V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Esta introdução se omite quando o Invitatório precede imediatamente ao Ofício das Leituras.
Hino
I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:
Criastes céu e terra,
a vós tudo obedece;
livrai a nossa mente
do sono que entorpece.
As culpas perdoai,
Senhor, vos suplicamos;
de pé, para louvar-vos,
o dia antecipamos.
À noite as mãos e as almas
erguemos para o templo:
mandou-nos o Profeta,
deixou-nos Paulo o exemplo.
As faltas conheceis
e até as que ocultamos;
a todas perdoai,
ansiosos suplicamos.
A glória seja ao Pai,
ao Filho seu também,
ao Espírito igualmente,
agora e sempre. Amém.
II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:
A vós, honra e glória,
Senhor do saber,
que vedes o íntimo
profundo do ser,
e em fontes de graça
nos dais de beber.
As boas ovelhas
guardando, pastor,
buscais a perdida
nos montes da dor,
unindo-as nos prados
floridos do amor.
A ira do Rei
no dia final
não junte aos cabritos
o pobre mortal.
Juntai-o às ovelhas
no prado eternal.
A vós, Redentor,
Senhor, Sumo Bem,
louvores, vitória
e glória convém,
porque reinais sempre
nos séculos. Amém.
Salmodia
Ant. 1 O amor e a verdade vão andando à vossa frente.
Salmo 88(89),2-38
As misericórdias do Senhor
com a descendência de Davi
Conforme prometera, da descendência de Davi, Deus fez surgir um Salvador, que é Jesus (At 13,22.23).
I
–2 Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, *
de geração em geração eu cantarei vossa verdade!
–3 Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” *
E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
–4 “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito, *
e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor:
–5 Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, *
de geração em geração garantirei o teu reinado!”
–6 Anuncia o firmamento vossas grandes maravilhas, *
e o vosso amor fiel, a assembleia dos eleitos,
–7 pois, quem pode, lá nas nuvens, ao Senhor se comparar*
e quem pode, entre seus anjos, ser a ele semelhante?
–8 Ele é o Deus temível no conselho dos seus santos,*
ele é grande, ele é terrível para quantos o rodeiam.
–9 Senhor Deus do universo, quem será igual a vós? *
Ó Senhor, sois poderoso, irradiais fidelidade!
–10 Dominais sobre o orgulho do oceano furioso, *
quando as ondas se levantam, dominando as acalmais.
–11 Vós feristes a Raab e o deixastes como morto, *
vosso braço poderoso dispersou os inimigos.
–12 É a vós que os céus pertencem, e a terra é também vossa!*
Vós fundastes o universo e tudo aquilo que contém.
–13 Vós criastes no princípio tanto o norte como o sul; *
o Tabor e o Hermon em vosso nome rejubilam.
–14 Vosso braço glorioso se revela com poder! *
Poderosa é vossa mão, é sublime a vossa destra!
–15 Vosso trono se baseia na justiça e no direito, *
vão andando à vossa frente o amor e a verdade.
–16 Quão feliz é aquele povo que conhece a alegria; *
seguirá pelo caminho, sempre à luz de vossa face!
–17 Exultará de alegria em vosso nome dia a dia, *
e com grande entusiasmo exaltará vossa justiça.
–18 Pois sois vós, ó Senhor Deus, a sua força e sua glória, *
é por vossa proteção que exaltais nossa cabeça.
–19 Do Senhor é o nosso escudo, ele é nossa proteção, *
ele reina sobre nós, é o Santo de Israel!
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O amor e a verdade vão andando à vossa frente.
Ant. 2 O Filho de Deus se fez homem
e nasceu da família de Davi.
II
=20 Outrora vós falastes em visões a vossos santos: †
“Coloquei uma coroa na cabeça de um herói *
e do meio deste povo escolhi o meu Eleito.
–21 Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, *
e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado.
–22 Estará sempre com ele minha mão onipotente, *
e meu braço poderoso há de ser a sua força.
–23 Não será surpreendido pela força do inimigo, *
nem o filho da maldade poderá prejudicá-lo.
–24 Diante dele esmagarei seus inimigos e agressores, *
ferirei e abaterei todos aqueles que o odeiam.
–25 Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, *
sua força e seu poder por meu nome crescerão.
–26 Eu farei que ele estenda sua mão por sobre os mares, *
e a sua mão direita estenderei por sobre os rios.
–27 Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai, *
sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!’
–28 E por isso farei dele o meu filho primogênito, *
sobre os reis de toda a terra farei dele o Rei altíssimo.
–29 Guardarei eternamente para ele a minha graça *
e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel.
–30 Pelos séculos sem fim conservarei sua descendência, *
e o seu trono, tanto tempo quanto os céus, há de durar”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Filho de Deus se fez homem
e nasceu da família de Davi.
Ant. 3 Eu jurei uma só vez a Davi, meu servidor:
Eis que a tua descendência durará eternamente.
III
–31 “Se seus filhos, porventura, abandonarem minha lei *
e deixarem de andar pelos caminhos da Aliança;
–32 se, pecando, violarem minhas justas prescrições *
e se não obedecerem aos meus santos mandamentos:
–33 eu, então, castigarei os seus crimes com a vara, *
com açoites e flagelos punirei as suas culpas.
–34 Mas não hei de retirar-lhes minha graça e meu favor *
e nem hei de renegar o juramento que lhes fiz.
–35 Eu jamais violarei a Aliança que firmei, *
e jamais hei de mudar o que meus lábios proferiram!
–36 Eu jurei uma só vez por minha própria santidade, *
e portanto, com certeza,a Davi não mentirei!
–37 Eis que a sua descendência durará eternamente *
e seu trono ficará à minha frente como o sol;
–38 como a lua que perdura sempre firme pelos séculos, *
e no alto firmamento é testemunha verdadeira”.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eu jurei uma só vez a Davi, meu servidor:
Eis que a tua descendência durará eternamente.
V. Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina.
R. Ela dá sabedoria aos pequeninos.
Primeira leitura
Do Livro do Eclesiastes 5,9–6,8
Inanidade das riquezas
5,9 Quem ama o dinheiro, nunca dele está farto; quem ama a riqueza não tira proveito dela. Isso também é vaidade. 10 Onde os bens se multiplicam, aumentam também aqueles que os devoram; que vantagem tem o dono, a não ser ficar olhando sua riqueza?
11 Coma muito ou coma pouco,
o sono de quem trabalha é tranquilo;
mas a abundância do rico
não o deixa dormir.
12Há um mal doloroso que vejo debaixo do sol: as riquezas que o dono acumula para a sua própria desgraça. 13Num mau negócio ele perde as riquezas e, se gerou um filho, este fica de mãos vazias. 14Nu como saiu do ventre materno, assim voltará como veio: nada retirou do seu trabalho que possa levar na sua mão. 15Isso também é um mal doloroso: ele vai-se embora assim como veio; e que proveito tirou de tanto trabalho? Apenas vento! 16Consome todos os seus dias nas trevas, em muitos desgostos, doença e tristeza. 17Eis o que observei: é algo bom, agradável, comer e beber, e gozar cada um a felicidade em todo o trabalho que se faz debaixo do sol, durante os dias da vida que Deus concede ao homem. Pois esta é a sua porção. 18Se a um homem Deus concede riquezas e recursos que o tornam capaz de sustentar-se, de receber a sua porção e desfrutar do seu trabalho, isso é um dom de Deus. 19Ele não se lembrará muito dos dias que viveu, pois Deus enche de alegria o seu coração.
6,1 Há outro mal que observei debaixo do sol e que é grave para os seres humanos: 2um homem a quem Deus concedeu riquezas, recursos e honra, e nada lhe falta de tudo o que poderia desejar; Deus, porém, não lhe permite usufruir dessas coisas, pois é um estrangeiro que delas desfrutará; isto é vaidade e sofrimento cruel. 3Um homem que tiver gerado cem filhos e vivido por muitos anos, por muitos que sejam os dias de sua vida, se não puder saciar-se de seus bens, e nem sequer ter sepultura, dele eu digo: seria melhor que fosse um aborto, 4o qual chega em vão e se vai para as trevas, e na escuridão é sepultado o seu nome; 5ele não viu nem conheceu o sol, e tem mais sossego do que um tal homem. 6E mesmo que esse homem vivesse dois mil anos, sem experimentar a felicidade, não vão todos para o mesmo lugar?
7Todo o trabalho do homem é para a sua boca
e, no entanto, ele nunca está satisfeito.
8Que vantagem tem o sábio sobre o insensato, e qual a do pobre que sabe enfrentar a vida?
Responsório Pr 30,8; Sl 30(31),15a.16a
R. Afastai para longe de mim,
ó Senhor, a perfídia e a mentira!
* Não me deis nem pobreza ou riqueza,
mas somente o que me é necessário.
V. A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio,
eu entrego em vossas mãos o meu destino.
* Não me deis.
Segunda leitura
Do Comentário sobre o Eclesiastes, de São Jerônimo, presbítero
(PL23,1057-1059) (Séc.V)
Procurai as coisas do alto
Recebeu alguém de Deus riquezas e bens e a possibilidade de gozar deles, de tomar sua porção e de alegrar-se em seu trabalho, também isso é dom de Deus. Não terá muito que pensar nos dias de sua vida, visto que Deus o ocupa com a alegria do coração. Em comparação daquele que se sacia de suas posses nas trevas das preocupações e, com grande tédio da vida, acumula as coisas perecíveis, declara ser preferível aquele que desfruta coisas presentes. Este, pelo menos, sente-se feliz em usá-las; para aquele, porém, apenas o peso das inquietações. E diz por que é um dom de Deus poder gozar das riquezas. É porque não terá muito que pensar nos dias de sua vida.
Com efeito, Deus o ocupa com a alegria de seu coração: não terá tristeza, não se afligirá com pensamentos, levado pela alegria e o prazer das coisas diante de si. Contudo, melhor ainda é entender, com o Apóstolo, o alimento e a bebida espirituais, dados por Deus, e ver a bondade de todo seu esforço, porque com enorme trabalho e desejo vamos poder contemplar os bens verdadeiros. É esta a nossa porção, alegrarmo-nos em nosso desejo e fadiga. Que é um bem, sem dúvida, mas até que Cristo, nossa vida, se manifeste, ainda não é a plenitude do bem. Todo o trabalho do homem é para sua boca e, no entanto, seu espírito não se sacia. Qual é a vantagem do sábio sobre o insensato? Qual a do pobre, se não de saber como caminhar em face da vida?
O fruto de todo trabalho dos homens neste mundo é consumido pela boca, mastigado e desce ao estômago para ser digerido. E por muito pouco tempo deleita o paladar, pois dá prazer somente enquanto está na boca.
Além disto, não se sacia a alma de quem comeu. Primeiro, porque deseja comer, de novo, pois quer o sábio, quer o tolo, não pode viver sem alimento, e a preocupação do pobre é sustentar seu mirrado corpo para não morrer à míngua. Segundo, porque a alma não encontra utilidade alguma na refeição do corpo, o alimento é comum ao sábio e ao ignorante, e o pobre vai aonde percebe haver recursos.
Todavia é preferível entender a expressão do autor do Eclesiástico que, instruído nas Escrituras celestes, concentra todo o trabalho em sua boca, e sua alma não se sacia por desejar sempre aprender. Nisso tem mais o sábio do que o insensato; porque, embora se sinta pobre (aquele pobre que o Evangelho declara feliz), caminha para alcançar a vida, seguindo pela estrada apertada e difícil que a ela conduz. É pobre de obras más, porém, sabe onde mora Cristo, a vida.
Responsório Cf. Eclo 23,4-6.1.3b
R. Ó Senhor, meu Pai e Deus de minha vida,
não me deixeis entregue às más cogitações!
Não me deis olhos altivos e orgulhosos!
Afastai-me, ó Senhor, do mau desejo!
* Ó Senhor, não me entregueis à irreverência,
nem me dominem os desejos impudentes!
V. Oh! não me abandoneis, Senhor meu Deus!
Que não cresça, ó Senhor, minha ignorância
e não se multipliquem os meus erros! * Ó Senhor.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.
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