atende e passa à ação sem tardar, em atenção a ti, meu Deus! Pois tua cidade e teu povo são chamados por teu nome.”

20 Eu ainda estava proferindo minha oração e confessando o meu pecado e o pecado de meu povo de Israel, estava propondo minha humilde súplica ao Senhor meu Deus em prol da montanha santa de meu Deus; 21sim, eu ainda estava recitando minha prece, quando Gabriel, o homem que eu tinha visto na visão, veio para junto de mim em voo veloz, à hora do sacrifício da tarde. 22Quando chegou, falou comigo nestes termos: “Daniel, eu vim para te esclarecer. 23Quando começavas a rezar, foi proclamada uma palavra, e eu estou aqui para comunicá-la, porque és um predileto. Portanto, presta atenção à palavra e procura compreender a visão:

24 Setenta semanas estão fixadas
sobre teu povo e tua santa cidade,
para pôr termo à impiedade,
selar os pecados e expiar a iniquidade,
para trazer justiça eterna,
selar visão e profeta e ungir algo de sacrossanto.
25 Fica sabendo e procura entender:
Desde que foi proclamada a palavra
a respeito da restauração e reconstrução de Jerusalém
até um ungido-chefe, vão sete semanas;
durante sessenta e duas semanas
será reconstruída a praça e o fosso da cidade,
mas em tempos de angústia.
26 Ao cabo destas sessenta e duas semanas
será eliminado um ungido,
e nada lhe substituirá.
A cidade e o santuário serão destruídos
pelo povo de um chefe que há de vir.
Seu fim se dará por inundação
e até o fim reinará guerra
com devastações decretadas.
27 Ele concluirá uma aliança firme com muitos
durante uma semana,
e na metade da semana
fará cessar sacrifícios e oferendas;
sobre a asa das abominações estará um devastador,
até que o extermínio decretado
se despeje sobre o devastador”.

Responsório             Br 2,16a; Dn 9,18a; Sl 79(80),20

R. De vossa santa habitação olhai do alto
e lembrai-vos de nós todos, Senhor Deus.
Inclinai o vosso ouvido e escutai-nos;
* Abri os olhos, vede a nossa aflição!
V. Convertei-nos, ó Senhor, Deus do universo
e sobre nós iluminai a vossa face!
Se voltardes para nós seremos salvos. * Abri.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo4,1-2: PL 54,148-149)             (Séc.V)

O serviço especial do nosso ministério

Embora seja a Igreja de Deus toda ela ordenada em distintos graus, de forma a subsistir a integridade nos diversos membros do Corpo sagrado, todos, no entanto, no dizer do Apóstolo, em Cristo, somos um (cf. Gl 3,28). Ninguém está tão separado do outro pelo ofício, que até a mínima porção não pertença à conexão da cabeça. De fato, na unidade da fé e do batismo, nossa sociedade não conhece discriminações e é geral a dignidade, segundo a palavra do santo apóstolo Pedro: Quais pedras vivas deixai-vos edificar como casas espirituais, um sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais aceitos de Deus por Jesus Cristo (1Pd 2,5); e depois: Vós, porém, raça eleita e sacerdócio real, nação santa, povo adquirido (1Pd 2,9).

A todos os renascidos em Cristo o sinal da cruz torna reis, a unção do Espírito Santo consagra sacerdotes. Por isso, afora o especial serviço de nosso ministério, saibam todos os cristãos espirituais e racionais serem consortes da raça real e do ofício sacerdotal. Que de mais régio do que ser o espírito submisso a Deus, senhor de seu corpo? E que de mais sacerdotal do que entregar ao Senhor a consciência pura e oferecer as hóstias imaculadas da piedade no altar do coração? Sendo obra, pela graça de Deus, comum a todos, contudo, é piedoso e louvável de vossa parte alegrar-vos, como honra vossa, pelo dia de nossa elevação. Que se celebre no Corpo todo da Igreja o único sacramento do sacerdócio. Ao derramar-se o unguento da consagração, este sacramento derramou-se certamente com mais abundância nos membros superiores, mas não com menor liberalidade nos inferiores.

Havendo assim, diletíssimos, pela participação neste dom, grande motivo de alegria em comum, haverá mais verdadeira e mais excelente causa de júbilo, se não pararmos na consideração de nossa pequenez. Com efeito muito mais vantajoso e mais digno será erguermos a força do espírito para contemplar a glória do santíssimo apóstolo Pedro; e, de preferência, neste dia venerar aquele que foi abundantemente regado pela fonte mesma dos carismas, para que, tendo recebido sozinho, nada seja transmitido a alguém sem sua participação. O Verbo feito carne já habitava entre nós. Cristo já se tinha entregado totalmente para restaurar o gênero humano.

Responsório                 Mt 16,18; Sl 47(48),9d

R. Jesus disse, em seguida, a Simão:
Tu és Pedro e sobre esta pedra
eu irei construir minha Igreja.
* E as portas do inferno não irão derrotá-la.
V. Deus fundou sua cidade e será para sempre.
* E as portas.

Oração

Ó Deus, que jamais permitis que as potências do mal prevaleçam contra a vossa Igreja, fundada sobre a rocha inabalável dos Apóstolos, dai-lhe, pelos méritos do papa São Leão, permanecer firme na verdade e gozar paz para sempre. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.