Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:

Do dia o núncio alado
já canta a luz nascida.
O Cristo nos desperta,
chamando-nos à vida.

Ó fracos, ele exclama,
do sono estai despertos
e, castos, justos, sóbrios,
velai: estou já perto!

E quando a luz da aurora
enche o céu de cor,
confirme na esperança
quem é trabalhador.

Chamemos por Jesus
com prantos e orações.
A súplica não deixe
dormir os corações.

Tirai o sono, ó Cristo,
rompei da noite os laços,
da culpa libertai-nos,
guiai os nossos passos.

A vós a glória, ó Cristo,
louvor ao Pai também,
com vosso Santo Espírito,
agora e sempre. Amém.

II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:

Para vós, doador do perdão,
elevai os afetos do amor,
tornai puro o profundo das almas,
sede o nosso fiel Salvador.

Para cá, estrangeiros, viemos,
exilados da pátria querida.
Sois o porto e também sois o barco,
conduzi-nos aos átrios da vida!

É feliz quem tem sede de vós,
fonte eterna de vida e verdade.
São felizes os olhos do povo
que se fixam em tal claridade.

Grandiosa é, Senhor, vossa glória,
na lembrança do vosso louvor,
que os fiéis comemoram na terra,
elevando-se a vós pelo amor.

Este amor concedei-nos, ó Pai,
e vós, Filho do Pai, Sumo Bem,
com o Espírito Santo reinando
pelos séculos dos séculos. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome.

Salmo 43(44)

Calamidades do povo

Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! (Rm 8,37).

I

2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:

=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumen-los, abatestes outros povos.
4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;

– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;
6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.

7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;

8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.

Ant. Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome.

Ant. 2 Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança!

II

10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adverrios nos pilharam à vontade.

12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!

14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.

16 À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.

Ant. Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança!

Ant. 3 Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão!

III

18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!

21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que  o interior dos corações?
23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!

24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?

26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!

Ant. Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão!

V. quem nós iremos, Senhor Jesus Cristo?
R. Só tu tens palavras de vida eterna.

 Primeira leitura

Do Livro do Deuteronômio             9,7-21.25-29

Os pecados do povo e a intercessão de Moisés

 Naqueles dias, Moisés falou ao povo, dizendo:

7“Lembra-te, não te esqueças de que modo provocaste a ira do Senhor teu Deus no deserto. Desde o dia em que saíste do Egito até chegares a este lugar, foste rebelde ao Senhor. 8Já em Horeb o provocastes e ele, irado, vos quis exterminar. 9Quando subi à montanha para receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o Senhor havia concluído convosco, fiquei lá quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. 10Então o Senhor me deu as duas tábuas de pedra escritas com o dedo de Deus, nas quais estavam todas as palavras que o Senhor vos tinha dito na montanha, do meio do fogo, quando todo o povo estava reunido. 11E, passados quarenta dias e outras tantas noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança, 12e me disse: ‘Levanta-te, desce imediatamente daqui, porque pecou o povo que tiraste do Egito. Depressa se desviaram do caminho que lhes prescrevi, fazendo para si uma imagem fundida’. 13E o Senhor tornou a dizer-me: ‘Já vi que este é um povo de cabeça dura.

14Deixa-me destruí-lo e apagar o seu nome debaixo dos céus. Mas de ti farei uma nação mais poderosa e mais numerosa do que este povo’.15Pus-me, então, a descer a montanha que estava toda em fogo, trazendo em minhas mãos as duas tábuas da aliança. 16E olhando, percebi que havíeis pecado contra o Senhor vosso Deus. Tínheis feito um bezerro fundido, não tardando a afastar-vos do caminho que o Senhor vos traçara. 17Tomei, então, as duas tábuas e com minhas mãos arremessei-as ao chão, quebrando-as ante os vossos olhos. 18Depois prostrei-me na presença do Senhor, como da primeira vez, durante quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água, por causa dos pecados que havíeis cometido, fazendo o que desagrada ao Senhor, provocando-o à ira. 19Temi, então, sua indignação e sua cólera, com que o Senhor vos ameaçava, a ponto de vos querer exterminar. Mas ainda desta vez o Senhor me ouviu. 20O Senhor também estava fortemente irritado contra Aarão e queria fazê-lo perecer, mas então eu intercedi também em favor de Aarão. 21Quanto à obra do vosso pecado, o bezerro que tínheis feito, agarrei-o e atirei-o ao fogo. Depois de esmigalhá-lo bem, até reduzi-lo ao pó, lancei o pó à água da torrente que desce da montanha.

25E estive prostrado diante do Senhor, quarenta dias e quarenta noites, durante os quais lhe rogava humildemente que não vos exterminasse como tinha ameaçado. 26E orando, disse: Senhor Deus, não destruas o teu povo e a tua herança que tu resgataste com a tua grandeza, e tiraste do Egito com mão forte. 27Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Jacó; não olhes para a obstinação deste povo, nem para a sua impiedade e seu pecado; 28para que os habitantes do país donde nos tiraste não digam: ‘O Senhor não podia introduzi-los na terra que lhes tinha prometido. Tirou-os daqui, porque os odiava, para fazê-los morrer no deserto’. 29Eles, no entanto, são teu povo e tua herança, que tiraste do Egito com teu grande poder e teu braço estendido”.

Responsório             Cf. Ex 32,11.13.14; 33,17

R. Moisés pediu e suplicou na presença do Senhor:
Por que, Senhor, vos irritais assim contra o vosso povo?
Acalmai a vossa ira e lembrai-vos de Abraão,
de Isaac e de Jacó a quem jurastes dar a terra
onde corem leite e mel!
* E o Senhor se arrependeu do mal que ameaçara
fazer contra o seu povo.
V. O Senhor disse a Moisés: Tu tens todo o meu favor
e te conheço mais que a todos. * E o Senhor.

Segunda leitura

Da Carta de São Fulgêncio de Ruspe, bispo

(Epist. 14,36-37: CCL 91,429-431)                (Séc.VI)

Cristo, sempre vivo, intercede por nós

Antes do mais, chama-nos a atenção que, na conclusão das orações, dizemos: “por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho” e nunca: “pelo Espírito Santo”. Não é sem motivo que a Igreja católica o repete, por causa do mistério do mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, que com seu próprio sangue entrou uma vez por todas no santuário, não feito por mãos de homens, figura do verdadeiro, mas no próprio céu,onde está à direita de Deus e intercede por nós.

Contemplando esta função pontifical, diz o Apóstolo: Por ele ofereçamos sempre o sacrifício de louvor, o fruto dos lábios daqueles que confessam seu nome. Por conseguinte, por ele oferecemos o sacrifício de louvor e da prece, pois, mediante a sua morte, fomos reconciliados, nós os inimigos. Por ele, que se dignou tornar-se sacrifício em nosso favor, o nosso sacrifício pode ser bem aceito diante de Deus. São Pedro adverte-nos, dizendo: E vós, quais pedras vivas, entrais na edificação deste edifício espiritual, no sagrado sacerdócio, oferecendo vítimas espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. É esta a razão que nos faz dizer: “Por nosso Senhor Jesus Cristo”.

Quando se menciona o sacerdote, que vem à mente a não ser o mistério da encarnação do Senhor? Mistério do Filho de Deus que, embora de condição divina, aniquilou-se a si mesmo, assumindo a forma de escravo; em sua humilhação, fez-se obediente até à morte; a saber, feito um pouco menor do que os anjos, possuindo, embora, a igualdade com Deus Pai. O Filho se diminuiu, permanecendo igual ao Pai, porquanto se dignou assemelhar-se aos homens. Tornou-se o menor, quando se aniquilou a si mesmo, tomando a forma de servo. A diminuição de Cristo é seu aniquilamento, mas o aniquilamento consiste na aceitação da forma de servo.

Cristo, permanecendo na forma de Deus o unigênito de Deus, a quem juntamente com o Pai oferecemos sacrifícios, tomou a forma de servo, tornando-se sacerdote. Assim, por ele, podemos oferecer um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Nunca nos seria possível oferecer tal sacrifício se Cristo não se houvesse tornado, ele mesmo, sacrifício para nós. Nele, a própria natureza do gênero humano é o verdadeiro sacrifício de salvação.

Com efeito, quando nos apresentamos para oferecer, mediante nosso eterno sacerdote e senhor, nossas orações, afirmamos ter ele a verdadeira carne de nossa raça. O Apóstolo já dissera: Todo pontífice é escolhido dentre os homens e a favor dos homens é constituído para as coisas que dizem respeito a Deus, a oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Quando, porém, dizemos: “Vosso Filho” e acrescentamos: “que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo”, comemoramos aquela unidade naturalmente existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Daí se deduz ser o Cristo o que exerce a função sacerdotal para nós, o mesmo a quem pertence, por natureza, a unidade com o Pai e o Espírito Santo.

Responsório             Hb 4,16.15a

R. Confiantes acheguemo-nos ao trono onde está a graça,
* Para obter misericórdia, e o auxílio encontrar
como ajuda oportuna.
V. Pois, não temos um pontífice que não possa condoer-se
das fraquezas que nós temos. * Para obter.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.