SÃO JOSÉ DE ANCHIETA, PRESBÍTERO
Memória
Nasceu a 19 de março de 1534 em Tenerife, nas Ilhas Canárias. Tendo entrado na Companhia de Jesus, foi enviado Às missões do Brasil. Ordenado sacerdote, dedicou toda a sua vida à evangelização das plagas brasileiras. Escreve para a língua dos indígenas uma gramática e, depois, um catecismo. Foi agraciado com o epíteto de “apóstolo do Brasil”. Faleceu a 9 de junho de 1597.
Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Cristo Pastor, modelo dos pastores,
comemorando a festa deste Santo,
a multidão fiel e jubilosa,
vosso louvor celebra neste canto.
Feito por Deus ministro e sacerdote,
associado ao vosso dom perfeito,
bom despenseiro, foi por vós chamado
a presidir o vosso povo eleito.
Do seu rebanho foi pastor e exemplo,
ao pobre alívio e para os cegos luz,
pai carinhoso, tudo para todos,
seguindo em tudo o Bom Pastor Jesus.
Cristo, que aos santos dais nos céus o prêmio,
com vossa glória os coroando assim,
dai-nos seguir os passos deste mestre
e ter um dia um semelhante fim.
Justo louvor ao Sumo Pai cantemos,
e a vós, Jesus, Eterno Rei, também.
Honra e poder ao vosso Santo Espírito
no mundo inteiro, agora e sempre. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome.
Salmo 43(44)
Calamidades do povo
Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! (Rm 8,37).
I
–2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:
=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumentá-los, abatestes outros povos.
–4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;
– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
–5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;
–6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.
–7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;
–8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
–9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.
Ant. Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome.
Ant. 2 Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança!
II
–10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
–11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adversários nos pilharam à vontade.
–12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
–13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!
–14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
–15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.
–16 À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
–17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.
Ant. Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança!
Ant. 3 Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão!
III
–18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
–19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
–20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!
–21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
–22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que vê o interior dos corações?
–23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!
–24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
–25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?
–26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!
Ant. Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão!
V. A quem nós iremos, Senhor Jesus Cristo?
R. Só tu tens palavras de vida eterna.
Primeira leitura
Do Livro de Josué 5,13—6,21
Conquista da cidade fortificada dos inimigos
Naqueles dias: 5,13 Estando Josué nos arredores da cidade de Jericó, levantou os olhos e viu diante de si um homem de pé, com uma espada desembainhada na mão. Josué foi até ele e perguntou: “Tu és dos nossos ou dos inimigos?” 14Ele respondeu: “Não. Sou o chefe do exército do Senhor, e acabo de chegar”. Então Josué prostrou-se com o rosto por terra e o adorou. Depois perguntou-lhe: “O que diz o meu Senhor ao seu servo?” 15O chefe do exército do Senhor respondeu a Josué: “Tira as sandálias dos pés, pois o lugar que pisas é sagrado”. E Josué fez o que lhe foi ordenado.
6,1 Jericó estava fechada e fortificada por causa dos filhos de Israel, e ninguém ousava sair nem entrar.
2O Senhor disse então a Josué: “Vê. Eu entreguei à tua mão Jericó, com seu rei e todos os seus homens valentes. 3Vós, todos os homens de guerra, dai a volta em redor da cidade, uma vez por dia. Assim fareis durante seis dias. 4Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro diante da arca. No sétimo dia dareis sete voltas à cidade, e os sacerdotes tocarão as trombetas. 5E, quando o som das trombetas se fizer mais demorado e penetrante, e vos ferir os ouvidos, todo o povo levantará numa só voz um grande clamor, e cairão os muros da cidade até aos fundamentos, e cada um entrará pelo lugar que estiver à sua frente”.
6Então Josué, filho de Nun, chamou os sacerdotes e lhes disse: “Tomai a arca da aliança, e que sete sacerdotes tomem sete trombetas e vão adiante da arca do Senhor”. 7E disse ao povo: “Ide e rodeai a cidade, e quem estiver armado passe à frente da arca do Senhor”.
8Logo que Josué acabou de falar, os sete sacerdotes tocaram as sete trombetas diante da arca da aliança do Senhor. 9Todo o exército armado marchava à frente dos sacerdotes que tocavam as trombetas, e o resto da multidão seguia atrás da arca, e o som das trombetas retumbava por toda a parte. 10Josué tinha ordenado ao povo, dizendo: “Não griteis nem façais ouvir a vossa voz e nenhuma palavra saia de vossa boca, até ao dia em que eu vos disser: ‘Gritai!’ Então gritareis”. 11Assim, a arca do Senhor deu, naquele dia, uma volta à cidade e, retornando ao acampamento, pernoitou ali.
12No dia seguinte, Josué levantou-se ainda de noite, os sacerdotes tomaram a arca do Senhor, e sete deles 13tomaram as sete trombetas de chifre de carneiro e marcharam diante da arca do Senhor, andando e tocando; e o povo armado ia adiante deles, e o resto da multidão seguia a arca, e as trombetas ressoavam. 14E rodearam uma vez a cidade, no segundo dia, e voltaram para o acampamento. Assim fizeram durante seis dias.
15Mas, no sétimo dia, levantando-se de madrugada, deram sete voltas à cidade, conforme o mesmo cerimonial; somente naquele dia rodearam a cidade sete vezes. 16Quando os sacerdotes tocaram as trombetas na sétima volta, Josué disse ao povo: “Gritai, porque o Senhor vos entregou a cidade. 17E a cidade, com tudo o que nela houver, seja condenada ao extermínio, em honra do Senhor. Somente Raab, a prostituta, será conservada com vida, bem como todos os que estiverem com ela em sua casa, porque escondeu os mensageiros que enviamos. 18Quanto a vós, guardai-vos de tocar alguma daquelas coisas consagradas ao extermínio, para que não sejais culpados de um grande pecado, pois tornaríeis o acampamento de Israel condenado ao extermínio, levando-o à desordem.19Mas tudo o que se encontrar de ouro e prata, de utensílios de cobre e de ferro, seja consagrado ao Senhor e depositado no seu tesouro”.
20O povo lançou então um grande grito e as trombetas ressoaram. E, logo que a voz e o som chegaram aos ouvidos da multidão, desabaram de repente as muralhas, e cada um entrou pelo lugar que estava à sua frente, e tomaram a cidade. 21E mataram tudo o que nela havia, homens e mulheres, crianças e velhos, bois, ovelhas e jumentos, tudo foi passado ao fio da espada.
Responsório Cf. Is 25,1ab.2ad; Hb 11,30
R. Ó Senhor, vós sois meu Deus,
quero exaltar o vosso nome;
* Pois reduzistes a cidade a um sepulcro
e nunca mais ela será reconstruída.
V. Foi pela fé que as muralhas de Jericó desmoronaram,
por sete dias sitiadas. * Pois reduzistes.
Segunda leitura
Das Cartas de São José de Anchieta ao Prepósito-Geral Diego Láyñez
(Carta de 1º de junho de 1560; cf. Serafim da Silva Leite SJ, Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, vol. 3 (1558- 1563),São Paulo 1954, p.253-255)
(Séc.XVI)
Nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas
De outros muitos poderia contar, máxime escravos, dos quais uns morrem batizados de pouco, outros já há dias que o foram; acabando sua confissão vão para o Senhor. Pelo que, quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de Índios como de Portugueses, sem fazer caso das calmas, chuvas ou grandes enchentes de rios,e muitas vezes de noite por bosques mui escuros a socorrermos aos enfermos, não sem grande trabalho, assim pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo, máxime sendo tantas estas povoações e tão longe umas das outras, que não somos bastantes a acudir tão várias necessidades, como ocorrem, nem mesmo que fôramos muito mais, não poderíamos bastar. Ajunta-se a isto, que nós outros que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e, fatigados de dores, desfalecemos no caminho, de maneira que apenas o podemos acabar; assim que não menos parecem ter necessidade de ajuda os médicos que os mesmos enfermos. Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida. Muitas vezes nos levantamos do sono, ora para os enfermos, ora para os que morrem.
Hei me detido em contar os que morrem, porque aquele se há de julgar verdadeiro fruto que permanece até o fim; porque dos vivos não ousarei contar nada, por ser tanta a inconstância em muitos, que não se pode nem se deve prometer deles coisa que haja muito de durar. Mas bem-aventurados aqueles que morrem no Senhor (Ap 14,13), os quais livres das perigosas águas deste mudável mar, abraçada a fé e os mandamentos do Senhor, são transladados à vida, soltos das prisões da morte, e assim os bem-aventurados êxitos destes nos dão tanta consolação, que pode mitigar a dor que recebemos da malícia dos vivos. E contudo trabalhamos com muita diligência em a sua doutrina, os admoestamos em públicas predicações e particulares práticas, que perseverem no que têm aprendido. Confessam-se e comungam muitos cada domingo; vêm também de outros lugares onde estão dispersados a ouvir as Missas e confessar-se.
Responsório Cf. 1Cor 9,19; 1Ts 2,9; 1Cor 4,15
R. De todos fiz-me servo, a fim de conquistar
o maior número possível de seguidores de Jesus.
* Labutamos noite e dia, a fim de proclamarmos
o Evangelho do Senhor. Aleluia.
V. Ainda que tivésseis educadores numerosos,
não teríeis muitos pais, pois, eu, pelo Evangelho,
vos gerei em Jesus Cristo. * Labutamos.
Oração
Derramai, Senhor, sobre nós a vossa graça, a fim de que, a exemplo de São José de Anchieta, apóstolo do Brasil, sirvamos fielmente ao Evangelho, tornando-nos tudo para todos, e nos esforcemos em ganhar para vós nossos irmãos no amor de Cristo. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.