Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Hino
Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.
Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.
Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.
Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Eis que Deus se põe de pé,
e os inimigos se dispersam! †
Salmo 67(68)
Entrada triunfal do Senhor
Tendo subido às alturas, ele capturou prisioneiros e distribuiu dons aos homens (Ef 4,8).
I
–2 Eis que Deus se põe de pé, e os inimigos se dispersam!*
† Fogem longe de sua face os que odeiam o Senhor!
=3 Como a fumaça se dissipa, assim também os dissipais, †
como a cera se derrete, ao contato com o fogo, *
assim pereçam os iníquos ante a face do Senhor!
–4 Mas os justos se alegram na presença do Senhor *
rejubilam satisfeitos e exultam de alegria!
=5 Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! †
Abri caminho para Aquele que avança no deserto; *
o seu nome é Senhor: exultai diante dele!
–6 Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor; *
é assim o nosso Deus em sua santa habitação.
=7 É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, †
quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura, *
mas abandona os rebeldes num deserto sempre estéril!
–8 Quando saístes com o povo, caminhando à sua frente *
e atravessando o deserto, a terra toda estremeceu;
–9 orvalhou o próprio céu ante a face do Senhor, *
e o Sinai também tremeu perante o Deus de Israel.
–10 Derramastes lá do alto uma chuva generosa, *
e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes;
–11 e ali vosso rebanho encontrou sua morada; *
com carinho preparastes essa terra para o pobre.
Ant. Eis que Deus se põe de pé,
e os inimigos se dispersam!
Ant. 2 Nosso Deus é um Deus que salva,
só o Senhor livra da morte.
II
–12 O Senhor anunciou a boa-nova a seus eleitos, *
e uma grande multidão de nossas jovens a proclama:
–13 “Muitos reis e seus exércitos fogem um após o outro, *
e a mais bela das mulheres distribui os seus despojos.
=14 Enquanto descansais entre a cerca dos apriscos, †
as asas de uma pomba como prata resplandecem, *
e suas penas têm o brilho de um ouro esverdeado.
–15 O Senhor onipotente dispersou os poderosos, *
dissipou-os como a neve que se espalha no Salmon!”
–16 Montanhas de Basã tão escarpadas e altaneiras *
ó montes elevados desta serra de Basã,
=17 por que tendes tanta inveja, ó montanhas sobranceiras, †
deste Monte que o Senhor escolheu para morar? *
Sim, é nele que o Senhor habitará eternamente!
–18 Os carros do Senhor contam milhares de milhares; *
do Sinai veio o Senhor, para morar no santuário.
=19 Vós subistes para o alto e levastes os cativos, †
os homens prisioneiros recebestes de presente, *
até mesmo os que não querem vão morar em vossa casa.
–20 Bendito seja Deus, bendito seja cada dia, *
o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos!
–21 Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador;*
o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!
–22 Ele esmaga a cabeça dos que são seus inimigos, *
e os crânios contumazes dos que vivem no pecado.
–23 Diz o Senhor: “Eu vou trazê-los prisioneiros de Basã, *
até do fundo dos abismos vou trazê-los prisioneiros!
–24 No sangue do inimigo o teu pé vai mergulhar, *
e a língua de teus cães terá também a sua parte”.
Ant. Nosso Deus é um Deus que salva,
só o Senhor livra da morte.
Ant. 3 Reinos da terra, celebrai
o nosso Deus, cantai-lhe salmos!
III
–25 Contemplamos, ó Senhor, vosso cortejo que desfila, *
é a entrada do meu Deus, do meu Rei, no santuário;
–26 os cantores vão à frente, vão atrás os tocadores, *
e no meio vão as jovens a tocar seus tamborins.
–27 “Bendizei o nosso Deus, em festivas assembléias! *
Bendizei nosso Senhor, descendentes de Israel!”
=28 Eis o jovem Benjamim que vai à frente deles todos; †
eis os chefes de Judá com as suas comitivas, *
os principais de Zabulon e os principais de Neftali.
–29 Suscitai, ó Senhor Deus, suscitai vosso poder, *
confirmai este poder que por nós manifestastes,
–30 a partir de vosso templo, que está em Jerusalém, *
para vós venham os reis e vos ofertem seus presentes!
=31 Ameaçai, ó nosso Deus, a fera brava dos caniços, †
a manada de novilhos e os touros das nações! *
Que vos rendam homenagem e vos tragam ouro e prata!
= Dispersai todos os povos que na guerra se comprazem!†
32 Venham príncipes do Egito, venham dele os poderosos,*
e levante a Etiópia suas mãos para o Senhor!
=33 Reinos da terra, celebrai o nosso Deus, cantai-lhe salmos! †
34 Ele viaja no seu carro sobre os céus dos céus eternos. *
Eis que eleva e faz ouvir a sua voz, voz poderosa.
–35 Dai glória a Deus e exaltai o seu poder por sobre as nuvens. *
Sobre Israel, eis sua glória e sua grande majestade!
–36 Em seu templo ele é admirável e a seu povo dá poder. *
Bendito seja o Senhor Deus, agora e sempre. Amém, amém!
Ant. Reinos da terra, celebrai
o nosso Deus, cantai-lhe salmos!
V. Eis o tempo de conversão!
R. Eis o dia da salvação!
Primeira leitura
Do Livro do Êxodo 32,1-20
O bezerro de ouro
Naqueles dias, 1vendo que Moisés demorava a descer do Monte, o povo reuniu-se em torno de Aarão e lhe disse: “Vamos! Faze-nos deuses que caminhem à nossa frente. Pois quanto àquele Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu”. 2E Aarão lhes disse: “Tirai os brincos de ouro das vossas mulheres, dos vossos filhos e das vossas filhas e trazei-os a mim”. 3Todo o povo fez o que lhe mandara, trazendo os brincos a Aarão. 4Recebendo o ouro, ele o moldou com o cinzel e fez um bezerro fundido. Então eles disseram: “Aí tens os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!” 5Ao ver isto, Aarão construiu um altar diante da imagem e proclamou: “Amanhã, haverá festa em honra do Senhor”. 6Levantando-se na manhã seguinte, ofereceram holocaustos e apresentaram sacrifícios pacíficos. Então, o povo sentou-se para comer e beber, e depois levantou-se para se divertir.
7O Senhor falou a Moisés: “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. 8Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’” 9E o Senhor disse ainda a Moisés: “Vejo que este é um povo de cabeça dura. 10Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação”.
11Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: “Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? 12Não permitas, te peço, que os egípcios digam: ‘Foi com má intenção que ele os tirou, para fazê-los perecer nas montanhas e exterminá-los da face da terra’. Aplaque-se a tua ira e perdoa a iniquidade do teu povo. 13Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste por juramento, dizendo: ‘Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre’”. 14E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo.
15Moisés voltou do cume da montanha, trazendo nas mãos as duas tábuas da aliança, que estavam escritas de ambos os lados. 16Elas eram obra de Deus e a escritura nelas gravada era a escritura mesma de Deus. 17Josué, ouvindo o tumulto do povo que gritava, disse a Moisés: “Há gritos de guerra no acampamento!” 18Moisés respondeu:
“Não são gritos de vitória,
nem gritos de derrota;
o que ouço
são vozes de gente que canta”.
19Quando chegou perto do acampamento,e viu o bezerro e as danças, Moisés encheu-se de ira e arremessou por terra as tábuas, quebrando-as no sopé da montanha. 20Em seguida, apoderou-se do bezerro que haviam feito, queimou-o e triturou-o, até reduzi-lo a pó. Depois, espalhou o pó na água, e fez os filhos de Israel beberem dela.
Responsório Sl 105(106),20.21.22.; cf. Rm 1,21.23
R. Eles trocaram o seu Deus, que é sua glória,
pela imagem de um boi, que come feno.
* Esqueceram-se de Deus que os salvara,
que fizera maravilhas no Egito,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.
V. Seus insensatos corações se escureceram
e trocaram, por imagens corruptíveis,
a glória do Deus incorruptível. * Esqueceram-se.
Segunda leitura
Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo
(Sermo 43: PL 52,320.322) (Séc.IV)
O que a oração pede, o jejum o alcança e a misericórdia o recebe
Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente.
O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.
Quem jejua, pense no sentido do jejum; seja sensível à fome dos outros quem deseja que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso quem espera alcançar misericórdia; quem pede compaixão, também se compadeça; quem quer ser ajudado, ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros aquilo que pede para si.
Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia;deste modo alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a rapidez que quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e presteza.
Peçamos, portanto, destas três virtudes – oração,jejum, misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam para nós uma única defesa, uma única oração sob três formas distintas.
Reconquistemos pelo jejum o que perdemos por não saber apreciá-lo; imolemos nossas almas pelo jejum, pois nada melhor podemos oferecer a Deus como ensina o Profeta: Sacrifício agradável a Deus é um espírito penitente; Deus não despreza um coração arrependido e humilhado (cf. Sl 50,19).
Homem, oferece a Deus a tua alma, oferece a oblação do jejum, para que seja uma oferenda pura, um sacrifício santo, uma vítima viva que ao mesmo tempo permanece em ti e é oferecida a Deus. Quem não dá isto a Deus não tem desculpa, porque todos podem se oferecer a si mesmos.
Mas, para que esta oferta seja aceita por Deus, a misericórdia deve acompanhá-la; o jejum só dá frutos se for regado pela misericórdia, pois a aridez da misericórdia faz secar o jejum. O que a chuva é para a terra, é a misericórdia para o jejum. Por mais que cultive o coração, purifique o corpo, extirpe os maus costumes e semeie as virtudes, o que jejua não colherá frutos se não abrir as torrentes da misericórdia.
Tu que jejuas, não esqueças que fica em jejum o teu campo se jejua a tua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia encherá de bens os teus celeiros. Portanto, ó homem, para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos outros, também tu não o possuirás.
Responsório Cf. Tb 12,8a.9
R. Boa coisa é a oração com o jejum
e melhor é a esmola com justiça,
do que a riqueza junto com a iniquidade;
* Pois é a esmola que livra da morte
e a nós de todo pecado liberta.
V. Quem dá esmola, terá longa vida. * Pois é.
Oração
Ó Deus, que a vossa graça não nos abandone, mas nos faça dedicados ao vosso serviço e aumente sempre em nós os vossos dons. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.