Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Pelo fogo do amor divinal,
Santa Inês o prazer superou
e mais forte que as vozes do corpo,
a pureza em seu ser triunfou.
Coros de anjos recebem-lhe o espírito,
e o elevam mais alto que os céus.
A esposa se une ao esposo
no palácio sagrado de Deus.
Santa virgem, de nós tem piedade
e obtém-nos da culpa o perdão.
Aos que a tua vitória celebram
queira Deus conceder salvação.
Torna o Cristo Senhor compassivo
ao seu povo, por ele remido.
Dá-nos paz, numa vida tranquila,
e conserva os fiéis sempre unidos.
Celebramos o manso Cordeiro
que Inês como esposo escolheu.
Glória Àquele que a terra dirige
e governa as estrelas do céu.
Salmodia
Ant. 1 Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome.
Salmo 43(44)
Calamidades do povo
Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! (Rm 8,37).
I
–2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:
=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumentá-los, abatestes outros povos.
–4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;
– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
–5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;
–6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.
–7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;
–8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
–9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.
Ant. Fostes vós que nos salvastes, ó Senhor!
Para sempre louvaremos vosso nome.
Ant. 2 Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança!
II
–10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
–11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adversários nos pilharam à vontade.
–12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
–13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!
–14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
–15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.
–16 À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
–17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.
Ant. Perdoai, ó Senhor, o vosso povo,
não entregueis à vergonha a vossa herança!
Ant. 3 Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão!
III
–18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
–19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
–20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!
–21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
–22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que vê o interior dos corações?
–23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!
–24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
–25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?
–26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!
Ant. Levantai-vos, ó Senhor, e socorrei-nos,
libertai-nos pela vossa compaixão!
V. A quem nós iremos, Senhor Jesus Cristo?
R. Só tu tens palavras de vida eterna.
Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio 9,7-21.25-29
Os pecados do povo e a intercessão de Moisés
Naqueles dias, Moisés falou ao povo, dizendo:
7“Lembra-te, não te esqueças de que modo provocaste a ira do Senhor teu Deus no deserto. Desde o dia em que saíste do Egito até chegares a este lugar, foste rebelde ao Senhor. 8Já em Horeb o provocastes e ele, irado, vos quis exterminar. 9Quando subi à montanha para receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o Senhor havia concluído convosco, fiquei lá quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. 10Então o Senhor me deu as duas tábuas de pedra escritas com o dedo de Deus, nas quais estavam todas as palavras que o Senhor vos tinha dito na montanha, do meio do fogo, quando todo o povo estava reunido. 11E, passados quarenta dias e outras tantas noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança, 12e me disse: ‘Levanta-te, desce imediatamente daqui, porque pecou o povo que tiraste do Egito. Depressa se desviaram do caminho que lhes prescrevi, fazendo para si uma imagem fundida’. 13E o Senhor tornou a dizer-me: ‘Já vi que este é um povo de cabeça dura.
14Deixa-me destruí-lo e apagar o seu nome debaixo dos céus. Mas de ti farei uma nação mais poderosa e mais numerosa do que este povo’.15Pus-me, então, a descer a montanha que estava toda em fogo, trazendo em minhas mãos as duas tábuas da aliança. 16E olhando, percebi que havíeis pecado contra o Senhor vosso Deus. Tínheis feito um bezerro fundido, não tardando a afastar-vos do caminho que o Senhor vos traçara. 17Tomei, então, as duas tábuas e com minhas mãos arremessei-as ao chão, quebrando-as ante os vossos olhos. 18Depois prostrei-me na presença do Senhor, como da primeira vez, durante quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água, por causa dos pecados que havíeis cometido, fazendo o que desagrada ao Senhor, provocando-o à ira. 19Temi, então, sua indignação e sua cólera, com que o Senhor vos ameaçava, a ponto de vos querer exterminar. Mas ainda desta vez o Senhor me ouviu. 20O Senhor também estava fortemente irritado contra Aarão e queria fazê-lo perecer, mas então eu intercedi também em favor de Aarão. 21Quanto à obra do vosso pecado, o bezerro que tínheis feito, agarrei-o e atirei-o ao fogo. Depois de esmigalhá-lo bem, até reduzi-lo ao pó, lancei o pó à água da torrente que desce da montanha.
25E estive prostrado diante do Senhor, quarenta dias e quarenta noites, durante os quais lhe rogava humildemente que não vos exterminasse como tinha ameaçado. 26E orando, disse: Senhor Deus, não destruas o teu povo e a tua herança que tu resgataste com a tua grandeza, e tiraste do Egito com mão forte. 27Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Jacó; não olhes para a obstinação deste povo, nem para a sua impiedade e seu pecado; 28para que os habitantes do país donde nos tiraste não digam: ‘O Senhor não podia introduzi-los na terra que lhes tinha prometido. Tirou-os daqui, porque os odiava, para fazê-los morrer no deserto’. 29Eles, no entanto, são teu povo e tua herança, que tiraste do Egito com teu grande poder e teu braço estendido”.
Responsório Cf. Ex 32,11.13.14; 33,17
R. Moisés pediu e suplicou na presença do Senhor:
Por que, Senhor, vos irritais assim contra o vosso povo?
Acalmai a vossa ira e lembrai-vos de Abraão,
de Isaac e de Jacó a quem jurastes dar a terra
onde corem leite e mel!
* E o Senhor se arrependeu do mal que ameaçara
fazer contra o seu povo.
V. O Senhor disse a Moisés: Tu tens todo o meu favor
e te conheço mais que a todos. * E o Senhor.
Segunda leitura
Do Tratado sobre as Virgens, de Santo Ambrósio, bispo
(Lib. 1, cap. 2.5.7-9:PL 16, [edit. 1845], 189-191) (Séc.IV)
Ainda não preparada para o sofrimento
e já madura para a vitória!
Celebramos o natalício de uma virgem: imitemos sua integridade; é o natalício de uma mártir: ofereçamos sacrifícios. É o aniversário de Santa Inês. Conta-se que sofreu o martírio com a idade de doze anos. Quanto mais detestável foi a crueldade que não poupou sequer tão tenra idade, tanto maior é a força da fé que até naquela idade encontrou testemunho.
Haveria naquele corpo tão pequeno lugar para uma ferida? Mas aquela que quase não tinha tamanho para receber o golpe da espada, teve força para vencer a espada. E isto numa idade em que as meninas não suportam sequer ver o rosto zangado dos pais e choram como se uma picada de alfinete fosse uma ferida!
Mas ela permaneceu impávida entre as mãos ensanguentadas dos carrascos, imóvel perante o arrastar estridente dos pesados grilhões. Oferece o corpo à espada do soldado enfurecido, sem saber o que é a morte, mas pronta para ela. Levada à força até os altares dos ídolos, estende as mãos para Cristo no meio do fogo, e nestas chamas sacrílegas mostra o troféu do Senhor vitorioso. Finalmente, tendo que introduzir o pescoço e ambas as mãos nas algemas de ferro, nenhum elo era suficientemente apertado para segurar membros tão pequeninos.
Novo gênero de martírio? Ainda não preparada para o sofrimento e já madura para a vitória! Mal sabia lutar e facilmente triunfa! Dá uma lição de firmeza apesar de tão pouca idade! Uma recém-casada não se apressaria para o leito nupcial com aquela alegria com que esta virgem correu para o lugar do suplício, levando a cabeça enfeitada não de belas tranças mas de Cristo, e coroada não de flores mas de virtudes.
Todos choram, menos ela. Muitos se admiram de vê-la entregar tão generosamente a vida que ainda não começara a gozar, como se já tivesse vivido plenamente. Todos ficam espantados que já se levante como testemunha de Deus quem, por causa da idade, não podia ainda dar testemunho de si. Afinal, aquela que não mereceria crédito se testemunhasse a respeito de um homem, conseguiu que lhe dessem crédito ao testemunhar acerca de Deus. Pois o que está acima da natureza, pode fazê-lo o Autor da natureza.
Quantas ameaças não terá feito o carrasco para incutir-lhe terror! Quantas seduções para persuadi-la! Quantas propostas para casar com algum deles! Mas sua resposta foi esta: “É uma injúria ao Esposo esperar por outro que me agrade. Aquele que primeiro me escolheu para si, esse é que me receberá. Por que demoras, carrasco? Pereça este corpo que pode ser amado por quem não quero!” Ficou de pé, rezou, inclinou a cabeça.
Terias podido ver o carrasco perturbar-se, como se fosse ele o condenado, tremer a mão que desfecharia o golpe, e empalidecerem os rostos temerosos do perigo alheio, enquanto a menina não temia o próprio perigo. Tendes, pois, numa única vítima um duplo martírio: o da castidade e o da fé. Inês permaneceu virgem e alcançou o martírio.
Responsório
R. Celebremos a festa de santa Inês,
lembremos o modo como ela sofreu
o martírio por Cristo.
* Na flor da idade, vencendo a morte,
a vida encontrou.
V. Somente amou quem da vida é o Autor. * Na flor.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que escolheis as criaturas mais frágeis para confundir os poderosos, dai-nos, ao celebrar o martírio de Santa Inês, a graça de imitar sua constância na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.