Ofício das Leituras


V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém.

Hino

Cantem meus lábios a luta
que sobre a cruz se travou;
cantem o nobre triunfo
que no madeiro alcançou
o Redentor do Universo
quando por nós se imolou.

O Criador teve pena
do primitivo casal,
que foi ferido de morte,
comendo o fruto fatal,
e marcou logo outra árvore,
para curar-nos do mal.

Tal ordem foi exigida
na obra da salvação:
cai o inimigo no laço
de sua própria invenção.
Do próprio lenho da morte
Deus fez nascer redenção.

Na plenitude dos tempos,
a hora santa chegou
e, pelo Pai enviado,
nasceu do mundo o autor;
e duma Virgem no seio
a nossa carne tomou.

Seis lustros tendo passado,
cumpriu a sua missão.
Só para ela nascido,
livre se entrega à Paixão.
Na cruz se eleva o Cordeiro,
como perfeita oblação.

Glória e poder à Trindade.
Ao Pai e ao Filho, louvor.
Honra ao Espírito Santo.
Eterna glória ao Senhor,
que nos salvou pela graça
e nos remiu pelo amor.

Salmodia

Ant. 1 Os reis de toda a terra se reúnem
e conspiram os governos todos juntos
contra o Deus onipotente e o seu Ungido.

Salmo 2

– 1Por que os povos agitados se revoltam? *
por que tramam as nações projetos vãos?
=2Por que os reis de toda a terra se reúnem, †
e conspiram os governos todos juntos *
contra o Deus onipotente e o seu Ungido?

– 3“Vamos quebrar suas correntes”, dizem eles, *
“e lançar longe de nós o seu domínio!”
– 4Ri-se deles o que mora lá nos céus; *
zomba deles o Senhor onipotente.
– 5Ele, então, em sua ira os ameaça, *
e em seu furor os faz tremer, quando lhes diz:

– 6“Fui eu mesmo que escolhi este meu Rei, *
e em Sião, meu monte santo, o consagrei!”
=7O decreto do Senhor promulgarei, †
foi assim que me falou o Senhor Deus: *
“Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei!


=8Podes pedir-me, e em resposta eu te darei †
por tua herança os povos todos e as nações, *
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
– 9Com cetro férreo haverás de dominá-los, *
e quebrá-los como um vaso de argila!”

– 10E agora, poderosos, entendei; *
soberanos, aprendei esta lição:
– 11Com temor servi a Deus, rendei-lhe glória *
e prestai-lhe homenagem com respeito!

– 12Se o irritais, perecereis pelo caminho, *
pois depressa se acende a sua ira!
– Felizes hão de ser todos aqueles *
que põem sua esperança no Senhor!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Os reis de toda a terra se reúnem
e conspiram os governos todos juntos
contra o Deus onipotente e o seu Ungido.

Ant. 2 Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.

Salmo 21(22),2-23 [24-32]

– 2Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? *
E ficais longe de meu grito e minha prece?
– 3Ó meu Deus, clamo de dia e não me ouvis, *
clamo de noite e para mim não há resposta!

– 4Vós, no entanto, sois o santo em vosso Templo, *
que habitais entre os louvores de Israel.
– 5Foi em vós que esperaram nossos pais; *
esperaram e vós mesmo os libertastes.
– 6Seu clamor subiu a vós e foram salvos; *
em vós confiaram e não foram enganados.

– 7Quanto a mim, eu sou um verme e não um homem; *
sou o opróbrio e o desprezo das nações.
– 8Riem de mim todos aqueles que me veem, *
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
– 9“Ao Senhor se confiou, ele o liberte *
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

– 10Desde a minha concepção me conduzistes, *
e no seio maternal me agasalhastes.
– 11Desde quando vim à luz vos fui entregue; *
desde o ventre de minha mãe sois o meu Deus!
– 12Não fiqueis longe de mim, porque padeço; *
ficai perto, pois não há quem me socorra!

– 13Por touros numerosos fui cercado, *
e as feras de Basã me rodearam;
– 14escancararam contra mim as suas bocas, *
como leões devoradores a rugir.

– 15Eu me sinto como a água derramada, *
e meus ossos estão todos deslocados;
– como a cera se tornou meu coração, *
e dentro do meu peito se derrete.

=16Minha garganta está igual ao barro seco, †
minha língua está colada ao céu da boca, *
e por vós fui conduzido ao pó da morte!
– 17Cães numerosos me rodeiam furiosos, *
e por um bando de malvados fui cercado.

– Transpassaram minhas mãos e os meus pés *
18e eu posso contar todos os meus ossos.
= Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam! †
19Eles repartem entre si as minhas vestes *
e sorteiam entre si a minha túnica.

– 20Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, *
ó minha força, vinde logo em meu socorro!
– 21Da espada libertai a minha alma, *
e das garras desses cães, a minha vida!

– 22Arancai-me da goela do leão, *
e a mim tão pobre, desses touros que me atacam!
– 23Anunciarei o vosso nome a meus irmãos *
e no meio da assembleia hei de louvar-vos! 

(– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.)

Esta última parte do salmo é facultativa.

=24Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores; †
glorificai-o, descendentes de Jacó, *
e respeitai-o toda a raça de Israel!
– 25Porque Deus não desprezou nem rejeitou *
a miséria do que sofre sem amparo;
– não desviou do humilhado a sua face, *
mas o ouviu quando gritava por socorro.

– 26Sois meu louvor em meio à grande assembleia; *
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem!
=27Vosos pobres vão comer e saciar-se, †
e os que procuram o Senhor o louvarão; *
“Seus corações tenham a vida para sempre!”

– 28Lembrem-se disso os confins de toda a terra, *
para que voltem ao Senhor e se convertam,
– e se prostrem, adorando, diante dele *
todos os povos e as famílias das nações.

– 29Pois ao Senhor é que pertence a realeza; *
ele domina sobre todas as nações.
 30Somente a ele adorarão os poderosos, *
e os que voltam para o pó o louvarão.
– Para ele há de viver a minha alma, *
31toda a minha descendência há de servi-lo;

– às futuras gerações anunciará *
32o poder e a justiça do Senhor;
– ao povo novo que há de vir, ela dirá: *
“Eis a obra que o Senhor realizou!”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.

Ant. 3 Os que buscam matar, me perseguem
e procuram tirar minha vida.

Salmo 37(38)

– 2Repreendei-me, Senhor, mas sem ira; *
corrigi-me, mas não com furor!

– 3Vossas flechas em mim penetraram; *
vossa mão se abateu sobre mim.
– 4Nada resta de são no meu corpo, *
pois com muito rigor me tratastes!

– Não há parte sadia em meus ossos, *
pois pequei contra vós, ó Senhor!
– 5Meus pecados me afogam e esmagam, *
como um fardo pesado me oprimem.

– 6Cheiram mal e supuram minhas chagas *
por motivo de minhas loucuras.
– 7Ando triste, abatido, encurvado, *
todo o dia afogado em tristeza.

– 8As entranhas me ardem de febre, *
já não há parte sã no meu corpo.
– 9Meu coração grita e geme de dor, *
esmagado e humilhado demais.

– 10Conheceis meu desejo, Senhor, *
meus gemidos vos são manifestos;
=11bate rápido o meu coração, †
minhas forças estão me deixando, *
e sem luz os meus olhos se apagam.

=12Companheiros e amigos se afastam, †
fogem longe das minhas feridas; *
meus parentes mantêm-se à distância.

– 13Armam laços os meus inimigos, *
que procuram tirar minha vida;
– os que buscam matar-me ameaçam *
e maquinam traições todo o dia.

– 14Eu me faço de surdo e não ouço, *
eu me faço de mudo e não falo;
– 15semelhante a alguém que não ouve *
e não tem a resposta em sua boca.

– 16Mas, em vós, ó Senhor, eu confio, *
e ouvireis meu lamento, ó meu Deus!
– 17Pois rezei: “Que não zombem de mim, *
nem se riam, se os pés me vacilam!”

– 18Ó Senhor, estou quase caindo, *
minha dor não me larga um momento!
– 19Sim, confesso, Senhor, minha culpa: *
meu pecado me aflige e atormenta.

=20São bem fortes os meus adversários †
que me vêm atacar sem razão; *
quantos há que sem causa me odeiam!
– 21Eles pagam o bem com o mal, *
porque busco o bem, me perseguem.

– 22Não deixeis vosso servo sozinho, *
ó meu Deus, ficai perto de mim!
– 23Vinde logo trazer-me socorro, *
porque sois para mim salvação!

Ant. Os que buscam matar, me perseguem
e procuram tirar minha vida.

V. As falsas testemunhas se ergueram.
R. E vomitam violência contra mim.

Primeira leitura

Da Carta aos Hebreus                 9,11-28

Cristo, sumo sacerdote, com o seu próprio sangue, entrou no Santuário uma vez por todas 

Irmãos: 11Cristo veio como sumo-sacerdote dos bens futuros. Através de uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não faz parte desta criação, 12e não com o sangue de bodes e bezerros, mas com o seu próprio sangue, ele entrou no Santuário uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna. 13De fato, se o sangue de bodes e touros, e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santifica e realiza a pureza ritual dos corpos, 14quanto mais o Sangue de Cristo, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo, pois, em virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha.

15Por isso, ele é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele reparou as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. E, assim, aqueles que são chamados recebem a promessa da herança eterna. 16Onde existe testamento, é preciso que seja constatada a morte de quem fez o testamento. 17Pois um testamento só tem valor depois da morte, e não tem efeito nenhum enquanto ainda vive aquele que fez o testamento. 18Por isso, nem mesmo a primeira aliança foi inaugurada sem sangue. 19Quando anunciou a todo o povo cada um dos mandamentos da Lei, Moisés tomou sangue de novilhos e bodes, junto com água, lã vermelha e um hissopo. Em seguida, aspergiu primeiro o próprio livro e todo o povo, 20e disse: “Este é o sangue da aliança que Deus faz convosco”. 21Do mesmo modo, aspergiu com sangue também a Tenda e todos os objetos que serviam para o culto. 22E assim, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não existe perdão.

23Portanto, as cópias das realidades celestes tinham que ser purificadas dessa maneira; mas as próprias realidades celestes devem ser purificadas com sacrifícios melhores. 24De fato, Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor. 25E não foi para se oferecer a si muitas vezes, como o sumo-sacerdote que, cada ano, entra no Santuário com sangue alheio. 26Porque, se assim fosse, deveria ter sofrido muitas vezes, desde a fundação do mundo. Mas foi agora, na plenitude dos tempos, que, uma vez por todas, ele se manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. 27O destino de todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. 28Do mesmo modo, também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da multidão, aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar aqueles que o esperam.

Responsório                 Cf. Is 53,7.12

R. Foi levado como ovelha ao matadouro;
e, maltratado, não abriu a sua boca;
* Foi condenado para a vida de seu povo.
V. Ele próprio entregou a sua vida
e deixou-se colocar entre os facínoras. * Foi condenado.

Segunda leitura

Das Catequeses de São João Crisóstomo, bispo

(Cat. 3,13-19: SCh 50,174-177)                   (Séc.IV)

O poder do sangue de Cristo

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu novo nascimento.

Responsório                 Cf. 1Pd 1,18-19; Ef 2,18; 1Jo 1,7

R. Não foi nem com ouro nem prata
que fostes remidos, irmãos;
mas sim pelo sangue precioso
de Cristo, o Cordeiro sem mancha.
* Por ele nós temos acesso num único Espírito ao Pai.
V. O sangue do Filho de Deus nos lava de todo pecado.
* Por ele.

Oração

Olhai com amor, ó Pai, esta vossa família, pela qual nosso Senhor Jesus Cristo livremente se entregou às mãos dos inimigos e sofreu o suplício da cruz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.