Ofício das Leituras de Sexta-feira da 32ª Semana do Tempo Comum

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:

Reinais no mundo inteiro,
Jesus, ó sol divino;
deixamos nossos leitos,
cantando este hino.

Da noite na quietude,

Ao som da voz do galo,
já foge a noite escura.
Ó Deus, ó luz da aurora,
nossa alma vos procura.

Enquanto as coisas dormem,
guardai-nos vigilantes,
brilhai aos nossos olhos
qual chama cintilante.

Do sono já despertos,
por graça imerecida,
de novo contemplamos
a luz, irmã da vida.

Ao Pai e ao Filho glória,
ao seu Amor também,
Deus Trino e Uno, luz
e vida eterna. Amém.

II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:

Criador do Universo
do Pai luz e resplendor,
revelai-nos vossa face
e livrai-nos do pavor.

Pelo Espírito repletos,
templos vivos do Senhor,
não se rendam nossas almas
aos ardis do tentador,

para que, durante a vida,
nas ações de cada dia,
pratiquemos vossa lei
com amor e alegria.

Glória a Cristo, Rei clemente,
e a Deus Pai, Eterno Bem,
com o Espírito Paráclito,
pelos séculos. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Ó meu Deus, escutai minha prece,
ao clamor do inimigo estremeço!

Salmo 54(55),2-15.17-24

Oração depois da traição de um amigo

Jesus começou a sentir medo e angústia (Mc 14,33)

I

2 Ó meu Deus, escutai minha prece, *
não fujais desta minha oração!
3 Dignai-vos me ouvir, respondei-me: *
a angústia me faz delirar!

4 Ao clamor do inimigo estremeço, *
e ao grito dos ímpios eu tremo.
– Sobre mim muitos males derramam, *
contra mim furiosos investem.

5 Meu coração dentro em mim se angustia, *
e os terrores da morte me abatem;
6 o temor e o tremor me penetram, *
o pavor me envolve e deprime!

=7 É por isso que eu digo na angústia: †
Quem me dera ter asas de pomba *
e voar para achar um descanso!
8 Fugiria, então, para longe, *
e me iria esconder no deserto.

Ant. Ó meu Deus, escutai minha prece,
ao clamor do inimigo estremeço!

Ant. 2 O Senhor have de libertar-nos
da mão do inimigo traiçoeiro.

II

– 9 Acharia depressa um regio *
contra o vento, a procela, o tufão.
=10 Ó Senhor, confundi as más línguas; †
dispersai-as, porque na cidade *
só se  violência e discórdia!

=11 Dia e noite circundam seus muros, †
12 dentro dela há maldades e crimes, *
a injustiça, a opressão moram nela!
– Violência, imposturas e fraudes *
já não deixam suas ruas e praças.

13 Se o inimigo viesse insultar-me, *
poderia aceitar certamente;
– se contra mim investisse o inimigo, *
poderia, talvez, esconder-me.

14 Mas és tu, companheiro e amigo, *
tu, meu íntimo e meu familiar,
15 com quem tive agradável convívio *
com o povo, indo à casa de Deus!

Ant. O Senhor have de libertar-nos
da mão do inimigo traiçoeiro.

Ant. 3 Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento.

III

17 Eu, porém, clamo a Deus em meu pranto, *
e o Senhor me haverá de salvar!
18 Desde a tarde, à manhã, ao meio-dia, *
faço ouvir meu lamento e gemido.

19 O Senhor há de ouvir minha voz, *
libertando a minh’alma na paz,
– derrotando os meus agressores, *
porque muitos estão contra mim!

20 Deus me ouve e haverá de humilhá-los, *
porque é Rei e Senhor desde sempre.
– Para os ímpios não há conversão, *
pois não temem a Deus, o Senhor.

21 Erguem a mão contra os próprios amigos, *
violando os seus compromissos;
22 sua boca está cheia de unção, *
mas o seu coração traz a guerra;
– suas palavras mais brandas que o óleo, *
na verdade, porém, são punhais.

23 Lança sobre o Senhor teus cuidados, *
porque ele há de ser teu sustento,
– e jamais ele irá permitir *
que o justo para sempre vacile!

24 Vós, porém, ó Senhor, os lançais *
no abismo e na cova da morte.
– Assassinos e homens de fraude *
não verão a metade da vida.
– Quanto a mim, ó Senhor, ao contrário: *
ponho em vós toda a minha esperança!

Ant. Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento.

V. Ó meu filho, fica atento ao meu saber,
R. Presta ouvidos à minha inteligência!

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Daniel             10,1-21

Visão do homem e aparição do anjo

No terceiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, revelou-se interiormente a Daniel, apelidado Baltasar, uma palavra, cheia de verdade e de significado. Ele entendeu a palavra e soube interpretar a visão interior. 2Naqueles dias, eu, Daniel, estive de luto durante três semanas: 3não comi nada de pão, não me entraram na boca nem carne nem vinho, não usei unguentos nem perfumes, até se completarem três semanas.

4 No dia vinte e quatro do primeiro mês, encontrava-me à beira do grande rio Tigre, 5quando, levantando os olhos, vi um homem vestido com roupas de linho e ostentando um cinturão de ouro; 6seu corpo parecia de pedra dourada; o rosto tinha uma aparência brilhante; seus olhos eram como tochas ardentes; dos braços aos pés, o aspecto era de bronze polido, e o rumor de suas palavras parecia o de uma multidão. 7Somente eu, Daniel, tive essa visão; ora, as pessoas que estavam comigo nada viram da visão, mas, tomadas de pânico, fugiram para esconder-se. 8Eu, deixado sozinho, vendo essa estranha visão, não tive mais resistência: meu aspecto mudou até perder a cor, e as forças me abandonaram. 9Eu ouvi as palavras da visão; e ao ouvir o som dessas palavras, caí prostrado como rosto por terra.

10 Eis que uma mão me tocou e me fez levantar sobre os joelhos e as palmas das mãos, 11e me disse: “Daniel, homem muito estimado, procura entender o que te vou dizer, e põe-te de pé; eu fui enviado a ti”. Ao dizer estas palavras, eu me pus de pé, a tremer. 12Disse-me então: “Não tenhas medo, pois desde o primeiro dia em que te aplicaste à contemplação e à virtude diante do teu Deus, foram ouvidas as tuas súplicas, e eu aqui estou por causa de tuas palavras. 13O príncipe do reino dos persas resistiu-me durante vinte e um dias; eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio em meu auxílio; e eu, então, me deixei ficar lá, ao lado do rei dos persas. 14Vim para te dizer o que irá acontecer ao teu povo nos últimos dias, pois a visão ainda se prolongará.” 15Enquanto ele me falava nesses termos, inclinei o meu rosto para o chão, em silêncio. 16De repente, um ser de aparência humana me tocou os lábios. Abri a boca para falar e disse ao que estava à minha frente: “Senhor meu, estou perturbado com esta visão, não tenho mais força alguma. 17Como poderá este teu servo falar com o seu Senhor? Pois não me restam mais forças, nem eu tenho mais fôlego”. 18Então o ser de aparência humana tocou-me de novo e encorajou-me, dizendo: 19“Não temas, caríssimo. Paz! Coragem! Sê firme!” Ao falar comigo, senti-me melhor, e então eu disse: “Agora fala, meu Senhor, pois me fortaleceste”.

20 Disse-me ele: “Acaso sabes por que vim ter contigo? Pois estou de volta para combater contra o príncipe dos persas. Eu estou partindo, mas eis que o príncipe dos gregos está chegando. 21Contudo o que eu te anunciar está expresso na escritura da verdade. Contra eles ninguém me ajudará, a não ser Miguel, o vosso príncipe”.

Responsório Dn 10,12.19a.21a

R. Desde o dia inicial, em que aplicaste o coração
a compreender e a humilhar-te, perante o teu Senhor,
* Foram ouvidas tuas palavras por causa de tuas preces.
V. Não tenhas medo, Daniel, vou explicar-te as palavras
da Escritura da Verdade. * Foram ouvidas.

Segunda leitura

Da Homilia de um Autor do século segundo

(Cap.15,1-17,2: Funk 1,163-165)

Convertamo-nos a Deus que nos chamou

Penso não ter dado um conselho sem importância sobre a temperança; se alguém o seguir, não se arrependerá e salvará a si mesmo e a mim que dei o conselho. Não é pequena a recompensa de quem reconduzir à salvação o que se extraviara e se perdera. Podemos retribuir a Deus, nosso criador, se aquele que dize o que escuta disser e escutar com fé e caridade.

Permaneçamos, pois, justos e santos em nossa fé e oremos com confiança a Deus que afirmou: Ainda estarás a falar e te responderei: Eis-me aqui (cf. Is 58,9). Esta palavra é sinal de grande promessa; porque o Senhor se mostra mais pronto a dar do que o suplicante a pedir. Participantes de tão grande benignidade, não invejemos um ao outro por ter recebido bens tão excelentes. Estas palavras enchem de tanto gozo aos que as realizam, quanto de reprovação aos rebeldes.

Irmãos, tendo assim uma boa ocasião de nos arrepender, enquanto temos tempo e há quem nos receba, convertamo-nos para o Senhor que nos chamou. Se renunciamos a nossas paixões desregradas, dominamos nossa alma. Negando-lhe seus desejos maus, participaremos da misericórdia de Jesus. Sabei, pois, já vem o dia do juízo qual fornalha ardente e parte dos céus se desfará (cf. Ml 3,19) e toda a terra será liquefeita como chumbo ao fogo. Neste momento, ficarão patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas. Por isso, a esmola é boa como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais que estes dois: a caridade cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8). Contudo, a oração, feita de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas coisas; porque a esmola afasta o pecado. Façamos, portanto, penitência de todo o coração, para que nenhum de nós pereça. Se temos a obrigação de afastar os outros do culto dos ídolos e instruí-los, quanto mais devemos nos empenhar na salvação de todas as almas, que já gozam do verdadeiro conhecimento de Deus! Ajudemo-nos, então, um ao outro, de modo a reconduzir ao bem mesmo os fracos; para salvarmo-nos todos, não só cada um se converta, mas exortemo-nos mutuamente.

Responsório Jd 21; Tt 2,12

R. Conservai-vos no amor do Senhor;
* Aguardando a misericórdia
de nosso Senhor Jesus Cristo,
em vista da vida eterna.
V. Rejeitando a impiedade e toda mundana paixão,
vivamos aqui nesta terra
com bom senso, justiça e piedade.
* Aguardando.

Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.


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