Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:
Luz eterna, luz potente,
dia cheio de esplendor,
vencedor da noite escura
e da luz restaurador,
luz que, as trevas destruindo,
enche as mentes de fulgor.
Ao nascerdes, nos chamais,
e acordamos pressurosos;
sem vós, somos miseráveis,
mas convosco, venturosos
e, por vós da morte livres,
nos tornamos luminosos.
Sobre a morte e sobre a noite
por vós somos vencedores.
Dai-nos, Rei, a vossa luz,
luz de esplêndidos fulgores.
Desta luz nem mesmo a noite
escurece os esplendores.
Honra seja ao Pai, a vós
e ao Espírito também,
Una e Trina Divindade,
paz e vida, luz e bem,
nome doce mais que todos,
Deus agora e sempre. Amém.
II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:
Deus que não tendes princípio,
Deus procedente do Pai,
Deus, que dos dois sois o Amor,
vinde até nós, nos salvai!
Vós sois o nosso desejo,
sede amor e alegria;
vai para vós nosso anseio,
a vossa luz nos recria.
Com o Nascido da Virgem,
ó Pai, de todos Senhor,
regei dos seres o íntimo
por vosso Espírito de amor.
Lembrai-vos, Santa Trindade,
do amor com que nos amastes:
Criando o homem primeiro,
de novo em sangue o criastes.
O que o Deus uno criou,
Cristo na cruz redimiu.
Tendo por nós padecido,
guarde os que em sangue remiu.
A vós, ó Santa Trindade,
paz e alegria convêm,
poder, império e beleza,
honra e louvores. Amém.
Salmodia
Ant. 1 O Senhor, somente ele é que fez grandes maravilhas:
porque eterno é seu amor.
Salmo 135(136)
Hino pascal pelas maravilhas
do Deus criador e libertador
Anunciar as maravilhas de Deus é louvá-lo (Cassiodoro).
I
–1 Demos graças ao Senhor, porque ele é bom: *
Porque eterno é seu amor!
–2 Demos graças ao Senhor, Deus dos deuses: *
Porque eterno é seu amor!
–3 Demos graças ao Senhor dos senhores: *
Porque eterno é seu amor!
–4 Somente ele é que fez grandes maravilhas: *
Porque eterno é seu amor!
–5 Ele criou o firmamento com saber: *
Porque eterno é seu amor!
–6 Estendeu a terra firme sobre as águas: *
Porque eterno é seu amor!
–7 Ele criou os luminares mais brilhantes: *
Porque eterno é seu amor!
–8 Criou o sol para o dia presidir: *
Porque eterno é seu amor!
–9 Criou a lua e as estrelas para a noite: *
Porque eterno é seu amor!
Ant. O Senhor, somente ele é que fez grandes maravilhas:
porque eterno é seu amor.
Ant. 2 Tirou do meio deles Israel
com mão forte e com braço estendido.
II
–10 Ele feriu os primogênitos do Egito *
Porque eterno é seu amor!
–11 E tirou do meio deles Israel: *
Porque eterno é seu amor!
–12 Com mão forte e com braço estendido: *
Porque eterno é seu amor!
–13 Ele cortou o mar Vermelho em duas partes: *
Porque eterno é o seu amor!
–14 Fez passar no meio dele Israel: *
Porque eterno é o seu amor!
–15 E afogou o Faraó com suas tropas: *
Porque eterno é seu amor!
Ant. Tirou do meio deles Israel
com mão forte e com braço estendido.
Ant. 3 Demos graças ao Senhor, o Deus dos céus,
pois ele nos salvou dos inimigos.
III
–16 Ele guiou pelo deserto o seu povo: *
Porque eterno é seu amor!
–17 E feriu por causa dele grandes reis: *
Porque eterno é seu amor!
–18 Reis poderosos fez morrer por causa dele: *
Porque eterno é seu amor!
–19 A Seon que fora rei dos amorreus: *
Porque eterno é seu amor!
–20 E a Og, o soberano de Basã: *
Porque eterno é seu amor!
–21 Repartiu a terra deles como herança: *
Porque eterno é seu amor!
–22 Como herança a Israel, seu servidor: *
Porque eterno é seu amor!
–23 De nós, seu povo, humilhado, recordou-se: *
Porque eterno é seu amor!
–24 De nossos inimigos libertou-nos: *
Porque eterno é seu amor!
–25 A todo ser vivente ele alimenta: *
Porque eterno é seu amor!
–26 Demos graças ao Senhor, o Deus dos céus: *
Porque eterno é seu amor!
Ant. Demos graças ao Senhor, o Deus dos céus,
pois ele nos salvou dos inimigos.
V. Mostrai-nos, ó Senhor, vossos caminhos.
R. E fazei conhecer a vossa estrada!
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Oséias 5,14—7,2
Inutilidade da falsa conversão
Eis o que diz o Senhor:
5,14 “Pois eu serei como leoa para Efraim,
como filhote de leão para a casa de Judá;
eu, eu mesmo farei a presa, irei e agarrá-la-ei,
e ninguém a tomará.
15 Irei de volta para o meu lugar
até que tenham cumprido as penas,
e queiram encontrar-se comigo,
procurando-me em suas aflições.”
6,1 ‘Vinde, voltemos para o Senhor,
ele nos feriu e há de tratar-nos,
ele nos machucou e há de curar-nos.
2 Em dois dias, nos dará vida,
e, ao terceiro dia, há de restaurar-nos,
e viveremos em sua presença.
3 É preciso saber segui-lo
para reconhecer o Senhor.
Certa como a aurora é a sua vinda,
ele virá até nós como as primeiras chuvas,
como as chuvas tardias que regam o solo’.
4 Como vou tratar-te, Efraim?
Como vou tratar-te, Judá?
O vosso amor é como nuvem pela manhã,
como orvalho que cedo se desfaz.
5 Eu os desbastei por meio dos profetas,
arrasei-os com as palavras de minha boca,
mas, como luz, expandem-se meus juízos;
6 quero amor, e não sacrifícios,
conhecimento de Deus, mais do que holocaustos”.
7 Mas eles violaram o pacto em Adam,
e nesse lugar transgrediram a minha lei.
8 Galaad é cidade de malfeitores,
manchada de sangue.
9 O grupo de sacerdotes
é como uma quadrilha de salteadores;
eles matam, na estrada, os que viajam a Siquém,
e entregam-se ao crime teimosamente.
10 Na casa de Israel vi algo horrível:
as obscenidades de Efraim,
de que Israel se contaminou.
11 Mas para ti também, Judá, está reservada
uma colheita de sofrimentos,
quando eu fizer mudar a sorte do meu povo.
7,1 Quando eu quis curar Israel,
manifestou-se a maldade de Efraim
e a perversidade da Samaria,
pois praticavam a mentira;
um ladrão ataca por dentro
e o bando assalta por fora.
2 E não dizem para si mesmos
que eu lembro toda a sua maldade.
Agora, estão cercados por suas obras,
consumadas diante de mim.
Responsório Mt 9,13a; Os 6,6b.4c
R. Ide vós, e aprendei o que quer dizer:
* Eu não quero oferenda e sacrifício;
quero amor e a ciência do Senhor.
V. Vosso amor é como a nuvem da manhã,
como o orvalho que depressa se dissipa. * Eu não.
Segunda leitura
Do Tratado Contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 4,17,4-6:SCh 100,590-594) (Séc. II)
Quero a misericórdia e não o sacrifício
Deus não queria dos Israelitas sacrifícios e holocaustos, mas fé, obediência, justiça, em vista da salvação. Manifestando a sua vontade, pelo profeta Oséias Deus lhes dizia: Quero a misericórdia mais que o sacrifício, e o conhecimento de Deus acima dos holocaustos (Os 6,6). Também nosso Senhor advertia-os sobre o mesmo, ao dizer: Se soubésseis o que significa ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício, nunca condenaríeis inocentes’ (Mt 12,7). Dava testemunho de que os profetas proclamavam a verdade, e lhes censurava a insensatez da culpa.
Prescrevendo a seus discípulos oferecer a Deus primícias vindas de suas criaturas, não por delas precisar, mas para que não fossem eles estéreis nem ingratos, tomou dentre as criaturas o pão, deu graças e disse: Isto é o meu corpo. O mesmo com o cálice, também criatura como nós, declarou ser seu sangue e indicou a nova oblação da nova Aliança (cf. Mt 26,28). Recebendo-a dos apóstolos, a Igreja em todo o mundo a oferece a Deus, àquele que nos concede o alimento, primícias de seus dons no Novo Testamento. Sobre ela, Malaquias, um dos doze profetas, assim se exprimiu: Minha benevolência não está em vós, diz o Senhor onipotente, e não aceitarei sacrifícios de vossas mãos. Porque do nascente ao poente meu nome será glorificado entre as nações, em todo lugar haverá incenso oferecido a meu nome e um sacrifício puro. Porque grande entre os povos é meu nome, diz o Senhor onipotente (Ml 1,10-11). Com toda a evidência dá a entender que o primeiro povo cessará de oferecer a Deus. Mas que em todo lugar se lhe oferecerá um sacrifício que será puro, e todas as nações glorificarão seu nome.
Que nome é este, glorificado pelas nações? Haverá outro que não o de nosso Senhor, por quem o Pai é glorificado e glorificado o homem? E sendo do seu Filho por ele feito homem, chama-o seu. É como se um rei pintasse a imagem de seu Filho. Com razão diria ser sua de duas maneiras: é de seu filho e ele próprio a faz. Assim o nome de Jesus Cristo, glorificado na Igreja por todo o universo, o Pai declara ser o seu, porque é de seu Filho e por ter sido ele próprio a gravá-lo e a dá-lo para a salvação dos homens.
Já que o nome do Filho é próprio do Pai e a Igreja faz a oblação ao Pai onipotente por Jesus Cristo, diz-se com razão nos dois sentidos: E em todo lugar se oferecerá incenso a meu nome e sacrifício puro. O incenso, João no Apocalipse diz serem as orações dos santos (Ap 5,8).
Responsório Cf. Lc 22,19.20; Pr 9,5
R. Isto é o meu corpo, entregue por vós;
este cálice é a nova Aliança em meu sangue,
por vós derramado.
* Fazei isto, diz Cristo, cada vez que o fizerdes,
em memória de mim.
V. O meu pão, vinde comer, bebei meu vinho misturado.
* Fazei.
Oração
Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.