Memória de São Bernardo, abade e doutor da Igreja




Nasceu no ano 1090 perto de Dijon (França) e recebeu uma piedosa educação. Admitido, no ano 1111, entre os Monges Cistercienses, foi eleito, pouco tempo depois, abade do mosteiro de Claraval. Com a sua atividade e exemplo exerceu uma notável influência na formação espiritual dos seus irmãos religiosos. Por causa dos cismas que ameaçavam a Igreja, percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade. Escreveu muitas obras de teologia e ascética. Morreu em 1153.

Hino

Eterno Sol, que envolveis
a criação de esplendor,
a vós, Luz pura das mentes,
dos corações o louvor.

Pelo poder do Espírito,
lâmpadas vivas brilharam.
Da salvação os caminhos
a todo o mundo apontaram.

Por estes servos da graça
fulgiu com novo esplendor
o que a palavra proclama
e que a razão demonstrou.

Tem parte em suas coroas,
pela doutrina mais pura,
este varão que louvamos
e como estrela fulgura.

Por seu auxílio pedimos:
dai-nos, ó Deus, caminhar
na direção da verdade
e assim a vós alcançar.

Ouvi-nos, Pai piedoso,
e vós, ó Filho, também,
com o Espírito Santo,
Rei para sempre. Amém.

Salmodia

Ant. 1 O Senhor convocou o céu e a terra,
para fazer o julgamento do seu povo.

Salmo 49(50)

O culto que agrada a Deus

Não vim revogar a Lei, mas consumar (cf. Mt 5,17).

I

1 Falou o Senhor Deus, chamou a terra, *
do sol nascente ao sol poente a convocou.
2 De Sião, beleza plena, Deus refulge, *
3 vem a nós o nosso Deus e não se cala.

– À sua frente vem um fogo abrasador, *
ao seu redor, a tempestade violenta.
4 Ele convoca céu e terra ao julgamento, *
para fazer o julgamento do seu povo:

5 “Reuni à minha frente os meus eleitos, *
que selaram a Aliança em sacrifícios!”
6 Testemunha o próprio céu seu julgamento, *
porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.

Ant. O Senhor convocou o céu e a terra,
para fazer o julgamento do seu povo.

Ant. 2 Invoca-me no dia da angústia,
e então haverei de te livrar.

II

=7 “Escuta, ó meu povo, eu vou falar; †
ouve, Israel, eu testemunho contra ti: *
Eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus!

8 Eu não venho censurar teus sacrifícios, *
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
9 não preciso dos novilhos de tua casa *
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. –

10 Porque as feras da floresta me pertencem *
e os animais que estão nos montes aos milhares.
11 Conheço os pássaros que voam pelos céus *
e os seres vivos que se movem pelos campos.

12 Não te diria, se com fome eu estivesse, *
porque é meu o universo e todo ser.
13 Porventura comerei carne de touros? *
Beberei, acaso, o sangue de carneiros?

14 Imola a Deus um sacrifício de louvor *
e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo.
15 Invoca-me no dia da angústia, *
e então te livrarei e hás de louvar-me”.

Ant. Invoca-me no dia da angústia,
e então haverei de te livrar.

Ant. 3 O sacricio de louvor é que me honra.

III

=16 Mas ao ímpio é assim que Deus pergunta: †
“Como ousas repetir os meus preceitos *
e trazer minha Aliança em tua boca?

17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *
e deste as costas às palavras dos meus lábios!
18 Quando vias um ladrão, tu o seguias *
e te juntavas ao convívio dos adúlteros.

19 Tua boca se abriu para a maldade *
e tua língua maquinava a falsidade.
20 Assentado, difamavas teu irmão, *
e ao filho de tua mãe injuriavas.

21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *
Acaso pensas que eu sou igual a ti?
– É disso que te acuso e repreendo *
e manifesto essas coisas aos teus olhos.

=22 Entendei isto, todos vós que esqueceis Deus, †
para que eu não arrebate a vossa vida, *
sem que haja mais ninguém para salvar-vos!

23 Quem me oferece um sacrifício de louvor, *
este sim é que me honra de verdade.
– A todo homem que procede retamente, *
eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.

Ant. O sacricio de louvor é que me honra.

V. Não cessamos de orar e interceder por vós, irmãos,
R. Para que possais chegar ao mais pleno conhecer
da vontade do Senhor.

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Isaías 37,21-35

Oráculo de Isaías contra o rei da Assíria

21 Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: “Isto diz o Senhor, Deus de Israel: Quanto à súplica que me fizeste sobre assuntos relacionados com Senaquerib, rei dos assírios, 22esta é a resposta que sobre ele deu o Senhor:

Desprezou-te, zombou de ti a filha de Sião;
a cidade de Jerusalém sacudiu a cabeça por trás de ti.
23 E tu, ó rei, a quem censuraste e ultrajaste?
E contra quem levantaste a voz
e em quem puseste os olhos do alto de tua soberba?
Não foi contra o Santo de Israel?
24 Por meio dos teus servos desafiaste o Senhor
e disseste: ‘Com a multidão dos meus carros
passei por cima dos montes e das alturas do Líbano;
cortei a copa dos seus cedros
e de seus mais belos abetos,
penetrei em suas partes altas
e no coração da mata.
25 Cavei em terra estrangeira para beber água
e com a marca do meu pé fiz secar
todos os rios do Egito’.
26 Acaso, ó rei, não ouviste dizer?
Eu há tempos fiz tudo isso,
decidi outrora o que agora executo:
o extermínio das cidades fortificadas,
até se reduzirem a montões de pedras.
27 Os seus habitantes, reduzidos a grupos,
tremiam de medo e confusão;
ficaram como capim do mato,
como a grama nova ou a nascida nos tetos,
que seca ao soprar o vento sul.
28 Eu sei quando estás em casa,
quando sais e quando entras,
conheço tuas atitudes contra mim.
29 Quando te irritares contra mim
e a voz da tua soberba chegar aos meus ouvidos,
porei uma argola em teu nariz
e um freio nos teus lábios,
e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.
30 Quanto a ti, Israel, segue esta indicação:
Este ano, será alimento o que for colhido,
no ano seguinte, só o que for nascido espontaneamente,
e no terceiro ano, deveis semear e colher,
plantar vinhas e consumir os frutos.
31 O que for salvo da casa de Judá,
o que restar, criará raiz no solo
e dará frutos nos ramos.
32 De Jerusalém sairá o último resto
e do monte Sião, o grupo dos salvos.
O desvelo do Senhor dos exércitos o realizará.
33 Eis agora o que diz o Senhor do rei dos assírios:
Ele não invadirá esta cidade,
não desfechará um tiro de flecha,
não encostará nela o escudo,
não porá contra ela sua máquina de guerra.
34 Ele voltará pelo caminho por onde veio,
e não entrará nesta cidade, diz o Senhor.
35 Hei de protegê-la e salvá-la,
prometo por mim e pelo meu servo Davi”.

Responsório Is 52,9b-10

R. O Senhor compadeceu-se de seu povo
e redimiu Jerusalém.
* Os confins de toda a terra hão de ver
a salvação de nosso Deus.
V. O Senhor manifestou seu santo braço,
ante os olhos das nações. * Os confins.

Segunda leitura

Dos Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, de São Bernardo, abade

(Sermo 83,4-6: Opera omnia, Edit. Cisterc. 2[1958], 300-302)                Séc.XII

Amo porque amo, amo para amar

O amor basta-se a si mesmo, em si e por sua causa encontra satisfação. É seu mérito, seu próprio prêmio. Além de si mesmo, o amor não exige motivo nem fruto. Seu fruto é o próprio ato de amar. Amo porque amo, amo para amar. Grande coisa é o amor, contanto que vá a seu princípio, volte à sua origem, mergulhe em sua fonte, sempre beba donde corre sem cessar. De todos os movimentos da alma, sentidos e afeições, o amor é o único com que pode a criatura, embora não condignamente, responder ao Criador e, por sua vez, dar-lhe outro tanto. Pois quando Deus ama não quer outra coisa senão ser amado, já que ama para ser amado; porque bem sabe que serão felizes pelo amor aqueles que o amarem.  

O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo-Amor somente procura a resposta do amor e a fidelidade. Seja permitido à amada corresponder ao amor! Por que a esposa e esposa do Amor não deveria amar? Por que não seria amado o Amor?  

É justo que, renunciando a todos os outros sentimentos, única e totalmente se entregue ao amor, aquela que há de corresponder a ele, pagando amor com amor. Pois mesmo que se esgote toda no amor, que é isto diante da perene corrente do amor do outro? Certamente não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, do Criador e da criatura; há entre eles a mesma diferença que entre o sedento e a fonte.  

E então? Desaparecerá por isto e se esvaziará de todo a promessa da desposada, o desejo que suspira, o ardor da que a ama, a confiança da que ousa, já que não pode de igual para igual correr com o gigante, rivalizar a doçura com o mel, a brandura com o cordeiro, a alvura com o lírio, a claridade com o sol, a caridade com aquele que é a caridade?Não. Mesmo amando menos, por ser menor, se a criatura amar com tudo o que é, haverá de dar tudo. Por esta razão, amar assim é unir-se em matrimônio, porque não pode amar deste modo e ser menos amada, de sorte que no consenso dos dois haja íntegro e perfeito casamento. A não ser que alguém duvide ser amado primeiro e muito mais pelo Verbo.

Responsório Sl 30(31),20; 35(36),9

R. Como é grande, ó Senhor, vossa bondade,
* Que reservastes para aqueles que vos temem!
V. Na abundância de vossa morada
ele vem saciar-se de bens.
Vós lhes dais de beber água viva
nas torrentes de vossas delícias. * Que reservastes.

Oração

Ó Deus, que fizestes do abade São Bernardo, inflamado de zelo por vossa casa, uma luz que brilha e ilumina a Igreja, dai-nos, por sua intercessão, o mesmo fervor para caminharmos sempre como filhos da luz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.