SANTA ESCOLÁSTICA, VIRGEM
Escolástica, irmã de São Bento, nasceu em Núrsia, na Úmbria (Itália), cerca do ano 480. Juntamente com seu irmão, consagrou-se a Deus e seguiu-o para Cassino, onde morreu por volta do ano 547.
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
O mais suave dos hinos
entoe o povo de Deus,
pois eis que hoje uma virgem
subiu à glória dos céus.
No exílio ainda da terra,
já se entregava ao louvor;
agora, junta-se aos santos
nos mesmos hinos de amor.
A frágil carne domando,
rosa entre espinhos floriu;
calcando as pompas do mundo,
do Cristo os passos seguiu.
As suas preces ouvindo,
Jesus nos dê sua mão,
sempre a guiar nossos passos
para a celeste mansão.
Ao Pai e ao Espírito unido,
nós te adoramos, Jesus:
caminho estreito e seguro
que à vida eterna conduz.
Salmodia
Ant. 1 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força! †
Salmo 17(18),2-30
Ação de graças pela salvação e pela vitória
Na mesma hora aconteceu um grande terremoto (Ap 11,13).
I
–2 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, *
†3 minha rocha, meu refúgio e Salvador!
= Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, †
minha força e poderosa salvação, *
sois meu escudo e proteção: em vós espero!
–4 Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! *
e dos meus perseguidores serei salvo!
–5 Ondas da morte me envolveram totalmente, *
e as torrentes da maldade me aterraram;
–6 os laços do abismo me amarraram *
e a própria morte me prendeu em suas redes.
–7 Ao Senhor eu invoquei na minha angústia *
e elevei o meu clamor para o meu Deus;
– de seu Templo ele escutou a minha voz, *
e chegou a seus ouvidos o meu grito.
Ant. Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força!
Ant. 2 O Senhor me libertou, porque me ama.
II
=8 A terra toda estremeceu e se abalou, †
os fundamentos das montanhas vacilaram *
e se agitaram, porque Deus estava irado.
=9 De seu nariz, fumaça em nuvens se elevou, †
da boca saiu fogo abrasador *
dos seus lábios, carvões incandescentes.
–10 Os céus ele abaixou e então desceu *
pousando em nuvens pretas os seus pés.
–11 Um querubim o conduzia no seu vôo, *
sobre as asas do vento ele pairava.
–12 Das trevas fez um véu para envolver-se, *
escondeu-se em densas nuvens e água escura.
–13 No clarão que procedia de seu rosto, *
carvões incandescentes se acendiam.
–14 Trovejou dos altos céus o Senhor Deus, *
o Altíssimo fez ouvir a sua voz;
–15 e, lançando as suas flechas, dissipou-os, *
dispersou-os com seus raios fulgurantes.
–16 Até o fundo do oceano apareceu, *
e os fundamentos do universo foram vistos,
– ante as vossas ameaças, ó Senhor, *
e ao sopro abrasador de vossa ira.
–17 Lá do alto ele estendeu a sua mão *
e das águas mais profundas retirou-me;
–18 libertou-me do inimigo poderoso *
e de rivais muito mais fortes do que eu.
–19 Assaltaram-me no dia da aflição, *
mas o Senhor foi para mim um protetor;
–20 colocou-me num lugar bem espaçoso: *
o Senhor me libertou, porque me ama.
Ant. O Senhor me libertou, porque me ama.
Ant. 3 Ó Senhor, fazei brilhar a minha lâmpada!
Ó meu Deus, iluminai as minhas trevas!
III
–21 O Senhor recompensou minha justiça *
e a pureza que encontrou em minhas mãos,
–22 pois nos caminhos do Senhor eu caminhei, *
e de meu Deus não me afastei por minhas culpas.
–23 Tive sempre à minha frente os seus preceitos, *
e de mim não afastei sua justiça.
–24 Diante dele tenho sido sempre reto *
e conservei-me bem distante do pecado.
–25 O Senhor recompensou minha justiça *
e a pureza que encontrou em minhas mãos.
–26 Ó Senhor, vós sois fiel com o fiel, *
sois correto com o homem que é correto;
–27 sois sincero com aquele que é sincero, *
mas arguto com o homem astucioso.
–28 Pois salvais, ó Senhor Deus, o povo humilde, *
mas os olhos dos soberbos humilhais.
–29 Ó Senhor, fazeis brilhar a minha lâmpada; *
ó meu Deus, iluminais as minhas trevas.
–30 Junto convosco eu enfrento os inimigos, *
com vossa ajuda eu transponho altas muralhas.
Ant. Ó Senhor, fazei brilhar a minha lâmpada!
Ó meu Deus, iluminai as minhas trevas!
V. E todos se admiravam das palavras
R. Cheias de graça que saíam de seus lábios.
Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Gálatas 3,15–4,7
A função da lei
3,15Irmãos, falo como homem: um testamento humano feito legitimamente não pode ser anulado nem modificado. 16Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: “e a seus descendentes”, como se fossem muitos, mas fala de um só: e a teu descendente que é Cristo. 17Afirmo, portanto: o testamento autenticado por Deus não pode ser anulado, de modo que a promessa seja anulada por uma Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois. 18Pois, se a herança se obtivesse pela Lei, já não proviria da promessa. Ora, Deus concedeu a graça a Abraão pela promessa.
19Então, por que a Lei? É um apêndice acrescentado devido às transgressões, promulgado por anjos, em mão de um mediador, até que viesse o Descendente, a quem fora feita a promessa. 20Ora, não há intermediário, tratando-se de uma pessoa só, e Deus é um só. 21Então, a Lei seria contra as promessas de Deus? – De modo algum! Com efeito, se tivesse sido dada uma lei capaz de comunicar a vida, então a justiça viria realmente da Lei. 22A Escritura pôs todos e tudo sob o jugo do pecado, a fim de que, pela fé em Jesus Cristo, se cumprisse a promessa em favor dos que crêem.
23Antes que se inaugurasse o regime da fé, nós éramos guardados, como prisioneiros, sob o jugo da Lei. Éramos guardados para o regime da fé, que estava para ser revelado. 24Assim, a Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25Mas, uma vez inaugurado o regime da fé, já não estamos na dependência desse pedagogo. 26Com efeito, vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. 27Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo. 29Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.
4,1Enquanto o herdeiro é menor de idade, ele não se diferencia em nada de um escravo, embora já seja dono de todos os bens. 2É que ele depende de tutores e curadores até à data marcada pelo pai. 3Assim, nós também, quando éramos menores, estávamos escravizados aos elementos do mundo. 4Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.
Responsório Gl 3,27.28; cf. Ef 4,24
R. No Cristo batizados, revestimo-nos de Cristo.
Já não há judeu nem grego,
* Todos nós somos um só em Jesus Cristo, Senhor nosso.
V. Revesti-vos do homem novo que, à imagem do Senhor,
foi criado na justiça e santidade verdadeira.
* Todos nós.
Segunda leitura
Dos Diálogos de São Gregório Magno, papa
(Lib. 2,33: PL 66,194-196) (Séc.VI)
Foi mais poderosa aquela que mais amou
Escolástica, irmã de São Bento, consagrada ao Senhor onipotente desde a infância, costumava visitar o irmão, uma vez por ano. O homem de Deus descia e vinha encontrar-se com ela numa propriedade do mosteiro, não muito longe da porta.
Certo dia, veio ela como de costume, e seu venerável irmão com alguns discípulos foi ao seu encontro. Passaram o dia inteiro a louvar a Deus e em santas conversas, de tal modo que já se aproximavam as trevas da noite quando sentaram-se à mesa para tomar a refeição.
Como durante as santas conversas o tempo foi passando, a santa monja rogou-lhe: “Peço-te, irmão, que não me deixes esta noite, para podermos continuar falando até de manhã sobre as alegrias da vida celeste”. Ao que ele respondeu-lhe: “Que dizes tu, irmã? De modo algum posso passar a noite fora da minha cela”.
A santa monja, ao ouvir a recusa do irmão, pôs sobre a mesa as mãos com os dedos entrelaçados e inclinou a cabeça sobre as mãos para suplicar o Senhor onipotente. Quando levantou a cabeça, rebentou uma grande tempestade, com tão fortes relâmpagos, trovões e aguaceiro, que nem o venerável Bento nem os irmãos que haviam vindo em sua companhia puderam pôr um pé fora da porta do lugar onde estavam.
Então o homem de Deus, vendo que não podia regressar ao mosteiro, começou a lamentar-se,dizendo: “Que Deus onipotente te perdoe, irmã! Que foi que fizeste?” Ela respondeu: “Eu te pedi e não quiseste me atender. Roguei ao meu Deus e ele me ouviu. Agora, pois, se puderes, vai-te embora; despede-te de mim e volta para o mosteiro”.
E Bento, que não quisera ficar ali espontaneamente, teve que ficar contra a vontade. Assim, passaram a noite toda acordados, animando-se um ao outro com santas conversas sobre a vida espiritual. Não nos admiremos que a santa monja tenha tido mais poder do que ele: se, na verdade, como diz São João, Deus é amor (1Jo 4,8), com justíssima razão, teve mais poder aquela que mais amou.
Três dias depois, estando o homem de Deus na cela, levantou os olhos para o alto e viu a alma de sua irmã liberta do corpo, em forma de pomba, penetrar no interior da morada celeste. Cheio de júbilo por tão grande glória que lhe havia sido concedida, deu graças a Deus onipotente com hinos e cânticos de louvor; enviou dois irmãos a fim de trazerem o corpo para o mosteiro, onde foi depositado no túmulo que ele mesmo preparara para si.
E assim, nem o túmulo separou aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus.
Responsório Sl 132(133),1
R. Como rogasse a santa monja ao Senhor,
que não deixasse seu irmão se retirar,
* Obteve mais do seu Senhor do coração,
do que pedira, porque ela mais amou.
V. Vinde e vede como é bom, como é suave,
os irmãos viverem juntos bem unidos! * Obteve mais.
Oração
Celebrando a festa de Santa Escolástica, nós vos pedimos, ó Deus, a graça de imitá-la, servindo-vos com caridade perfeita e alegrando-nos com os sinais do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.