Próprio do Tempo; II Semana do Saltério

Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Vendo os Magos a Criança,
vão abrindo seus tesouros
e lhe fazem oferendas
de incenso, mirra e ouro.

Ó Menino, nos presentes,
pelo Pai determinados,
reconheces sinais claros
do poder do teu Reinado.

Para o Rei é dado o ouro,
para Deus, o incenso puro.
Mas a mirra prenuncia
do sepulcro o pó escuro.

Ó Belém, cidade única
entre todas as nações,
tu geraste, feito homem,
o Autor da salvação!

Como provam os profetas,
Deus, o Pai que nos criou,
enviou Jesus ao mundo,
Juiz e Rei o consagrou.

O seu reino abrange tudo:
Oriente e Ocidente,
dia e noite, terra e mares,
fundo abismo e céu fulgente.

Glória a vós, ó Jesus Cristo,
que às nações vos revelais,
com o Pai e o Santo Espírito
pelos séculos eternais.

Salmodia

Ant. 1 Nós sofremos no mais íntimo de nós,
esperando a redenção de nosso corpo.

Salmo 38(39)

Prece de um enfermo

A criação ficou sujeita à vaidade. por sua dependência daquele que a sujeitou; esperando ser libertada (Rm 8,20).

I

2 Disse comigo: “Vigiarei minhas palavras, *
a fim de não pecar com minha língua;
– haverei de pôr um freio em minha boca *
enquanto o ímpio estiver em minha frente”. 

=3 Eu fiquei silencioso como um mudo, †
mas de nada me valeu o meu silêncio, *
pois minha dor recrudesceu ainda mais.
=4 Meu coração se abrasou dentro de mim, †
um fogo se ateou ao pensar nisso, *
5 e minha língua então falou desabafando:

= “Revelai-me, ó Senhor, qual o meu fim, †
qual é o número e a medida dos meus dias, *
para que eu veja quanto é frágil minha vida!
6 De poucos palmos vós fizestes os meus dias; *
perante vós a minha vida é quase nada.

7 O homem, mesmo em pé, é como um sopro, *
ele passa como a sombra que se esvai;
– ele se agita e se preocupa inutilmente, *
junta riquezas sem saber quem vai usá-las”.

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Nós sofremos no mais íntimo de nós,
esperando a redenção de nosso corpo.

Ant. 2 Ó Senhor, prestai ouvidos à minha prece,
não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!

II

8 E agora, meu Senhor, que mais espero? *
Só em vós eu coloquei minha esperança!
9 De todo meu pecado libertai-me; *
não me entregueis às zombarias dos estultos!

10 Eu me calei e já não abro mais a boca, *
porque vós mesmo, ó Senhor, assim agistes.
11 Afastai longe de mim vossos flagelos; *
desfaleço ao rigor de vossa mão!

=12 Punis o homem, corrigindo as suas faltas; †
como a traça, destruís sua beleza: *
todo homem não é mais do que um sopro.
 =13 Ó Senhor, prestai ouvido à minha prece, †
escutai-me quando grito por socorro, *
não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!

– Sou um hóspede somente em vossa casa, *
um peregrino como todos os meus pais.
14 Desviai o vosso olhar, que eu tome alento, *
antes que parta e que deixe de existir!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Ó Senhor, prestai ouvidos à minha prece,
não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!

Ant. 3 Eu confio na clemência do Senhor
agora e para sempre.

Salmo 51(52)

Contra a maldade do caluniador

Quem se gloria, glorie-se no Senhor (1Cor 1,31).

3 Por que é que te glorias da maldade, *
ó injusto prepotente?
=4 Tu planejas emboscadas todo dia, †
tua língua é qual navalha afiada, *
fabricante de mentiras!

5 Tu amas mais o mal do que o bem, *
mais a mentira que a verdade!
6 Só gostas das palavras que destroem, *
ó língua enganadora!

7 Por isso Deus vai destruir-te para sempre *
e expulsar-te de sua tenda;
– vai extirpar-te e arrancar tuas raízes *
da terra dos viventes!

8 Os justos hão de vê-lo e temerão, *
e rindo dele vão dizer:
9 “Eis o homem que não pôs no Senhor Deus *
seu refúgio e sua força,
 – mas confiou na multidão de suas riquezas, *
subiu na vida por seus crimes!”

10 Eu, porém, como oliveira verdejante *
na casa do Senhor,
– confio na clemência do meu Deus *
agora e para sempre!

11 Louvarei a vossa graça eternamente, *
porque vós assim agistes;
– espero em vosso nome, porque é bom, *
perante os vossos santos!

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Ant. Eu confio na clemência do Senhor
agora e para sempre.

V. O Senhor vai ensinar-nos seus caminhos.
R. E andaremos pela estrada de seus passos.

Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías             63,7-19

Na aflição o povo recorda a misericórdia de Deus

7 Celebrarei as provas de benevolência do Senhor,
seus feitos gloriosos,
todos os benefícios que o Senhor nos prestou,
sua imensa bondade para com a casa de Israel,
tudo que nos fez na sua misericórdia
e imensa benevolência.
8
 Ele disse: “Sim, eles são meu povo,
são filhos que não me decepcionarão!Ó
Por isso ele os salvou.
9
 Em todas as suas angústias, não foi um enviado
ou mensageiro que os salvou,
mas sim ele em pessoa;
foi ele que por amor e compaixão os resgatou,
no passado ele sempre os ergueu e carregou.
10
 Eles, porém, se rebelaram
e magoaram seu santo espírito,
e então ele se tornou inimigo,
ele mesmo lhes fez guerra.
11
 Então o povo se lembrou dos dias passados,
de Moisés e de seu povo.
Onde está aquele que os fez sair do mar,
onde o pastor do seu rebanho?
Onde está aquele que pôs no meio deles seu santo espírito?
12 Quem fez caminhar à direita de Moisés o braço glorioso,

que fendeu as águas à sua frente,
para conquistar um nome eterno?
13
 Onde está aquele que os fez caminhar
pelas profundezas do mar como cavalo na estepe,
sem que tropeçassem?
14
 Como gado que desce para um vale,
o espírito do Senhor lhes deu repouso.
Foi assim que conduziste o teu povo,
para conquistar um nome glorioso.
15
 Olha do céu
e vê do alto de tua santa e gloriosa morada:
Onde estão teu zelo e teu poder?
Teus sentimentos tão ternos, tuas provas de compaixão
para comigo estão reprimidos.
16 
Tu és nosso pai, porque Abraão não sabe de nós.
Tu, Senhor, és nosso pai, nosso redentor;
eterno é o teu nome.
17 
Senhor, como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações
para não termos o teu temor?
Por amor de teus servos,
das tribos de tua herança, volta atrás.
18
 Eles em pouco tempo dominaram o teu povo santo,
nossos inimigos profanaram o teu santuário.
19
 Voltamos ao tempo em que não nos governavas
nem era o teu nome invocado sobre nós.
Ah! se rompesses os céus e descesses!
Os montes se derreteriam diante de ti.

Responsório             Is 63,17.19
R. Ó Senhor, por que fazeis com que nós nos desviemos
dos caminhos que indicastes?
Por que vós endureceis o nosso coração,
para que não vos temamos?
* Ah! se os céus rasgar quisésseis, e descêsseis até nós!
V. Voltai por amor dos vossos servos,
e das tribos da vossa herança! * Ah! se os céus.

Segunda leitura
Dos Sermões de São Proclo de Constantinopla, bispo

(Oratio 7 in sancta Teophania, 1-3: PG 65, 758-759)            (Séc. V)

A santificação das águas

Cristo manifestou-se ao mundo e, pondo ordem onde havia desordem, encheu-o de beleza e alegria. Tirou o pecado do mundo e  do mundo expulsou o inimigo. Santificou as fontes das águas e iluminou os corações dos homens. Aos milagres, acrescentou milagres ainda maiores.

Hoje a terra e o mar repartiram entre si a graça do Salvador, e o mundo inteiro encheu-se de alegria. Este dia nos apresenta maior profusão de milagres que a solenidade anterior.

De fato, na precedente festa do nascimento do Salvador, a terra se alegrava por ter o Senhor no presépio; mas neste dia das Teofanias, é o mar que exulta e estremece de júbilo, porque recebeu a bênção santificadora por meio do rio Jordão.

A solenidade passada nos apresentava uma criança frágil, atestando nossa imperfeição. Na festa de hoje, porém, vemos um homem perfeito, que de modo velado, nos manifesta a perfeição daquele que procede do Ser perfeito. Da primeira vez, o Rei vestia a púrpura do corpo humano; agora, as águas do rio envolvem qual manto aquele que é a fonte.

Considerai, pois, e vede estes novos e estupendos milagres: o sol da justiça que se banha no Jordão, o fogo mergulhado na água, Deus santificado pelo ministério de um homem.

Hoje toda a criação entoa hinos e proclama: Bendito o que vem em nome do Senhor (Sl 117,26). Bendito o que vem em todo tempo, pois não é esta a primeira vez que veio.

E quem é ele? Dize-nos mais claramente, peço-te, santo Davi: O Senhor é o Deus que nos ilumina (Sl 117, 27). Não foi só o profeta Davi que disse; também o apóstolo Paulo confirmou o seu testemunho com estas palavras: A graça de Deus se manifestou trazendo a salvação para todos os homens; ela  nos ensina (Tt 2,11). Não somente para alguns, mas para todos. Sim, para todos, para os judeus e para os gregos, a salvação é dada por meio do batismo, que oferece a todos um benefício universal.

Prestai atenção, contemplai o novo e admirável dilúvio, maior e mais poderoso que o do tempo de Noé. No primeiro dilúvio, a água fez perecer o gênero humano; agora, porém, a água do batismo, pelo poder daquele que foi batizado por João, chama os mortos para a vida. No primeiro dilúvio, uma pomba, trazendo no bico um ramo de oliveira, anunciava o odor de suavidade do Cristo; agora, o Espírito Santo, vindo em forma de pomba, mostra-nos o Senhor cheio de misericórdia.

Responsório
R. Hoje a nós apareceu Jesus Cristo, Luz da luz,
que, nas águas do Jordão, por João foi batizado.
* Cremos que Ele é o Filho de Maria, sempre Virgem.
V. Os céus se abriram sobre ele
e fez-se ouvir a voz do Pai. * Cremos.

Oração

Ó Deus, luz de todas as nações, concedei aos povos da terra viver em perene paz, e fazei resplandecer em nossos corações aquela luz admirável que vimos despontar no povo da antiga aliança. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.