Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:

Ao som da voz do galo,
já foge a noite escura.
Ó Deus, ó luz da aurora,
nossa alma vos procura.

Enquanto as coisas dormem,
guardai-nos vigilantes,
brilhai aos nossos olhos
qual chama cintilante.

Do sono já despertos,
por graça imerecida,
de novo contemplamos
a luz, irmã da vida.

Ao Pai e ao Filho glória,
ao seu Amor também,
Deus Trino e Uno, luz
e vida eterna. Amém.

II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:

Criador do Universo
do Pai luz e resplendor,
revelai-nos vossa face
e livrai-nos do pavor.

Pelo Espírito repletos,
templos vivos do Senhor,
não se rendam nossas almas
aos ardis do tentador,

para que, durante a vida,
nas ações de cada dia,
pratiquemos vossa lei
com amor e alegria.

Glória a Cristo, Rei clemente,
e a Deus Pai, Eterno Bem,
com o Espírito Paráclito,
pelos séculos. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Repreendei-me, Senhor, mas sem ira! †

Salmo 37(38)

Súplica de um pecador em extremo perigo

Todos os conhecidos de Jesus ficaram à distância (Lc 23,49).

I

2 Repreendei-me, Senhor, mas sem ira; *
† corrigi-me, mas não com furor!

3 Vossas flechas em mim penetraram; *
vossa mão se abateu sobre mim.
4 Nada resta de são no meu corpo, *
pois com muito rigor me tratastes!

– Não há parte sadia em meus ossos, *
pois pequei contra vós, ó Senhor!
5 Meus pecados me afogam e esmagam, *
como um fardo pesado me oprimem.

Ant. Repreendei-me, Senhor, mas sem ira!

Ant. 2 Conheceis meu desejo, Senhor.

II

6 Cheiram mal e supuram minhas chagas *
por motivo de minhas loucuras.
7 Ando triste, abatido, encurvado, *
todo o dia afogado em tristeza.

8 As entranhas me ardem de febre, *
já não  parte sã no meu corpo.
9 Meu coração grita e geme de dor, *
esmagado e humilhado demais.

10 Conheceis meu desejo, Senhor, *
meus gemidos vos são manifestos;
=11 bate pido o meu coração, †
minhas forças estão me deixando, *
e sem luz os meus olhos se apagam.

=12 Companheiros e amigos se afastam, †
fogem longe das minhas feridas; *
meus parentes mantêm-se à distância.

13 Armam laços os meus inimigos, *
que procuram tirar minha vida;
– os que buscam matar-me ameaçam *
e maquinam traições todo o dia.

Ant. Conheceis meu desejo, Senhor.

Ant. 3 Confesso, Senhor, minha culpa:
salvai-me, e jamais me deixeis!

III

14 Eu me faço de surdo e não ouço, *
eu me faço de mudo e não falo;
15 semelhante a alguém que não ouve *
e não tem a resposta em sua boca.

16 Mas, em vós, ó Senhor, eu confio, *
e ouvireis meu lamento, ó meu Deus!
17 Pois rezei: “Que não zombem de mim, *
nem se riam, se os pés me vacilam!”

18 Ó Senhor, estou quase caindo, *
minha dor não me larga um momento!
19 Sim, confesso, Senhor, minha culpa: *
meu pecado me aflige e atormenta.

=20 São bem fortes os meus adversários †
que me vêm atacar sem razão; *
quantos  que sem causa me odeiam!
21 Eles pagam o bem com o mal, *
porque busco o bem, me perseguem.

22 Não deixeis vosso servo sozinho, *
ó meu Deus, ficai perto de mim!
23 Vinde logo trazer-me socorro, *
porque sois para mim Salvação!

Ant. Confesso, Senhor, minha culpa:
salvai-me, e jamais me deixeis!

V. Os meus olhos se gastaram de esperar-vos
R. E de aguardar vossa justiça e salvação.

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Oséias                 2,4.8-26

Castigo e futura volta da esposa do Senhor

Eis o que diz o Senhor:
4 Contestai a vossa mãe, contestai,
porque ela não é minha mulher
nem eu seu marido;
que ela se afaste dessa vida devassa,
e elimine do seu corpo os adultérios.
8 Por isso, resolvi cercar
de espinhos o seu caminho,
vou fechá-lo com entulho
para impedir-lhe a passagem;
9 ela irá atrás dos amantes,
mas não os alcançará,
procurá-los-á, mas não os achará,
e dirá: ‘Vou voltar
para o meu primeiro marido,
quando eu era mais feliz do que agora’.
10 Ela ignorava que era eu
quem lhe dava trigo, vinho e azeite,
lhe enchia as mãos de prata e de ouro
de que Baal foi feito.
11 Por isso, vou tomar de novo
o meu trigo, a seu tempo,
e o meu vinho, a seu tempo;
vou retirar minha lã e meu linho,
que cobriam suas partes íntimas;
12 agora vou mostrar sua vergonha
aos olhos dos seus amantes,
quero ver alguém arrancá-la de minhas mãos.
13 Vou acabar com a alegria dela,
suas solenidades, a lua-nova,
o sábado, e as ocasiões de festa.
14 Vou estragar suas vinhas e figueiras,
das quais ela dizia:
‘São os presentes que me deram meus amantes’.
Vou deixá-la em mato para pasto dos animais.
15 Ela pagará pelos dias de culto aos Baals,
quando lhes queimava incenso,
punha brincos e joias
e ia atrás dos seus amantes,
enquanto se esquecia de mim, diz o Senhor.
16 Mas sou eu que a vou seduzir,
levando-a à solidão,
onde lhe falarei ao coração;
17 dar-lhe-ei suas vinhas, do mesmo lugar,
e o vale de Acor, porta da esperança,
e ela aí responderá ao compromisso,
como nos dias de sua juventude,
nos dias da sua vinda da terra do Egito.
18 Acontecerá nesse dia, diz o Senhor,
que ela me chamará ‘Meu marido’,
e não mais chamará ‘Meu Baal.’
19 Tirarei de sua boca o nome dos Baals,
de tal modo que não se lembrará mais deles.
20 Naquele dia, farei um pacto com os homens,
com os animais do campo,
as aves do céu e os répteis da terra;
quebrarei e lançarei fora
o arco, a espada e as outras armas,
e todos poderão repousar tranquilos.
21 Eu te desposarei para sempre;
eu te desposarei conforme as sanções da justiça
e conforme as práticas da misericórdia.
22 Eu te desposarei para manter fidelidade
e tu conhecerás o Senhor.
23 Acontecerá, nesse dia, que eu atenderei,
diz o Senhor,
atenderei aos céus, e os céus atenderão à terra;
24 e a terra atenderá,
dando trigo, vinho e azeite,
conforme as preces de Jezrael.
25 E eu semearei a terra para mim,
e terei piedade da filha que foi ‘Não-Piedade’;
26 direi ao ‘Não-Povo-meu’: Tu és ‘Povo-meu’,
e ele dirá: ‘Tu és Meu-Deus’”.

Responsório Ap 19,7b.9a; Os 2,22

R. Eis que as núpcias do Cordeiro redivivo se aproximam.
Sua Esposa se enfeitou, se vestiu de linho puro.
* São bem-aventurados os que foram convidados
para a Ceia nupcial das bodas do Cordeiro.
V. Eu irei desposar-te na fidelidade;
então saberás que sou eu o Senhor.
* São bem-aventurados.

Segunda leitura

Do Cântico espiritual, de São João da Cruz, sacerdote
(Red. A, str. 38)                 (Séc. XVI)

Desposar-te-ei para sempre

A alma, unida e transformada em Deus, respira em Deus para Deus, com profundíssima aspiração semelhante à divina que Deus, nela presente, respira em si mesmo; é este seu modelo. Tanto quanto entendo, foi isto que São Paulo quis dizer com estas palavras: Porque sois filhos, enviou Deus a vossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abá, Pai! (Gl 4,6). É o que se dá com os perfeitos. 

Não é de admirar que a alma possa realizar coisa tão sublime. Se Deus lhe concedeu o favor da união deiforme na Santíssima Trindade, por que, pergunto, será incrível que ela possa realizar sua vida de inteligência, conhecimento e amor na Trindade, unida à própria Trindade, assemelhando-se ao máximo a ela e tendo a viver nela o próprio Deus?  

Nenhuma capacidade ou sabedoria poderá expressar melhor como isto se faz do que as palavras do Filho de Deus pedindo para nós este sublime estado e lugar e prometendo que seríamos filhos de Deus. Assim rogou ao Pai: Pai, aqueles que me deste quero que onde eu estou, estejam eles comigo (Jo 17,24), realizando por participação aquilo mesmo que faço. Disse mais: Não rogo apenas por eles, mas também por aqueles que crerão em mim, através de suas palavras; para que todos sejam um como tu, Pai, em mim e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um assim como nós somos um. Eu neles e tu em mim, a fim de que sejam consumados na unidade; e o mundo conheça que me enviaste e os amaste como também me amaste a mim (Jo 17,20-23). 

O Pai põe em comum com eles o mesmo amor que comunica ao Filho: não no entanto, por natureza, como ao Filho, mas pela unidade e transformação operadas pelo amor. Também não se deve entender que o Filho peça ao Pai que os santos sejam um por essência, como são um o Pai e o Filho na unidade do amor. Os santos possuem assim, por participação, os mesmos bens que eles possuem por natureza. Por isso são verdadeiramente deuses por participação, feitos à semelhança e consortes do próprio Deus. 

Daí dizer Pedro: Graça e paz a vós em abundância no conhecimento de Deus e do Cristo Jesus, nosso Senhor. O poder divino nos concedeu tudo quanto se relaciona à vida e à piedade. Pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude, por quem cumpriu para nós as maiores e mais preciosas promessas, para que por elas nos tornemos consortes da natureza divina (2Pd 1,2-4). Nesta união a alma é, pois, feita em seu agir participante da Trindade. Isto só se dará perfeitamente na vida futura; contudo já nesta vida se alcança não pequena parcela e antegozo. 

Ó almas, criadas para o gozo de tão indizíveis dons, que fazeis? Para onde se voltam vossos esforços? Ó deplorável cegueira dos filhos de Adão, fecham-se os olhos à imensa luz envolvente e se tornam surdos a tão potentes palavras!

Responsório 1Jo 3,1.2b

R. Vede, irmãos, quanto amor Deus Pai nos mostrou:
* Que sejamos chamados filhos de Deus
e o somos de fato.
V. Sabemos que, quando se manifestar,
nós havemos de ser semelhantes a ele. * Que sejamos.

Oração

Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.