A bondade de Deus e a infidelidade do povo ao longo da história da Salvação

Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós (1Cor 10,6).

1 Escuta, ó meu povo, a minha Lei, *

ouve atento as palavras que eu te digo;

2 abrirei a minha boca em parábolas, *

os mistérios do passado lembrarei.

3 Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos, *

e transmitiram para nós os nossos pais,

4 não haveremos de ocultar a nossos filhos, *

mas à nova geração nós contaremos:

– As grandezas do Senhor e seu poder, *

as maravilhas que por nós realizou;

5 um preceito em Jacó ele ordenou, *

uma lei instituiu em Israel.

– Ele havia ordenado a nossos pais *

que ensinassem estas coisas a seus filhos,

6 para que a nova geração as conhecesse *

e os filhos que haveriam de nascer.

– Levantem-se e as contem a seus filhos, *

7 para que ponham no Senhor sua esperança;

– das obras do Senhor não se esqueçam, *

e observem fielmente os seus preceitos.

8 Nem se tornem, a exemplo de seus pais, *

rebelde e obstinada geração,

– uma raça de inconstante coração, *

infiel ao Senhor Deus, em seu espírito.

9 Os filhos de Efraim, hábeis no arco, *

no dia do combate debandaram;

10 não guardaram a Aliança do Senhor, *

recusaram-se a andar na sua Lei.

11 Esqueceram os seus feitos gloriosos *

e os prodígios que outrora lhes mostrara;

12 na presença de seus pais fez maravilhas, *

no lugar chamado Tânis, lá no Egito.

13 Rasgou o mar e os conduziu através dele, *

levantando as suas águas como um dique;

14 durante o dia orientou-os pela nuvem, *

e de noite por um fogo esplendoroso.

15 Rochedos no deserto ele partiu *

e lhes deu para beber águas correntes;

16 fez brotar água abundante do rochedo, *

e a fez correr como torrente no deserto.

Ant. Nossos pais nos transmitiram as grandezas,

os prodígios do Senhor e seu poder (T.P. Aleluia).  

Ant. 2 Eles comeram o maná vindo do céu,

beberam água de uma rocha espiritual (T.P. Aleluia).

17 Mas pecaram contra ele sempre mais, *

Provocaram no deserto o Deus Altíssimo;

–18 e tentaram o Senhor nos corações, *

exigindo alimento à sua gula.

19 Falavam contra Deus e assim diziam: *

“Pode o Senhor servir a mesa no deserto?”

20 Eis que fere os rochedos num momento *

e faz as águas transbordarem em torrentes.

– “Mas será também capaz de dar-nos pão, *

e a seu povo poderá prover de carne?”

=21 A tais palavras, o Senhor ficou irado, †

uma fogueira se ateou contra Jacó, *

e sua ira se acendeu contra Israel;

22 porque não creram no Senhor Deus de Israel, *

nem tiveram confiança em sua ajuda.

23 Ordenou, então, às nuvens lá dos céus, *

e as comportas das alturas fez abrir;

24 fez chover-lhes o maná e alimentou-os, *

e lhes deu para comer o pão do céu.

25 O homem se nutriu do pão dos anjos, *

e mandou-lhes alimento em abundância;

26 fez soprar o vento leste pelos céus *

e fez vir, por seu poder, o vento sul.

27 Fez chover carne para eles como pó, *

choveram aves como areia do oceano;

28 elas caíram sobre os seus acampamentos *

e pousaram ao redor de suas tendas.

29 Eles comeram e beberam à vontade; *

o Senhor satisfizera os seus desejos.

30 Mal, porém, se tinham eles saciado, *

e a comida ainda estava em suas bocas,

=31 inflamou-se a sua ira contra eles †

e matou os mais robustos entre o povo, *

abatendo a fina flor de Israel.

32 Com tudo isso, eles pecaram novamente, *

não deram fé às maravilhas do Senhor.

33 Foram seus dias consumidos como um sopro, *

e seus anos bem depressa se encurtaram.

34 Quando os feria, eles então o procuravam, *

convertiam-se correndo para ele;

35 recordavam que o Senhor é sua rocha *

e que Deus, seu Redentor, é o Deus Altíssimo.

36 Mas apenas o honravam com seus lábios *

e mentiam ao Senhor com suas línguas;

37 seus corações enganadores eram falsos *

e, infiéis, eles rompiam a Aliança.

38 Mas o Senhor, sempre benigno e compassivo, *

não os matava e perdoava seu pecado;

– quantas vezes dominou a sua ira *

e não deu largas à vazão de seu furor.

39 Recordava-se que eles eram carne, *

sopro que passa e jamais torna a voltar.

40 Quantas vezes o tentaram no deserto *

e provocaram seu furor na solidão!

41 Eles tentavam o Senhor sempre de novo, *

e irritavam o Deus Santo de Israel;

42 não se lembravam do poder de sua mão *

nem do dia em que os livrou do opressor;

43 quando fez tantos milagres no Egito, *

seus prodígios no lugar chamado Tânis;

44 em sangue fez mudarem os seus rios, *

para que deles não pudessem mais beber.

45 Mandou-lhes moscas como fim de devorá-los, *

e também rãs que infestaram toda a terra;

46 pragas vorazes devoraram suas colheitas, *

e gafanhotos, o produto de seus campos.

47 Arrasou as suas vinhas com granizo *

e com geada destruiu suas figueiras;

48 a saraiva acabou com o seu gado *

e a peste exterminou o seu rebanho.

49 Descarregou todo o ardor de sua ira, *

a angústia e o terror em cima deles;

– com multidões de mensageiros da desgraça, *

50 deu livre curso à vazão de seu furor.

– Da morte não poupou as suas almas, *

e à peste entregou as suas vidas;

51 feriu os primogênitos do Egito, *

as primícias dos varões de suas tendas.

52 Fez sair seu povo eleito como ovelhas, *

conduziu-os qual rebanho no deserto;

53 Ele os guiou com segurança e sem temor, *

mas encobriu seus inimigos com o mar.

54 Conduziu-os para a Terra Prometida, *

para o Monte que seu braço conquistou;

55 expulsou diante deles outros povos *

e repartiu-lhes suas terras como herança.

– Nas tendas de outros povos fez morar *

todas as tribos e as famílias de Israel.

56 Mesmo assim, eles tentaram o Altíssimo, *

recusando-se a guardar os seus preceitos.

57 Como seus pais, se transviaram, e o traíram *

como um arco enganador que volta atrás;

58 irritaram-no com seus lugares altos, *

provocaram-lhe o ciúme com seus ídolos.

59 Deus ouviu e enfureceu-se contra eles, *

e repeliu com violência a Israel;

60 abandonou o tabernáculo de Silo *

e a tenda em que morava em meio aos homens.

61 Entregou a sua arca ao cativeiro, *

e às mãos do inimigo a sua glória;

62 fez perecer seu povo eleito pela espada, *

e contra a sua herança enfureceu-se.

63 O fogo devorou seus filhos jovens, *

as suas virgens não puderam mais casar;

64 seus sacerdotes pereceram pela espada, *

suas viúvas não puderam mais chorar.

65 Mas o Senhor se despertou, como de um sono, *

como um guerreiro dominado pelo vinho;

66 feriu seus inimigos pelas costas *

e entregou-os à vergonha sempiterna.

67 Rejeitou então a tenda de José, *

e a tribo de Efraim não escolheu;

68 preferiu, porém, a tribo de Judá *

e o monte de Sião que sempre amou.

69 E construiu seu santuário como um céu, *

como a terra que firmou eternamente.

70 A Davi, seu servidor, ele escolheu *

e tirou-o do aprisco das ovelhas;

=71 ovelhas e cordeiros fez deixar, †

para seu povo de Jacó pastorear, *

e a Israel que escolheu por sua herança;

72 com reto coração apascentou-os *

e com mão habilidosa os conduziu.