Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
Cristo Pastor, modelo dos pastores,
comemorando a festa deste Santo,
a multidão fiel e jubilosa,
vosso louvor celebra neste canto.
O vosso Espírito ungiu o forte atleta
pelo dom íntimo duma unção de amor;
tornando-o apto para a dura luta,
do povo santo o fez fiel pastor.
Do seu rebanho foi pastor e exemplo,
ao pobre alívio e para os cegos luz,
pai carinhoso, tudo para todos,
seguindo em tudo o Bom Pastor Jesus.
Cristo, que aos santos dais nos céus o prêmio,
com vossa glória os coroando assim,
dai-nos seguir os passos deste mestre
e ter um dia um semelhante fim.
Justo louvor ao Sumo Pai cantemos,
e a vós, Jesus, Eterno Rei, também.
Honra e poder ao vosso Santo Espírito
no mundo inteiro, agora e sempre. Amém.
Ou:
Eterno Sol, que envolveis
a criação de esplendor,
a vós, Luz pura das mentes,
dos corações o louvor.
Pelo poder do Espírito,
lâmpadas vivas brilharam.
Da salvação os caminhos
a todo o mundo apontaram.
Por estes servos da graça
fulgiu com novo esplendor
o que a palavra proclama
e que a razão demonstrou.
Tem parte em suas coroas,
pela doutrina mais pura,
este varão que louvamos
e como estrela fulgura.
Por seu auxílio pedimos:
dai-nos, ó Deus, caminhar
na direção da verdade
e assim a vós alcançar.
Ouvi-nos, Pai piedoso,
e vós, ó Filho, também,
com o Espírito Santo,
Rei para sempre. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Olhai e vede, ó Senhor, a humilhação do vosso povo!
Salmo 88(89),39-53
Lamentação sobre a ruína da casa de Davi
Fez aparecer para nós uma força de salvação na casa de Davi (Lc 1,69).
IV
–39 E no entanto vós, Senhor, repudiastes vosso Ungido, *
gravemente vos irastes contra ele e o rejeitastes!
–40 Desprezastes a Aliança com o vosso servidor, *
profanastes sua coroa, atirando-a pelo chão!
–41 Derrubastes, destruístes os seus muros totalmente, *
e as suas fortalezas reduzistes a ruínas.
–42 Os que passam no caminho sem piedade o saquearam *
e tornou-se uma vergonha para os povos, seus vizinhos.
–43 Aumentastes o poder da mão direita do agressor, *
e exultaram de alegria os inimigos e opressores.
–44 Vós fizestes sua espada ficar cega, sem ter corte, *
não quisestes sustentá-lo quando estava no combate.
–45 O seu cetro glorioso arrancastes de sua mão, *
derrubastes pelo chão o seu trono esplendoroso,
–46 e de sua juventude a duração abreviastes, *
recobrindo sua pessoa de vergonha e confusão.
Ant. Olhai e vede, ó Senhor, a humilhação do vosso povo!
Ant. 2 Sou o rebento da estirpe de Davi,
sou a estrela fulgurante da manhã.
V
–47 Até quando, Senhor Deus, ficareis sempre escondido?*
Arderá a vossa ira como fogo eternamente?
–48 Recordai-vos, ó Senhor, de como é breve a minha vida,*
e de como é perecível todo homem que criastes!
–49 Quem acaso viverá sem provar jamais a morte, *
e quem pode arrebatar a sua vida dos abismos?
–50 Onde está, ó Senhor Deus, vosso amor de antigamente?*
Não jurastes a Davi fidelidade para sempre?
–51 Recordai-vos, ó Senhor, da humilhação dos vossos servos, *
pois carrego no meu peito os ultrajes das nações;
–52 com os quais sou insultado pelos vossos inimigos, *
com os quais eles ultrajam vosso Ungido a cada passo!
–53 O Senhor seja bendito desde agora e para sempre! *
Bendito seja o Senhor Deus, eternamente! Amém, amém!
Ant. Sou o rebento da estirpe de Davi,
sou a estrela fulgurante da manhã.
Ant. 3 Os nossos dias vão murchando como a erva;
vós, Senhor, sois desde sempre e para sempre.
Salmo 89(90)
O esplendor do Senhor esteja sobre nós
Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia (2Pd 3,8).
–1 Vós fostes um refúgio para nós, *
ó Senhor, de geração em geração.
=2 Já bem antes que as montanhas fossem feitas †
ou a terra e o mundo se formassem, *
desde sempre e para sempre vós sois Deus.
–3 Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, *
quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”
–4 Pois mil anos para vós são como ontem, *
qual vigília de uma noite que passou.
–5 Eles passam como o sono da manhã, *
6 são iguais à erva verde pelos campos:
– De manhã ela floresce vicejante, *
mas à tarde é cortada e logo seca.
–7 Por vossa ira perecemos realmente, *
vosso furor nos apavora e faz tremer;
–8 pusestes nossa culpa à nossa frente, *
nossos segredos ao clarão de vossa face.
9 Em vossa ira se consomem nossos dias, *
como um sopro se acabam nossos anos.
–10 Pode durar setenta anos nossa vida, *
os mais fortes talvez cheguem a oitenta;
– a maior parte é ilusão e sofrimento: *
passam depressa e também nós assim passamos.
–11 Quem avalia o poder de vossa ira, *
o respeito e o temor que mereceis?
–12 Ensinai-nos a contar os nossos dias, *
e dai ao nosso coração sabedoria!
–13 Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? *
Tende piedade e compaixão de vossos servos!
–14 Saciai-nos de manhã com vosso amor, *
e exultaremos de alegria todo o dia!
–15 Alegrai-nos pelos dias que sofremos, *
pelos anos que passamos na desgraça!
–16 Manifestai a vossa obra a vossos servos, *
e a seus filhos revelai a vossa glória!
–17 Que a bondade do Senhor e nosso Deus *
repouse sobre nós e nos conduza!
– Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho, *
fazei dar frutos o labor de nossas mãos!
Ant. Os nossos dias vão murchando como a erva;
vós, Senhor, sois desde sempre e para sempre.
V. Em vós está a fonte da vida,
R. E em vossa luz contemplamos a luz.
Primeira leitura
Do Primeiro Livro dos Reis 22,1-9.15-23.29.34-38
Sentença de Deus sobre o ímpio rei Acab
Naqueles dias:1Reinou paz durante três anos, não havendo guerra entre os arameus e Israel. 2Quando, porém, no terceiro ano Josafá, rei de Judá, desceu para visitar o rei de Israel, 3este disse aos oficiais: “Bem sabeis que Ramot de Galaad pertence a nós, e não fazemos nada para retomá-la das mãos do rei dos arameus”. 4Em seguida perguntou a Josafá: “Queres ir comigo à guerra contra Ramot de Galaad?” Josafá respondeu ao rei de Israel: “Eu faço o que tu fazes, meu povo faz o que faz o teu, meus cavalos acompanham os teus”.
5Josafá disse ainda ao rei de Israel: “Procura obter primeiro um oráculo do Senhor”. 6Então o rei de Israel convocou os profetas, uns quatrocentos homens, e lhes perguntou: “Posso partir para a guerra contra Ramot de Galaad, ou devo desistir?” Eles responderam: “Parte! O Senhor a entregará nas mãos do rei!” 7Josafá ainda perguntou: “Não há aqui nenhum outro profeta do Senhor que possamos consultar?” 8O rei de Israel respondeu a Josafá: “Ainda há um homem para consultar o Senhor. Mas eu não o posso aturar, porque nunca me dá oráculos favoráveis: é Miquéias, filho de Jemla”. Josafá replicou: “Não fales assim, ó rei!” 9Então o rei de Israel chamou um camareiro e lhe ordenou: “Vai buscar depressa a Miquéias, filho de Jemla”.
15Quando, pois, chegou à presença do rei, este lhe perguntou: “Miquéias, podemos partir para a guerra contra Ramot de Galaad, ou devemos desistir?” Ele lhe respondeu: “Parte e serás bem sucedido. O Senhor a entregará nas mãos de vossa Majestade”. 16Mas o rei lhe replicou: “Quantas vezes te preciso conjurar para que só me digas a pura verdade em nome do Senhor?” 17Então ele respondeu:
“Eu vi todo Israel
disperso pelos montes,
como ovelhas sem pastor.
E o Senhor disse: ‘Eles não têm senhor. Volte cada um em paz para casa!’”
18O rei de Israel disse a Josafá: “Não te disse que ele não me profetiza êxitos e sim desgraças?”
19Miquéias prosseguiu: “Pois bem, escuta a palavra do Senhor: Eu vi o Senhor assentado no trono com todo o exército do céu de pé em sua presença, à direita e à esquerda. 20Então o Senhor perguntou: ‘Há alguém que possa seduzir Acab, para que se ponha em campo e morra em Ramot de Galaad?’ Aí uns responderam duma maneira e outros de outra maneira. 21Finalmente um espírito se adiantou, pôs-se de pé na presença do Senhor e disse: ‘Eu vou seduzi-lo’.O Senhor lhe perguntou: ‘Como vais fazer isto?’ 22Ele respondeu: ‘Irei fazer-me de espírito de mentira na boca de todos os seus profetas’. O Senhor respondeu: ‘Ótimo! tu conseguirás seduzi-lo. Vai fazer isto!’ 23Como estás vendo, o Senhor mandou um espírito mentiroso na boca de todos os teus profetas que estão aqui, pois o Senhor decretou tua perdição”.
29O rei de Israel e Josafá, rei de Judá, marcharam contra Ramot de Galaad.
34Nisto um homem disparou o arco a esmo e acertou o rei de Israel por entre as escamas da couraça. Ele ordenou ao cocheiro: “Dá meia-volta e leva-me para fora do campo de batalha, porque estou ferido”. 35Mas como neste dia a peleja se tornou muito violenta, tiveram de manter o rei em pé no carro defronte aos arameus e à tardinha ele morreu; o sangue escoria no bojo do carro. 36Quando o sol já ia se pondo, um brado ressoou pelo campo de batalha: “Volte cada um para sua terra!
37O rei morreu!” Então foram a Samaria e lá o sepultaram. 38Quando lavaram o carro no açude de Samaria, os cães lamberam o seu sangue e as prostitutas se banharam lá, como o Senhor o tinha predito.
Responsório Jr 29,8b.9a.11a; Dt 18,8a
R. Não vos enganem os vossos profetas,
pois falsamente eles falam em meu nome,
* Eu bem sei o que penso de vós,
é isso o que diz o Senhor.
V. Farei surgir para o meu povo um profeta,
colocarei minhas palavras em seus lábios.
* Eu bem sei.
Segunda leitura
Do Opúsculo Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, bispo
(Cap.7,1.2.4.6:Opera omnia,5,312-313) (Séc.XII)
A sabedoria mística revelada pelo Espírito Santo
Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o mistério desde sempre escondido (Ef 3,9). Quem olha para este propiciatório, como rosto totalmente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com ele a páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio do lenho da cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que o reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).
Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus. Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até à medula, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).
Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da sua ardentíssima paixão. Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte (cf. Jó 7,15). Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: O homem não pode ver-me e viver (Ex 33,20). Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias. Com Cristo crucificado, passemos deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o apóstolo Filipe, quando o Pai se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com SãoPaulo: Basta-te a minha graça (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre! (Sl 72,26). Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém! (cf. Sl 105,48).
Responsório 1Jo 3,24; Eclo 1,9a.10ab
R. Quem guarda os preceitos de Deus,
em Deus permanece e Deus nele.
* Sabemos que em nós permanece,
pelo Espírito que ele nos deu.
V. Deus criou pelo Espírito Santo,
e espalhou sobre todas as coisas
a sabedoria divina. * Sabemos.
Oração
Concedei-nos, Pai todo-poderoso, que, celebrando a festa de São Boaventura, aproveitemos seus preclaros ensinamentos e imitemos sua ardente caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.