Segunda-feira após a Epifania do Senhor

Próprio do Tempo; II Semana do Saltério

Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Vendo os Magos a Criança,
vão abrindo seus tesouros
e lhe fazem oferendas
de incenso, mirra e ouro.

Ó Menino, nos presentes,
pelo Pai determinados,
reconheces sinais claros
do poder do teu Reinado.

Para o Rei é dado o ouro,
para Deus, o incenso puro.
Mas a mirra prenuncia
do sepulcro o pó escuro.

Ó Belém, cidade única
entre todas as nações,
tu geraste, feito homem,
o Autor da salvação!

Como provam os profetas,
Deus, o Pai que nos criou,
enviou Jesus ao mundo,
Juiz e Rei o consagrou.

O seu reino abrange tudo:
Oriente e Ocidente,
dia e noite, terra e mares,
fundo abismo e céu fulgente.

Glória a vós, ó Jesus Cristo,
que às nações vos revelais,
com o Pai e o Santo Espírito
pelos séculos eternais.

Salmodia

Ant. 1 Inclinai o vosso ouvido para mim,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!

Salmo 30(31),2-17.20-25

Súplica confiante do aflito

Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,46).


I

2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança; *
que eu não fique envergonhado eternamente!
= Porque sois justo, defendei-me e libertai-me, †
3 inclinai o vosso ouvido para mim; *
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me! 

– Sede uma rocha protetora para mim, *
um abrigo bem seguro que me salve!
4 Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza; *
por vossa honra orientai-me e conduzi-me!
5 Retirai-me desta rede traiçoeira, *
porque sois o meu refúgio protetor!

6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, *
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
7 Detestais os que adoram deuses falsos; *
quanto a mim, é ao Senhor que me confio.

=8 Vosso amor me faz saltar de alegria, †
pois olhastes para as minhas aflições *
e conhecestes as angústias de minh’alma.
9 Não me entregastes entre as mãos do inimigo, *
mas colocastes os meus pés em lugar amplo!

Ant. Inclinai o vosso ouvido para mim,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!

Ant. 2 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo.


II

=10 Tende piedade, ó Senhor, estou sofrendo: †
os meus olhos se turvaram de tristeza, *
o meu corpo e minha alma definharam!
11 Minha vida se consome em amargura, *
e se escoam os meus anos em gemidos!

– Minhas forças se esgotam na aflição, *
e até meus ossos, pouco a pouco, se desfazem!
12 Tornei-me o opróbrio do inimigo, *
o desprezo e zombaria dos vizinhos,
– e objeto de pavor para os amigos; *
fogem de mim os que me veem pela rua.

13 Os corações me esqueceram como um morto, *
e tornei-me como um vaso espedaçado.
14 Ao redor, todas as coisas me apavoram; *
ouço muitos cochichando contra mim;
– todos juntos se reúnem, conspirando *
e pensando como vão tirar-me a vida.

15 A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, *
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
16 Eu entrego em vossas mãos o meu destino; *
libertai-me do inimigo e do opressor!
17 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo, *
e salvai-me pela vossa compaixão!


Ant. Mostrai serena a vossa face ao vosso servo.

Ant. 3 Seja bendito o Senhor Deus
por seu amor maravilhoso!


III

20 Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, *
que reservastes para aqueles que vos temem!
– Para aqueles que em vós se refugiam, *
mostrando, assim, o vosso amor perante os homens.

21 Na proteção de vossa face os defendeis *
bem longe das intrigas dos mortais.
– No interior de vossa tenda os escondeis, *
protegendo-os contra as línguas maldizentes.

22 Seja bendito o Senhor Deus, que me mostrou *
seu grande amor numa cidade protegida!
23 Eu que dizia quando estava perturbado: *
“Fui expulso da presença do Senhor!”
– Vejo agora que ouvistes minha súplica, *
quando a vós eu elevei o meu clamor.

=24 Amai o Senhor Deus, seus santos todos, †
ele guarda com carinho seus fiéis, *
mas pune os orgulhosos com rigor.
25 Fortalecei os corações, tende coragem, *
todos vós que ao Senhor vos confiais!


Ant. Seja bendito o Senhor Deus
por seu amor maravilhoso!

V. Os céus proclamam a justiça do Senhor.
R. Todos os povos podem ver a sua glória.

Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías             61,1-11

O espírito do Senhor sobre seu servo

O espírito do Senhor Deus está sobre mim,
porque o Senhor me ungiu;
enviou-me para dar a boa-nova aos humildes,
curar as feridas da alma,
pregar a redenção para os cativos
e a liberdade para os que estão presos;
2
 para proclamar o tempo da graça do Senhor
e o dia da vingança do nosso Deus;
para consolar todos os que choram,
para reservar e dar aos que sofrem por Sião
uma coroa, em vez de cinza,
o óleo da alegria, em vez da aflição,
o manto do louvor, em vez da capa da tristeza.
Eles serão chamados “carvalhos da honestidade”,
plantação do Senhor para glorificá-lo.
4
 Repovoarão lugares de há muito desertos,
reconstruirão antigas ruínas,
e renovarão cidades abandonadas
e devastadas por gerações.
5
 Estrangeiros vêm estabelecer-se
para a criação do vosso gado,
e forasteiros, para serem
vossos agricultores e vinhateiros;
6
 mas vós sois os sacerdotes do Senhor,
chamados Ministros de nosso Deus;
assimilareis a força das nações
e sereis prestigiados com suas honrarias.
7
 Pela dupla confusão sofrida,
pela vergonha, eles terão direito à sua parte;
por isso, possuirão o duplo em sua terra,
e terão alegria perene.
8
 Eu sou o Senhor, que amo a justiça,
que odeio o roubo e a desonestidade;
eu os recompensarei por suas obras segundo a verdade,
e farei com eles uma aliança perpétua.
9
 Sua descendência será conhecida entre as nações,
e seus filhos se fixarão no meio dos povos;
quem os vir há de reconhecê-los
como descendentes abençoados por Deus.
10
 Exulto de alegria no Senhor
e minh’alma regozija-se em meu Deus;
ele me vestiu com as vestes da salvação,
envolveu-me com o manto da justiça
e adornou-me como um noivo com sua coroa,
ou uma noiva com suas joias.
11
 Assim como a terra faz brotar a planta
e o jardim faz germinar a semente,
assim o Senhor Deus fará germinar a justiça
e a sua glória diante de todas as nações.

Responsório             Is 61,1; Jo 8,42

R. O Esrito de Deus repousa sobre mim,
pois ungiu-me o Senhor
e enviou-me a anunciar aos pobres a boa-nova,

* Para curar os corações despedaçados pela dor,
anunciar libertação aos prisioneiros e oprimidos.

V. Saí de Deus e dele venho;
eu não venho por mim mesmo,
foi meu Pai que me enviou. * Para curar.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo

(Sermo 160: PL 52, 620-622) (Séc. V)

Aguele que quis nascer para nós não quis ser ignorado por nós

Embora no mistério da encarnação do Senhor os sinais de sua divindade tenham sido sempre claros, a solenidade que hoje celebramos manifesta e revela de muitas formas que Deus veio ao mundo num corpo humano, para que os homens, mergulhados nas trevas, não perdessem por ignorância o que só puderam alcançar e possuir pela graça.

Com efeito, aquele que quis nascer para nós não quis ser ignorado por nós. Por isso manifestou-se deste modo, para que o grande mistério de seu amor não desse ocasião a um grande erro.

Hoje os Magos que o procuravam resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje os Magos veem claramente, envolvido em panos, aquele que há muito tempo procuravam de modo obscuro nos astros.

Hoje os Magos contemplam maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe místicos presentes: incenso a Deus, ouro ao rei e mirra ao que haveria de morrer.

Assim o povo pagão, que era o último, tornou-se o primeiro, porque a fé dos Magos deu início à fé de todos os pagãos.

Hoje Cristo entrou nas águas do Jordão para lavar o pecado do mundo. E João dá testemunho de que foi para isso que veio, ao dizer: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29). Hoje o servo recebe o Senhor, o homem recebe Deus, João recebe Cristo; recebe-o para obter perdão, não para conceder.

Hoje, como disse o profeta, a voz do Senhor ressoa sobre as águas (SI 28,3). E o que diz esta voz? Eis o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado (Mt 3, 17).

Hoje o Espírito Santo, em forma de pomba, paira sobre as águas: assim como uma pomba anunciou a Noé o fim do dilúvio, por sua presença os homens saberiam que havia terminado o ininterrupto naufrágio do mundo. Esta pomba não trouxe, como a outra, um ramo da antiga oliveira, mas derramou sobre a cabeça do Senhor toda a riqueza do novo óleo, cumprindo-se assim o que o profeta anunciara: É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos (Sl 44,8).

Hoje Cristo, convertendo a água em vinho, realiza o primeiro de seus sinais celestes. A água, porém, devia converter-se no sacramento do sangue, a fim de que o Cristo oferecesse aos homens a bebida pura do cálice de seu corpo, conforme a palavra do profeta: O meu cálice precioso transborda (Sl 22,5).

Responsório

R. Os magos ofertaram ao Senhor, naquele dia,
três presentes preciosos, que nos falam do mistério:
*O ouro significa o poder do grande Rei;
o incenso nos revela o supremo sacerdote
e a mirra simboliza a sepultura do Senhor.
V. Os magos veneraram o autor da salvação, deitado no
seu berço, e ofertaram seus tesouros,
os seus dons misteriosos. * O ouro.

Oração

Nós vos pedimos, ó Deus, que o esplendor da vossa glória ilumine os nossos corações, para que, passando pelas trevas deste mundo, cheguemos à pátria da luz que não se extingue. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.