Ofício das Leituras


V.
 Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Aquele a quem adoram
o céu, a terra, o mar,
o que governa o mundo,
na Virgem vem morar.

A lua, o sol e os astros
o servem, sem cessar.
Mas ele vem no seio
da Virgem se ocultar.

Feliz, ó Mãe, que abrigas
na arca do teu seio
o Autor de toda a vida,
que vive em nosso meio.

Feliz chamou-te o Anjo,
o Espírito em ti gerou
dos povos o Esperado,
que o mundo transformou.

Louvor a vós, Jesus,
nascido de Maria,
ao Pai e ao Espírito
agora e todo o dia.

Salmodia

Ant. 1 Estou cansado de gritar e de esperar pelo meu Deus.

Salmo 68(69), 2-22.30-37

O zelo pela vossa casa me devora

Deram vinho misturado com fel para Jesus beber (Mt 27,34).

I

2 Salvai-me, ó meu Deus, porque as águas *
a o meu pescoço já chegaram!
3 Na lama do abismo eu me afundo *
e não encontro um apoio para os pés.
– Nestas águas muito fundas vim cair, *
e as ondas já começam a cobrir-me!

4 À força de gritar, estou cansado; *
minha garganta já ficou enrouquecida.
– Os meus olhos já perderam sua luz, *
de tanto esperar pelo meu Deus!

5 Mais numerosos que os cabelos da cabeça, *
são aqueles que me odeiam sem motivo;
– meus inimigos são mais fortes do que eu; *
contra mim eles se voltam com mentiras!

– Por acaso poderei restituir *
alguma coisa que de outros não roubei?
6 Ó Senhor, vós conheceis minhas loucuras, *
e minha falta não se esconde a vossos olhos.

7 Por minha causa não deixeis desiludidos *
os que esperam sempre em vós, Deus do universo!
– Que eu não seja a decepção e a vergonha *
dos que vos buscam, Senhor Deus de Israel!

8 Por vossa causa é que sofri tantos insultos, *
e o meu rosto se cobriu de confusão;
9 eu me tornei como um estranho a meus irmãos, *
como estrangeiro para os filhos de minha mãe.

10 Pois meu zelo e meu amor por vossa casa *
me devoram como fogo abrasador;
– e os insultos de infiéis que vos ultrajam *
recaíram todos eles sobre mim!

11 Se aflijo a minha alma com jejuns, *
fazem disso uma razão para insultar-me;
12 se me visto com sinais de penitência, *
eles fazem zombaria e me escarnecem!
13 Falam de mim os que se assentam junto às portas, *
sou motivo de canções, até de bêbados!

Ant. Estou cansado de gritar e de esperar pelo meu Deus.

Ant. 2 Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre.

II

14 Por isso elevo para vós minha oração, *
neste tempo favorável, Senhor Deus!
– Respondei-me pelo vosso imenso amor, *
pela vossa salvação que nunca falha!

=15 Retirai-me deste lodo, pois me afundo! †
Libertai-me, ó Senhor, dos que me odeiam, *
e salvai-me destas águas tão profundas!
=16 Que as águas turbulentas não me arrastem, †
não me devorem violentos turbilhões, *
nem a cova feche a boca sobre mim!

17 Senhor, ouvi-me, pois suave é vossa graça, *
ponde os olhos sobre mim com grande amor!
18 Não oculteis a vossa face ao vosso servo! *
Como eu sofro! Respondei-me bem depressa!
19 Aproximai-vos de minh’alma e libertai-me, *
apesar da multidão dos inimigos!

=20 Vós conheceis minha vergonha e meu opróbrio, †
minhas inrias, minha grande humilhação; *
os que me afligem estão todos ante vós!
21 O insulto me partiu o coração; *
não suportei, desfaleci de tanta dor!

= Eu esperei que alguém de mim tivesse pena, †
mas foi em vão, pois a ninguém pude encontrar; *
procurei quem me aliviasse e não achei!
22 Deram-me fel como se fosse um alimento, *
em minha sede ofereceram-me vinagre!

Ant. Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre.

Ant. 3 Procurai o Senhor continuamente,
e o vosso coração revive.

III

30 Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! *
Que vosso aulio me levante, Senhor Deus!
31 Cantando eu louvarei o vosso nome *
e agradecido exultarei de alegria!
32 Isto se mais agradável ao Senhor, *
que o sacricio de novilhos e de touros.

=33 Humildes, vede isto e alegrai-vos: †
vosso coração reviverá, *
se procurardes o Senhor continuamente!

34 Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, *
e não despreza o clamor de seus cativos.
35 Que céus e terra glorifiquem o Senhor *
com o mar e todo ser que neles vive!

=36 Sim, Deus vi e salvará Jerusalém, †
reconstruindo as cidades de Judá, *
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
=37 A descendência de seus servos há de herdá-las, †
e os que amam o santo nome do Senhor *
dentro delas fixarão sua morada!

Ant. Procurai o Senhor continuamente,
e o vosso coração revive.

V. O Senhor há de ensinar-nos seus caminhos.
R. E trilharemos, todos nós, suas veredas.

Primeira leitura

Do Livro das Lamentações             3,1-33

Lamentação e esperança 

1 Sou um homem que vejo a minha miséria,
como punição da ira de Deus.
2 Ele me levou a caminhar
nas trevas, e não na luz.
3 Somente contra mim
não cessa de levantar a mão
o dia inteiro.
4 Destruiu minha pele e minha carne,
quebrou os meus ossos.
5 Ocupou minha vizinhança
e rodeou-me de fel e de aflição.
6 Fez-me habitar na escuridão,
como fez aos que estão mortos para sempre.
7 Cercou-me de muros para eu não escapar,
reforçou minhas algemas.
8 Mesmo que eu clame e rogue,
ele rejeita minha oração.
 Fechou meu caminho com pedras,
obstruiu minha passagem.
10 Tornou-se para mim um urso de tocaia,
um leão escondido.
11 Obstruiu, sim, meu caminho e me abateu,
deixou-me arrasado.
12 Retesou o arco e me pôs
como alvo de suas flechas.
13 Cravou-me nos rins
as flechas de sua aljava.
14 Tornei-me o gracejo de todo o povo,
sua cantiga de todo dia.
15 Encheu-me de amargura,
embriagou-me com absinto.
16 Quebrou-me os dentes com cascalho,
cobriu-me de cinza.
17 Minha vida distanciou-se da paz,
estou esquecido de seus bens.
18 Disse para mim mesmo:
“Acabou-se o meu vigor,
minha esperança ausentou-se do Senhor”.
19 Lembra-te de minha miséria e de meus extravios,
amargos como fel e absinto.
20 Remorde-me a memória,
vai-se consumindo a minh’alma.
21 Revolverei essas coisas no espírito,
por isso continuo esperando.
22 É pela bondade do Senhor que não fomos destruídos,
não se esgotou a sua misericórdia;
23 cada manhã ela se renova;
grande é tua fidelidade, Senhor.
24 Diz minh’alma: “O Senhor é minha herança,
por isso, espero por ele”.
25 O Senhor é bondoso para quem nele confia,
para a alma que o procura.
26 É bom aguardar em silêncio
a salvação que vem de Deus.
27 É bom para o homem sofrer o jugo
na sua mocidade.
28 Quando isto lhe é imposto,
queda-se em solidão e em silêncio.
29 Deita-se com o rosto no chão,
implorando a esperança.
30 Oferece o rosto a quem o espanca,
sacia-se de opróbrios.
31 É certo que o Senhor a ninguém
repele para sempre.
32 Se ele aflige, também se compadece
com infinitos gestos de misericórdia.
33Humilhar e afligir os homens
não procede do seu coração.

Responsório             Lm 3,52.54b.56a.57b.58; At 21,13b

R. Os que são meus inimigos me prenderam sem motivo;
e eu disse a mim mesmo: Estou perdido, ó Senhor!
Mas ouvistes minha voz
* E dissestes: Não receies!
Defendestes minha causa, Redentor da minha vida.
V. Estou pronto não apenas para ser encarcerado,
mas também para morrer pelo nome de Jesus.
* E dissestes.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo de Aquaeductu: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],282-283)         (Séc.XII)

É preciso meditar sobre os mistérios da salvação

O santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, se fará carne, de modo que aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28). 

No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (Jo 1,1), habitando na luz inacessível. O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34). 

Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo se fez carne e já habita em nós (Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação. Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado. 

De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu. 

O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo ele é o meu Deus. Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.

Responsório Lc 1,28

R. Não há quem seja semelhante a vós, Virgem Maria,
entre as filhas de Sião. Sois a Mãe do Rei dos reis,
sois dos anjos a Senhora e dos céus sois a Rainha.
* Sois bendita entre todas as mulheres desta terra
e bendito é o fruto que nasceu de vosso ventre!
V. Maria, alegrai-vos, ó cheia de graça,
o Senhor é convosco. * Sois bendita.

Oração

Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a encarnação do Cristo vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.