Sexta-feira depois das cinzas

Ofício das Leituras


V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém.

Hino

Agora é tempo favorável,
divino dom da Providência,
para curar o mundo enfermo
com um remédio, a penitência.

Da salvação refulge o dia,
na luz de Cristo a fulgurar.
O coração, que o mal feriu,
a abstinência vem curar.

Em corpo e alma, a abstinência,
Deus, ajudai-nos a guardar.
Por tal passagem, poderemos
à páscoa eterna, enfim, chegar.

Todo o Universo vos adore,
Trindade Santa, Sumo Bem.
Novos por graça entoaremos
um canto novo a vós. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Ó meu Deus, escutai minha prece,
ao clamor do inimigo estremeço!

Salmo 54(55),2-15.17-24

Oração depois da traição de um amigo

Jesus começou a sentir medo e angústia (Mc 14,33)

I

2 Ó meu Deus, escutai minha prece, *
não fujais desta minha oração!
3 Dignai-vos me ouvir, respondei-me: *
a angústia me faz delirar!

4 Ao clamor do inimigo estremeço, *
e ao grito dos ímpios eu tremo.
– Sobre mim muitos males derramam, *
contra mim furiosos investem.

5 Meu coração dentro em mim se angustia, *
e os terrores da morte me abatem;
6 o temor e o tremor me penetram, *
o pavor me envolve e deprime!

=7 É por isso que eu digo na angústia: †
Quem me dera ter asas de pomba *
e voar para achar um descanso!
8 Fugiria, então, para longe, *
e me iria esconder no deserto.

Ant. Ó meu Deus, escutai minha prece,
ao clamor do inimigo estremeço!

Ant. 2 O Senhor have de libertar-nos
da mão do inimigo traiçoeiro.

II

– 9 Acharia depressa um regio *
contra o vento, a procela, o tufão.
=10 Ó Senhor, confundi as más línguas; †
dispersai-as, porque na cidade *
só se  violência e discórdia!

=11 Dia e noite circundam seus muros, †
12 dentro dela há maldades e crimes, *
a injustiça, a opressão moram nela!
– Violência, imposturas e fraudes *
já não deixam suas ruas e praças.

13 Se o inimigo viesse insultar-me, *
poderia aceitar certamente;
– se contra mim investisse o inimigo, *
poderia, talvez, esconder-me.

14 Mas és tu, companheiro e amigo, *
tu, meu íntimo e meu familiar,
15 com quem tive agradável convívio *
com o povo, indo à casa de Deus!

Ant. O Senhor have de libertar-nos
da mão do inimigo traiçoeiro.

Ant. 3 Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento.

III

17 Eu, porém, clamo a Deus em meu pranto, *
e o Senhor me haverá de salvar!
18 Desde a tarde, à manhã, ao meio-dia, *
faço ouvir meu lamento e gemido.

19 O Senhor há de ouvir minha voz, *
libertando a minh’alma na paz,
– derrotando os meus agressores, *
porque muitos estão contra mim!

20 Deus me ouve e haverá de humilhá-los, *
porque é Rei e Senhor desde sempre.
– Para os ímpios não há conversão, *
pois não temem a Deus, o Senhor.

21 Erguem a mão contra os próprios amigos, *
violando os seus compromissos;
22 sua boca está cheia de unção, *
mas o seu coração traz a guerra;
– suas palavras mais brandas que o óleo, *
na verdade, porém, são punhais.

23 Lança sobre o Senhor teus cuidados, *
porque ele há de ser teu sustento,
– e jamais ele irá permitir *
que o justo para sempre vacile!

24 Vós, porém, ó Senhor, os lançais *
no abismo e na cova da morte.
– Assassinos e homens de fraude *
não verão a metade da vida.
– Quanto a mim, ó Senhor, ao contrário: *
ponho em vós toda a minha esperança!

Ant. Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento.

V. Voltai ao Senhor vosso Deus.
R. Ele é bom, compassivo e clemente!

Primeira leitura

Do Livro do Êxodo             2, 1-22

Nascimento e fuga de Moisés

Naqueles dias, 1um homem da família de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo, 2e ela concebeu e deu à luz um filho. Ao ver que era um belo menino, manteve-o escondido durante três meses. 3Mas não podendo escondê-lo por mais tempo, tomou uma cesta de junco, calafetou-a com betume e piche, pôs dentro dela a criança e deixou-a entre os caniços na margem do rio Nilo.4 A irmã do menino ficou a certa distância para ver o que ia acontecer.

5A filha do Faraó desceu para se banhar no rio, enquanto suas companheiras passeavam pela margem. Vendo, então, a cesta no meio dos caniços, mandou uma das servas apanhá-la. 6Abrindo a cesta, viu a criança: era um menino, que chorava. Ela compadeceu-se dele e disse: “É um menino dos hebreus”. 7A irmã do menino disse, então, à filha do Faraó: “Queres que te vá chamar uma mulher hebreia, que possa amamentar o menino?”8A filha do Faraó respondeu: “Vai”. E a menina foi e chamou a mãe do menino.9A filha do Faraó disse à mulher: “Leva este menino, amamenta-o para mim, e eu te pagarei o teu salário”. A mulher levou o menino e amamentou. 10Quando já estava crescido, ela levou-o à filha do Faraó, que o adotou como filho e lhe deu o nome de Moisés, porque, disse ela, “eu o tirei das águas”.

11 Um dia, quando já era adulto, Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus; viu sua aflição e como um egípcio maltratava um deles. 12 Olhou para os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e escondeu-o na areia. 13No dia seguinte, saiu de novo e viu dois hebreus brigando, e disse ao agressor: ‘Por que bates no teu companheiro?” 14E este replicou: “Quem te estabeleceu nosso chefe e nosso juiz? Acaso pretendes matar-me, como mataste o egípcio?” Moisés ficou com medo e disse consigo: “Com certeza, o fato se tornou conhecido”.

15 O Faraó foi informado do que aconteceu, e procurava matar Moisés. Mas este, fugindo da sua vista, parou na terra de Madiã, e sentou-se junto a um poço. 16Ora, o sacerdote de Madiã tinha sete filhas. Estas vieram tirar água e encher os bebedouros para dar de beber ao rebanho de seu pai. 17Chegaram uns pastores e quiseram expulsá-las dali. Mas Moisés levantou-se em defesa delas e deu de beber ao seu rebanho. 18 Ao voltarem para junto de Raguel, seu pai, este perguntou-lhes: “Por que viestes mais cedo hoje?” 19Elas responderam: “Um egípcio livrou-nos dos pastores; além disso, ele mesmo tirou água para nós e deu de beber ao rebanho”. 20Raguel, então, perguntou as filhas: “E onde está ele? Por que o deixastes ir embora? Ide chamá-lo, para que coma alguma coisa”. 21Moisés consentiu em ficar com ele, e este homem deu-lhe sua filha Séfora como esposa. 22Ela teve um filho, a quem Moisés chamou Gersam, pois disse: “Sou um estrangeiro em terra estranha”.

Responsório             Cf. Hb 11,24-25.26.27

R. Movido pela fé, Moisés, já sendo adulto,
recusou considerar-se da família do Faraó,
preferindo tomar parte nas agruras de seu povo,
a gozar, por algum tempo, das vantagens do pecado;
* Pois trazia os olhos fixos na esperada recompensa.

V. Estimou maior riqueza os opróbrios pelo Cristo
que os tesouros dos Egípcios;
pela fé deixou o Egito. * Pois trazia.

Segunda leitura

Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo

(Supp., Hom. 6 de precatione: PG 64,462-466)             (Séc. IV)

A oração é a luz da alma

A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem interrupção.

Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas – como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo – é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, temperadas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.

A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.

A oração é venerável mensageira que nos leva à presença de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26).

Semelhante oração, quando o Senhor a concede a alguém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador quê abrasa o coração.

Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.

Responsório             Lm 5,20.21a; Mt 8,25b

R. Por que nos esqueceis eternamente?
Por que nos rejeitais por toda a vida?
* Ó Senhor, reconduzi-nos para vós,
e para vós nós voltaremos convertidos!
V. Salvai-nos, ó Senhor, que perecemos. * Ó Senhor.

Oração

Ó Deus, assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.