Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:
Refeitos pelo sono,
do leito levantamos.
Ficai com vossos filhos,
ó Pai, vos suplicamos.
A vós, o som primeiro,
o amor que se irradia:
sejais princípio e fim
de cada ação do dia.
Que a treva ceda à aurora,
a noite ao sol dourado:
e a luz da graça afaste
a sombra do pecado.
Lavai as nossas faltas,
Senhor, que nos salvastes;
esteja o vosso nome
nos lábios que criastes.
A glória seja ao Pai,
ao Filho seu também,
ao Espírito igualmente,
agora e sempre. Amém.
II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:
Divindade, luz eterna,
Unidade na Trindade,
proclamando vossa glória,
suplicamos piedade.
Cremos todos no Pai Santo,
no seu Filho Salvador
e no Espírito Divino
que os une pelo Amor.
Ó verdade, amor eterno,
nosso fim, felicidade,
dai-nos fé e esperança
e profunda caridade.
Sois o fim, sois o começo,
e de tudo sois a fonte,
esperança dos que creem,
luz que brilha no horizonte.
Vós, sozinho, fazeis tudo,
e a tudo vós bastais.
Sois a luz de nossa vida,
aos que esperam premiais.
Bendizemos a Trindade,
Deus Eterno, Sumo Bem,
Pai e Filho e Santo Espírito,
pelos séculos. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Vem a nós o nosso Deus e nos fala abertamente.
Salmo 49(50)
O culto que agrada a Deus
Eu não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento (cf. Mt 5,17).
I
–1 Falou o Senhor Deus, chamou a terra, *
do sol nascente ao sol poente a convocou.
–2 De Sião, beleza plena, Deus refulge, *
3 vem a nós o nosso Deus e não se cala.
– À sua frente vem um fogo abrasador, *
ao seu redor, a tempestade violenta.
–4 Ele convoca céu e terra ao julgamento, *
para fazer o julgamento do seu povo:
–5 “Reuni à minha frente os meus eleitos, *
que selaram a Aliança em sacrifícios!”
–6 Testemunha o próprio céu seu julgamento, *
porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
Ant. Vem a nós o nosso Deus e nos fala abertamente.
Ant. 2 Oferece ao Senhor um sacrifício de louvor!
II
=7 “Escuta, ó meu povo, eu vou falar; †
ouve, Israel, eu testemunho contra ti: *
Eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus!
–8 Eu não venho censurar teus sacrifícios, *
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
–9 não preciso dos novilhos de tua casa *
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
–10 Porque as feras da floresta me pertencem *
e os animais que estão nos montes aos milhares.
–11 Conheço os pássaros que voam pelos céus *
e os seres vivos que se movem pelos campos.
–12 Não te diria, se com fome eu estivesse, *
porque é meu o universo e todo ser.
–13 Porventura comerei carne de touros? *
Beberei, acaso, o sangue de carneiros?
–14 Imola a Deus um sacrifício de louvor *
e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo.
–15 Invoca-me no dia da angústia, *
e então te livrarei e hás de louvar-me”.
Ant. Oferece ao Senhor um sacrifício de louvor!
Ant. 3 Eu não quero oferenda e sacrifício;
quero o amor e a ciência do Senhor!
III
=16 Mas ao ímpio é assim que Deus pergunta: †
“Como ousas repetir os meus preceitos *
e trazer minha Aliança em tua boca?
–17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *
e deste as costas às palavras dos meus lábios!
–18 Quando vias um ladrão, tu o seguias *
e te juntavas ao convívio dos adúlteros.
–19 Tua boca se abriu para a maldade *
e tua língua maquinava a falsidade.
–20 Assentado, difamavas teu irmão, *
e ao filho de tua mãe injuriavas.
–21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *
Acaso pensas que eu sou igual a ti?
– É disso que te acuso e repreendo *
e manifesto essas coisas aos teus olhos.
=22 Entendei isto, todos vós que esqueceis Deus, †
para que eu não arrebate a vossa vida, *
sem que haja mais ninguém para salvar-vos!
–23 Quem me oferece um sacrifício de louvor, *
este sim é que me honra de verdade.
– A todo homem que procede retamente, *
eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.
Ant. Eu não quero oferenda e sacrifício;
quero o amor e a ciência do Senhor!
V. Escuta, ó meu povo, eu vou falar:
R. Eu, o Senhor, somente eu sou o teu Deus!
Primeira leitura
Do Livro do Eclesiastes 2,1-3.12-26
Inanidade dos prazeres e da sabedoria humana
1Eu disse a mim mesmo:
“Pois bem, eu te farei experimentar a alegria
e gozar a felicidade!”
Mas também isso é vaidade.
2 Do riso, eu disse: “Tolice”,
e da alegria: “Para que serve?”
3Ponderei seriamente entregar meu corpo ao vinho,
mantendo meu coração sob a influência da sabedoria,
e render-me à insensatez,
para averiguar o que convém aos filhos dos homens fazer
debaixo do céu durante os breves dias da sua vida.
12Pus-me então a examinar a sabedoria,
a tolice e a insensatez:
“Que fará o sucessor do rei?
O que já haviam feito”.
13Observei que a sabedoria
é mais proveitosa do que a insensatez,
assim como a luz aproveita mais que as trevas.
14O sábio tem os olhos no rosto,
o insensato caminha nas trevas.
Porém, compreendi que ambos terão a mesma sorte.
15Por isso disse a mim mesmo:
“A sorte do insensato será também a minha;
para que então busquei mais sabedoria?”
E concluí comigo mesmo:
“Isso também é vaidade”.
16Não há lembrança duradoura do sábio,
e nem do insensato,
pois nos anos vindouros tudo será esquecido:
tanto morre o sábio como o ignorante.
17E por isso detesto a vida,
pois vejo que é mal que se faz debaixo do sol:
tudo é vaidade e frustração.
18Detesto todo o trabalho
com que me afadigo debaixo do sol,
pois tenho que deixar tudo ao meu sucessor,
19e quem sabe se ele será sábio ou insensato?
Todavia, ele será dono
de todo o trabalho com que me afadiguei
com habilidade debaixo do sol;
e isso também é vaidade.
20E meu coração ficou desenganado
de todo o trabalho com que me afadiguei debaixo do sol.
21Enfim, um homem que trabalhou com inteligência,
competência e sucesso,
vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro
que em nada colaborou.
Também isso é vaidade e grande desgraça.
22De fato, que resta ao homem
de todos os trabalhos e preocupações
que o desgastam debaixo do sol?
23Toda a sua vida é sofrimento,
sua ocupação, um tormento.
Nem mesmo de noite repousa o seu coração.
Também isso é vaidade.
24Nada é melhor para o homem do que comer e beber,
desfrutando do produto do seu trabalho;
e vejo que também isso vem da mão de Deus,
25pois quem pode comer e deliciar-se
sem que isso venha de Deus?
26Ao homem do seu agrado
ele dá sabedoria, conhecimento e alegria;
mas ao pecador impõe como tarefa
ajuntar e acumular para dar a quem Deus quiser.
Isso também é vaidade e frustração.
Responsório Eclo 2,26; 1Tm 6,10
R. Ao homem que lhe agrada, Deus dá sabedoria,
ciência e alegria; mas dá ao pecador
aflições e vãos cuidados de juntar e acumular.
* Também isto é vaidade e é vã preocupação.
V. A raiz dos males todos é a cobiça do dinheiro;
e alguns, nessa ambição, a si mesmos se afligem
com tormentos numerosos. * Também isto.
Segunda leitura
Das Homilias sobre o Eclesiastes, de São Gregório de Nissa, bispo
(Hom. 5: PG 44,683-686)
(Séc. IV)
Os olhos dos sábios estão em sua cabeça
Se a alma levantar os olhos para sua cabeça, que é Cristo – conforme comparação de Paulo – considere-se feliz pela viva agudeza de seu olhar, porquanto tem os olhos ali onde não existe a escuridão do mal. O grande Paulo, e quem quer que seja igualmente grande, tem os olhos na cabeça, como também os tem todos os que vivem, se movem e são em Cristo. Pois como não é possível que veja trevas quem está na luz, também não pode acontecer que quem tem olhos em Cristo, os fixe em alguma coisa vã.
Quem, pois, tem os olhos na cabeça, entendendo cabeça por princípio de tudo, tem olhos em toda virtude (Cristo é a virtude absoluta e perfeita), na verdade, na justiça, na incorruptibilidade, em todo bem. Os olhos do sábio estão em sua cabeça; o insensato, porém, caminha nas trevas. Quem não põe sua lâmpada sobre o candelabro, mas coloca-a debaixo do leito, faz com que a luz seja trevas.
Ao contrário, quão numerosos são aqueles que, por suas lutas, se enriquecem com as realidades supremas, vivem na contemplação da verdade e, no entanto, são tidos por cegos e inúteis, tais como Paulo a gloriar-se, dizendo-se insensato por causa de Cristo. A prudência e sabedoria dele não se preocupavam nunca com aquilo que é objeto de nossos cuidados. Diz ele: Nós, estultos por Cristo, como se dissesse: “Nós, cegos em relação às coisas daqui de baixo, porque olhamos para cima e temos os olhos na cabeça”. Por este motivo era sem teto e sem mesa, pobre, peregrino, nu, sofrendo fome e sede.
Quem não o julgaria infeliz, vendo-o preso e açoitado como um infame, após o naufrágio, ser levado pelas ondas do mar alto, e conduzido daqui para ali em cadeias? E, no entanto, embora tratado desta maneira entre os homens, não despregou os olhos, mantendo-os sempre em Cristo, Cabeça e dizia: Quem nos separará da caridade de Cristo, que está em Cristo Jesus? aflição, angústia, perseguição, fome, nudez, perigos, espada? Como se dissesse: “Quem arrancará meus olhos da Cabeça e os voltará para aquilo que se calca aos pés?”
A nós também nos exorta a agir de modo semelhante quando ordena ter gosto pelas coisas do alto; não é isto o mesmo que dizer termos os olhos em Cristo, Cabeça?
Responsório Sl 122(123),2; Jo 8,12b
R. Como os olhos dos escravos estão fitos
nas mãos do seu senhor,
* Assim os nossos olhos, no Senhor,
até de nós ter piedade.
V. Eu sou a luz do mundo: Aquele que me segue
não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida.
* Assim.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.