Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:
Reinais no mundo inteiro,
Jesus, ó sol divino;
deixamos nossos leitos,
cantando este hino.
Da noite na quietude,
do sono levantamos:
mostrando as nossas chagas,
remédio suplicamos.
Oh! quanto mal fizemos,
por Lúcifer levados:
que a glória da manhã
apague esses pecados!
E assim o vosso povo,
por vós iluminado,
jamais venha a tombar
nos laços do Malvado.
A glória seja ao Pai,
ao Filho seu também;
ao Espírito igualmente,
agora e sempre. Amém.
II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:
Cristo, em nossos corações
infundi a caridade.
Nossos olhos chorem lágrimas
de ternura e piedade.
Para vós, Jesus piedoso,
nossa ardente prece erguemos.
Perdoai-nos, compassivo,
todo o mal que cometemos.
Pelo vosso santo corpo,
pela cruz, vosso sinal,
vosso povo, em toda parte,
defendei de todo o mal.
A vós, Cristo, Rei clemente,
e a Deus Pai, eterno Bem,
com o vosso Santo Espírito
honra e glória sempre. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Levantai-vos, ó Senhor, vinde logo em meu socorro!
Salmo 34(35),1-2.3c.9-19.22-23.27.28
O Senhor salva nas perseguições
Reuniram-se… e resolveram prender Jesus por um ardil para o matar (Mt 26,3.4).
I
–1 Acusai os que me acusam, ó Senhor, *
combatei os que combatem contra mim!
=2 Empunhai o vosso escudo e armadura; †
levantai-vos, vinde logo em meu socorro *
3c e dizei-me: “Sou a tua salvação!”
–9 Então minh’alma no Senhor se alegrará *
e exultará de alegria em seu auxílio.
–10 Direi ao meu Senhor com todo o ser: *
“Senhor, quem pode a vós se assemelhar,
– pois livrais o infeliz do prepotente *
e libertais o miserável do opressor?”
–11 Surgiram testemunhas mentirosas, *
acusando-me de coisas que não sei.
–12 Pagaram com o mal o bem que fiz, *
e a minh’alma está agora desolada!
Ant. Levantai-vos, ó Senhor, vinde logo em meu socorro!
Ant. 2 Defendei minha causa, Senhor poderoso!
II
=13 Quando eram eles que sofriam na doença, †
eu me humilhava com cilício e com jejum *
e revolvia minhas preces no meu peito;
–14 eu sofria e caminhava angustiado *
como alguém que chora a morte de sua mãe.
=15 Mas apenas tropecei, eles se riram; †
como feras se juntaram contra mim *
e me morderam, sem que eu saiba seus motivos;
–16 eles me tentam com blasfêmias e sarcasmos *
e se voltam contra mim rangendo os dentes.
Ant. Defendei minha causa, Senhor poderoso!
Ant. 3 Minha língua anunciará vossa justiça eternamente.
III
=17 Até quando, ó Senhor, podeis ver isso? †
Libertai a minha alma destas feras *
e salvai a minha vida dos leões!
–18 Então, em meio à multidão, vos louvarei *
e na grande assembléia darei graças.
–19 Que não possam nunca mais rir-se de mim *
meus inimigos mentirosos e injustos!
– Nem acenem os seus olhos com maldade *
aqueles que me odeiam sem motivo!
–22 Vós bem vistes, ó Senhor, não vos caleis! *
Não fiqueis longe de mim, ó meu Senhor!
–23 Levantai-vos, acordai, fazei justiça! *
Minha causa defendei, Senhor, meu Deus!
–27 Rejubile de alegria todo aquele *
que se faz o defensor da minha causa
– e possa dizer sempre: “Deus é grande, *
ele deseja todo o bem para o seu servo!”
–28 Minha língua anunciará vossa justiça *
e cantarei vosso louvor eternamente!
Ant. Minha língua anunciará vossa justiça eternamente.
V. Meu filho, observa as minhas palavras.
R. Conserva a doutrina e haverás de viver.
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Baruc 1,14—2,5; 3,1-8
Súplica do povo arrependido
1,14 Este livro, que vos enviamos para leitura pública, vós o fareis ler na casa do Senhor, nas solenidades e nos dias estabelecidos. 15Assim deveis dizer:
“Ao Senhor nosso Deus cabe justiça; enquanto a nós, resta-nos corar de vergonha, como acontece no dia de hoje aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém, 16aos nossos reis, nossos príncipes e sacerdotes, aos nossos profetas e nossos antepassados: 17pois pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos 18e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, que nos exortava a viver de acordo com os mandamentos que ele pôs sob os nossos olhos. 19Desde o dia em que o Senhor tirou nossos pais do Egito, até hoje, temos sido desobedientes ao Senhor nosso Deus, procedemos inconsideradamente, deixando de ouvir sua voz; 20por isso perseguem-nos as calamidades e a maldição, que o Senhor nos lançou por meio de Moisés, seu servo, no dia em que tirou nossos pais do Egito, para nos dar uma terra que mana leite e mel, como de fato é hoje. 21Mas não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus, como vem nas palavras dos profetas que ele nos enviou, 22e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus!
2,1 O Senhor cumpriu a ameaça que fez contra nós e nossos juízes, que julgavam Israel;contra nossos reis e nossos chefes e contra todos os habitantes de Israel e de Judá: 2de que traria sobre nós males enormes, que não tinham acontecido em nenhum lugar do mundo, como os que ele permitiu em Jerusalém, conforme estava prescrito no livro da Lei de Moisés, 3quando chegaram alguns de nós a comer as carnes do próprio filho ou da filha.4Deus entregou-os à submissão a todos os reinos em redor, para vergonha e maldição perante todos os povos vizinhos, por onde foram dispersos. 5Eles passaram de senhores a súditos, porque pecamos contra o nosso Deus, não obedecendo à sua voz.
3,1 Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, a ti clama a alma angustiada, o espírito temeroso.2Ouve, Senhor, e tem piedade de nós porque pecamos contra ti; 3pois tu permaneces para sempre, e nós sempre perecemos. 4Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, ouve agora a oração dos homens mortos de Israel, filhos daqueles que pecaram contra ti; não ouviram a voz do Senhor, seu Deus, e atraíram tantas desgraças sobre nós. 5Não leves em conta as iniqüidades de nossos pais mas recorda-te da bondade de tua mão e do teu nome neste tempo, 6porque és o Senhor, nosso Deus; e nós te louvamos, Senhor, 7por teres infundido em nosso coração o teu temor, a fim de invocarmos o teu nome. Nós te louvamos em nosso cativeiro, porque afastamos de nosso coração toda a iniqüidade de nossos pais que pecaram contra ti. 8Eis-nos hoje em cativeiro, para onde nos atiraste para sofrermos vergonha e maldição, e para expiarmos todas as iniqüidades de nossos pais, que abandonaram o Senhor nosso Deus”.
Responsório Ef 2,4-5; cf. Br 2,12
R. Irmãos, Deus que é rico em misericórdia,
pelo amor sem limites com o qual nos amou
* Quando estávamos mortos por nossos pecados,
deu-nos vida no Cristo.
V. Realmente, pecamos, praticando injustiças,
fizemos o mal contra Deus, Senhor nosso,
e toda a sua lei. * Quando.
Segunda leitura
Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo
(Ep.130,14,27-15,28:CSEL44,71-73) (Séc.V)
O Espírito intercede por nós
Quem pede ao Senhor aquele único bem e o procura com empenho, pede cheio de segurança e não teme ser-lhe prejudicial o recebê-lo; sem ele, nada do que puder receber como convém lhe adiantará. Pois é a única verdadeira vida e a única feliz. Contemplar eternamente a maravilha do Senhor, imortais e incorruptos de corpo e de espírito. Em vista desta única vida tudo o mais se há de pedir sem impropriedade. Quem a possuir terá tudo quanto desejar. Nem desejará o que não convém e que ali nem mesmo pode existir.
Ali, com efeito, está a fonte da vida, de que temos sede agora na oração, enquanto vivemos na esperança e ainda não vemos o que esperamos; à sombra de suas asas, diante de quem está todo nosso desejo, para embriagarmo-nos da riqueza de sua casa e bebermos da torrente de suas delícias. Porque junto dele está a fonte da vida e à sua luz veremos a luz (cf. Sl 35,8-10), quando se saciar de bens nosso anseio e nada mais haverá a procurar com gemidos, mas só aquilo que no gozo abraçaremos.
Todavia ela é também a paz que supera todo entendimento. Por isso, ao orarmos para obtê-la, não sabemos fazê-lo como convém. orque não podemos nem mesmo imaginar como é, então não sabemos.
Mas tudo o que nos ocorre ao pensar, afastamos, rejeitamos, desaprovamos. Não é isto o que procuramos, embora não saibamos ainda qual seja. Há em nós, por assim dizer, uma douta ignorância, mas douta pelo Espírito de Deus que vem em auxílio de nossa fraqueza. Tendo o Apóstolo dito: Se, porém, esperamos o que não vemos, aguardamos com paciência, acrescenta: Do mesmo modo o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza; pois não sabemos orar como convém; mas o próprio Espírito intercede com gemidos inexprimíveis. Aquele que perscruta os corações conhece o desejo do Espírito, porque sua intercessão pelos santos corresponde ao desígnio de Deus (Rm 8,25-27).
Não se há de entender isto como se o Santo Espírito de Deus, que é Deus na Trindade imutável e como Pai e o Filho um só Deus, interceda em favor dos santos, como alguém que não seja o mesmo Deus. Na verdade se diz: Interpela em favor dos santos porque faz os santos intercederem. Como se diz: O Senhor, vosso Deus, vos tenta para saber se o amais (Dt 13,4), quer dizer: para vos fazer saber. Por conseguinte faz que os santos intercedam com gemidos inexprimíveis, inspirando-lhes o desejo da maravilha ainda desconhecida que aguardamos pela paciência. Por que e como exprimir o desejo daquilo que se ignora? Na realidade, se se ignorasse totalmente, não se desejaria. Por outro lado, se já se visse, não se desejaria nem se procuraria com gemidos.
Responsório Rm 8,26b; Zc 12,4a.10
R. Não sabemos o que nós devemos pedir,
nem orar dignamente.
* O Espírito mesmo intercede por nós
com indizíveis gemidos.
V. Naquele dia infundirei sobre a casa de Davi
e os habitantes de Sião um espírito de graça,
um espírito de súplica. * O Espírito.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.