Ofício das Leituras

V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Oh vinde depressa,
do seio da virgem,
Beleza dos céus!
O mundo admire:
um tal nascimento
é digno de Deus.

Não germe de homem,
mas sopro divino
no seio o gerou.
O verbo de Deus
se fez nossa carne,
o ventre deu flor.

A vida já cresce
no seio da Virgem
que guarda a pureza.
Deus mora em seu templo
e brilha a virtude
em toda a grandeza.

Que venha o herói
que é homem e é Deus,
do quarto nupcial,
correr glorioso
seu nobre caminho,
a trilha real.

Igual a Deus Pai,
reveste dos homens
a carne, a fraqueza,
e, desta maneira,
nos dá a virtude,
de Deus fortaleza.

Já brilha o presépio,
e um novo esplendor
a noite nos traz.
Que fujam as trevas,
a fé resplandeça
e reine a paz.

A vós, Rei piedoso,
e ao Pai que nos ama,
a glória convém.
Com vosso Espírito
reinais sobre o mundo
nos séculos. Amém. 

Salmodia

Ant. 1 Olhai e vede, ó Senhor, a humilhação do vosso povo!

Salmo 88(89),39-53

Lamentação sobre a ruína da casa de Davi

Fez aparecer para nós uma força de salvação na casa de Davi (Lc 1,69).

IV

39 E no entanto vós, Senhor, repudiastes vosso Ungido, *
gravemente vos irastes contra ele e o rejeitastes!
40 Desprezastes a Aliança com o vosso servidor, *
profanastes sua coroa, atirando-a pelo chão!

41 Derrubastes, destruístes os seus muros totalmente, *
e as suas fortalezas reduzistes a ruínas.
42 Os que passam no caminho sem piedade o saquearam *
e tornou-se uma vergonha para os povos, seus vizinhos.

43 Aumentastes o poder da mão direita do agressor, *
e exultaram de alegria os inimigos e opressores.
44 Vós fizestes sua espada ficar cega, sem ter corte, *
não quisestes sustentá-lo quando estava no combate.

45 O seu cetro glorioso arrancastes de sua mão, *
derrubastes pelo chão o seu trono esplendoroso,
46 e de sua juventude a duração abreviastes, *
recobrindo sua pessoa de vergonha e confusão.

Ant. Olhai e vede, ó Senhor, a humilhação do vosso povo!

Ant. 2 Sou o rebento da estirpe de Davi,
sou a estrela fulgurante da manhã.

V

47 Até quando, Senhor Deus, ficareis sempre escondido?*
Arde a vossa ira como fogo eternamente?
48 Recordai-vos, ó Senhor, de como é breve a minha vida,*
e de como é perecível todo homem que criastes!
49 Quem acaso viverá sem provar jamais a morte, *
e quem pode arrebatar a sua vida dos abismos?

50 Onde es, ó Senhor Deus, vosso amor de antigamente?*
Não jurastes a Davi fidelidade para sempre?
51 Recordai-vos, ó Senhor, da humilhação dos vossos servos, *
pois carrego no meu peito os ultrajes das nações;

52 com os quais sou insultado pelos vossos inimigos, *
com os quais eles ultrajam vosso Ungido a cada passo!
53 O Senhor seja bendito desde agora e para sempre! *
Bendito seja o Senhor Deus, eternamente! Amém, amém!

Ant. Sou o rebento da estirpe de Davi,
sou a estrela fulgurante da manhã.

Ant. 3 Os nossos dias vão murchando como a erva;
vós, Senhor, sois desde sempre e para sempre.

Salmo 89(90)

O esplendor do Senhor esteja sobre nós

Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia (2Pd 3,8).

1 Vós fostes um regio para nós, *
ó Senhor, de geração em geração.
=2 Já bem antes que as montanhas fossem feitas †
ou a terra e o mundo se formassem, *
desde sempre e para sempre vós sois Deus.

3 Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, *
quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”
4 Pois mil anos para vós são como ontem, *
qual vilia de uma noite que passou.

5 Eles passam como o sono da manhã, *
6 são iguais à erva verde pelos campos:
– De manhã ela floresce vicejante, *
mas à tarde é cortada e logo seca.

7 Por vossa ira perecemos realmente, *
vosso furor nos apavora e faz tremer;
8 pusestes nossa culpa à nossa frente, *
nossos segredos ao clarão de vossa face.

9 Em vossa ira se consomem nossos dias, *
como um sopro se acabam nossos anos.
10 Pode durar setenta anos nossa vida, *
os mais fortes talvez cheguem a oitenta;
– a maior parte é ilusão e sofrimento: *
passam depressa e também nós assim passamos.

11 Quem avalia o poder de vossa ira, *
o respeito e o temor que mereceis?
12 Ensinai-nos a contar os nossos dias, *
e dai ao nosso coração sabedoria!

13 Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? *
Tende piedade e compaixão de vossos servos!
14 Saciai-nos de manhã com vosso amor, *
e exultaremos de alegria todo o dia!

15 Alegrai-nos pelos dias que sofremos, *
pelos anos que passamos na desgraça!
16 Manifestai a vossa obra a vossos servos, *
e a seus filhos revelai a vossa glória!

17 Que a bondade do Senhor e nosso Deus *
repouse sobre nós e nos conduza!
– Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho, *
fazei dar frutos o labor de nossas mãos!

Ant. Os nossos dias vão murchando como a erva;
vós, Senhor, sois desde sempre e para sempre.

V. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade.
R. E a vossa salvação nos concedei!

Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 47,1.3b-15

Lamentação sobre a Babilônia

Desce, senta-te no pó,
jovem cidade da Babilônia;
senta-te no chão, sem trono, cidade dos caldeus,
porque não mais serás chamada
a meiga e delicada.
3b
 “Tomarei vingança, a ninguém perdoarei”,
4
 diz o nosso libertador,
cujo nome é: Senhor dos exércitos,
Santo de Israel.
5
 Senta-te bem calada, fica no escuro,
cidade dos caldeus,
pois não serás mais chamada
a Senhora dos reinos.
6
 Irritei-me, sim, contra meu povo,
rejeitei minha herança profanada,
entreguei-os às tuas mãos;
não tiveste dó nem piedade deles,
e carregaste demais sobre os idosos o peso da escravidão,
7
 e disseste: “Eu serei soberana para sempre”.
Não te ocorreram à mente tais coisas
nem suspeitaste de teu destino final.
E agora, escuta isto, ó vaidosa,
que vivias em segurança e dizias no teu coração:
“Eu sou única, não há outra igual a mim,
não ficarei viúva
nem sofrerei privação de filhos”.
9
 Cairão sobre ti esses dois males,
de repente e de uma só vez:
viuvez e privação dos filhos,
chegaram de improviso sobre ti
por causa de teus inúmeros crimes,
por causa da abundância dos teus encantos.
10 
Tiveste confiança em tua malícia
e disseste: “Não há quem me veja”.
Esta sabedoria e esta ciência te enganaram.
E dizias, cheia de ti:
“Eu sou única, não há outra igual a mim”.
11
 Cairá sobre ti uma desgraça
que não saberás evitar;
virá sobre ti um mal
que não poderás suportar;
virá de repente sobre ti
uma calamidade como nunca viste.
12 
Deixa-te ficar com teus encantos
e com os inúmeros crimes
em que te envolveste desde a juventude:
talvez isso te ajude, talvez te atemorize.
13
 Fracassaste em tuas inúmeras previsões;
apareçam para salvar-te os que estudam o céu
e contemplam os astros,
os que costumam anunciar-te o futuro
a cada passagem da lua nova.
14
 Ei-los feitos como palha,
pois o fogo os queimou.
Não se livrarão a si mesmos da força da chama;
não são brasas para aquecer
nem lareira para se estar ao lado.
15 
Assim acabam esses fautores de encantos
pelos quais te fatigaste desde a tua juventude;
cada um deles corre para seu lado,
não há ninguém que venha em teu socorro.

Responsório Is 49,13; 47,4

R. Cantai, ó céus, e exulte a terra,
gritai, ó montes, de alegria:
* Pois o Senhor se compadece de seu povo e dos aflitos.
V. Ele é o nosso Redentor, o Senhor do universo,
o Deus santo de Israel. * Pois o Senhor.

Segunda leitura
Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 3,20, 2-3: SCh 34, 342-344)       (Sec. II)

A economia da Encarnação redentora

A glória do homem é Deus; mas quem se beneficia das obras de Deus e de toda a sua sabedoria e poder é o homem.

Semelhante ao médico que demonstra sua competência no doente, assim Deus se manifesta nos homens. Eis por que o Apóstolo Paulo diz: Deus encerrou todos os homens na desobediência, a fim de exercer misericórdia para com todos (Rm 11,32). Referia-se ao homem que, por ter desobedecido a Deus, perdeu a imortalidade, mas depois obteve misericórdia, recebendo a adoção por intermédio do Filho de Deus.

Se o homem acolhe, sem orgulho nem presunção, a verdadeira glória que procede das criaturas e do criador, isto é, de Deus todo-poderoso que dá a tudo a existência, e se permanece em seu amor, na obediência e na ação de graças, receberá dele uma glória ainda maior, progredindo sempre mais, até se tornar semelhante àquele que morreu por ele.

Com efeito, Cristo se revestiu de uma carne semelhante à do pecado (Rm 8,3) para condenar o pecado e, depois de o condenar, expulsá-lo da carne. Tudo isso para incentivar o homem a tornar-se semelhante a ele, destinando-o a ser imitador de Deus, colocando-o sob a obediência paterna, a fim de que visse a Deus e tivesse acesso ao Pai. O Verbo de Deus habitou no homem e se fez filho do homem, para acostumar o homem a compreender a Deus e Deus a habitar no homem, segundo a vontade do Pai.

Por esse motivo, o sinal de nossa salvação, o Emanuel nascido da Virgem (cf. Is 7,11.14), foi dado pelo próprio Senhor; pois seria ele quem salvaria os homens, já que não poderiam salvar-se por si mesmos. Por isso São Paulo proclama a fraqueza do homem, dizendo: Estou ciente de que o bem não habita em mim (Rm 7,18), indicando que o bem de nossa salvação não vem de nós, mas de Deus. E ainda: Infeliz que sou! Quem me libertará deste corpo de morte? (Rm 7,24). E logo mostra quem o liberta: A graça de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Rm 7,25).

Também Isaías diz: Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para nos salvar” (cf. Is 35,3-4). Na verdade, nossa salvação não poderia vir de nós mesmos, mas unicamente do socorro de Deus.

Responsório Cf. Jr 31,10; 4,5

R. Ouvi, nações, a palavra do Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes:
* Eis que vem nosso Deus e Salvador.
V. Anunciai, em alta voz, fazei ouvir,
com voz forte, proclamai aos homens todos:
* Eis que vem.

Oração

Ó Deus, que revelastes ao mundo o esplendor de vossa glória pelo parto virginal de Maria, dai-nos venerar com fé pura e celebrar sempre com amor sincero o mistério tão profundo da encarnação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.