Inácio foi o sucessor de Pedro no governo da Igreja de Antioquia. Condenado às feras,foi conduzido a Roma e aí, no tempo do imperador Trajano, recebeu a gloriosa coroa do martírio, no ano 107. Durante a viagem escreveu sete cartas a várias Igrejas, nas quais se refere, com profunda sabedoria e erudição, a Cristo, à organização da Igreja e aos princípios fundamentais da vida cristã. A sua memória era celebrada neste dia, já no século IV, em Antioquia.
Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Santo mártir, sê propício
no teu dia de esplendor,
em que cinges a coroa,
o troféu de vencedor.
Este dia sobre as trevas
deste mundo te elevou,
e, juiz e algoz vencendo,
todo a Cristo te entregou.
Entre os anjos ora brilhas,
testemunha inquebrantável,
com as vestes que lavaste
no teu sangue venerável.
Junto a Cristo, sê agora
poderoso intercessor;
ouça ele as nossas prece
se perdoe ao pecador.
Desce a nós por um momento,
de Jesus traze o perdão,
e os que gemem sob o fardo
grande alívio sentirão.
A Deus Pai, ao Filho Único
e ao Espírito, a vitória.
Deus te orna com coroa
na mansão da sua glória.
Salmodia
Ant. 1 Foi vossa mão e a luz de vossa face,
que no passado salvaram nossos pais.
Salmo 43(44)
Calamidades do povo
Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou (Rm 8,37).
I
–2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:
=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumentá-los, abatestes outros povos.
–4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;
– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
–5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;
–6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.
–7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;
–8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
–9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.
Ant. Foi vossa mão e a luz de vossa face,
que no passado salvaram nossos pais.
Ant. 2 O Senhor não afasta de vós a sua face,
se a ele voltardes de todo coração.
II
–10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
–11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adversários nos pilharam à vontade.
–12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
–13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!
–14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
–15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.
–16 À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
–17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.
Ant. O Senhor não afasta de vós a sua face,
se a ele voltardes de todo coração.
Ant. 3 Levantai-vos, ó Senhor,
não nos deixeis eternamente!
III
–18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
–19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
–20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!
–21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
–22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que vê o interior dos corações?
–23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!
–24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
–25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?
–26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!
Ant. Levantai-vos, ó Senhor, não nos deixeis eternamente!
V. Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo.
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Zacarias 8,1-17.20-23
Promessas de salvação em Sião
1 A palavra do Senhor dos exércitos foi manifestada nos seguintes termos:
2 “Isto diz o Senhor dos exércitos:
Tomei-me de forte ciúme por Sião,
consumo-me de zelo ciumento por ela.
3 Isto diz o Senhor: Voltei a Sião e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém será chamada Cidade Fiel, e o monte do Senhor dos exércitos, Monte Santo.
4 Isto diz o Senhor dos exércitos: Velhos e velhas ainda se sentarão nas praças de Jerusalém, cada qual com seu bastão na mão, devido à idade avançada; 5as praças da cidade se encherão de meninos e meninas a brincar em suas praças.
6 Isto diz o Senhor dos exércitos: Se tais cenas parecerem difíceis aos olhos do resto do povo, naqueles dias, acaso serão também difíceis aos meus olhos? – diz o Senhor dos
exércitos.
7 Isto diz o Senhor dos exércitos:
Eis que eu vou salvar o meu povo da terra do oriente e da terra do pôr-do-sol:
8 eu os conduzirei,
e eles habitarão no meio de Jerusalém;
serão meu povo
e eu serei seu Deus,
em verdade e com justiça.
9 Assim diz o Senhor dos exércitos: Que vossas mãos se fortaleçam, ó vós que escutais por esses dias estas palavras da boca dos profetas, quando foram lançados os alicerces da casa do Senhor dos exércitos, para a construção do templo.
10 Se antes desses dias
não havia paga para o trabalhador
nem ração para os animais,
nem tranqüilidade para os viajantes,
por causa da aflição geral,
é que eu abandonei os homens ao seu destino,
cada qual contra o seu próximo.
11 Já agora não serei mais
para os remanescentes do povo,
como fui naqueles dias de outrora,
diz o Senhor dos exércitos;
12 haverá, pois, a semente da paz,
a videira dará seu fruto,
e a terra, seus produtos,
e farei que os sobreviventes do povo
tomem posse disso tudo.
13 Acontecerá, ó casa de Judá e casa de Israel, que, assim como éreis objeto de maldição entre os povos, assim eu vos salvarei e sereis uma bênção para eles. Não temais; que vossas mãos se fortaleçam. 14Pois assim fala o Senhor dos exércitos: Assim como decidi castigar-vos, quando os vossos pais me provocaram, diz o Senhor dos exércitos, 15e não tive piedade, assim resolvi nesses dias tratar bem a Jerusalém, e a casa de Judá; não temais.
16 Cumpri, portanto, estas ordens: Falar a verdade uns aos outros e praticar a paz nos vossos tribunais 17e não guardar a maldade em vossos corações, uns contra os outros, nem recorrer ao juramento falso: são todas coisas que odeio”, diz o Senhor.
20 Isto diz o Senhor dos exércitos: Virão ainda povos e habitantes de cidades grandes, 21dizendo os habitantes de uma para os de outra cidade: “Vamos orar na presença do Senhor, vamos visitar o Senhor dos exércitos; eu irei também”. 22Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor.
23 Isto diz o Senhor dos exércitos: Naqueles dias, dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá, dizendo: “Nós iremos convosco; porque ouvimos dizer que Deus está convosco”.
Responsório Zc 8,7.9a; At 3,25a
R. Assim fala o Senhor: O meu povo eu salvarei
da terra do oriente e da terra do ocidente.
* Fortalecei as vossas mãos, vós que agora estais ouvindo
as palavras dos profetas.
V. Sois filhos dos profetas e filhos da Aliança
que Deus nos tempos idos firmou com vossos pais.
* Fortalecei.
nem precisa da lua; sua luz é o Cordeiro.
* Minha casa.
Segunda leitura
Da Carta aos romanos, de Santo Inácio, bispo e mártir
(Cap.4,1-2;6,1-8,3: Funk 1,217-223) (Séc. I)
Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras
Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que morro por Deus com alegria, desde que vós não me impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus.
Nem as delícias do mundo nem os reinos terrestres são vantagens para mim. Mais me aproveita morrer em Cristo Jesus do que imperar até os confins da terra. Procuro-o, a ele que morreu por nós; quero-o, a ele que por nossa causa ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai-me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, eu, que tanto desejo ser de Deus. Não me entregueis ao mundo nem me fascineis com o que é material. Deixai-me contemplar a luz pura; quando lá chegar, serei homem. Concedei-me ser imitador da paixão de meu Deus. Se alguém o possui no coração, entenderá o que quero e terá compaixão de mim, sabendo quais os meus impedimentos.
O príncipe deste mundo deseja arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o ajude! Ponde-vos de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Não podeis dizer o nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo. Que a inveja não more em vós! Mesmo que eu em pessoa vos rogue, não me acrediteis; crede antes no que vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado, a matéria não me inflama, porque uma água viva e murmurante dentro de mim me diz em segredo: “Vem para o Pai”. Não sinto prazer com o alimento corruptível nem com os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi; e quero a bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível.
Não quero mais viver segundo os homens. Isto acontecerá se vós quiserdes. Rogo-vos que o queirais para alcançardes também vós a misericórdia. Com poucas palavras dirijo-me a vós; acreditai em mim! Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade; ele, a boca verdadeira pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós por mim, para que o consiga. Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus vos escrevi. Se for martirizado, vós me quisestes bem; se rejeitado, vós me odiastes.
Responsório
R. Não há nada que vos falte se tiverdes fé e amor
em Jesus, nosso Senhor, pois são eles o princípio
e o fim de nossa vida.
* O princípio é a fé e o fim é a caridade.
V. Assumindo a mansidão, renovai-vos pela fé
que é a carne do Senhor e a caridade que é seu sangue.
* O princípio.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que ornais a vossa Igreja com o testemunho dos mártires, fazei que a gloriosa paixão que hoje celebramos, dando a Santo Inácio de Antioquia a glória eterna, nos conceda contínua proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.
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