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VI. A paixão

22 Conspiração contra Jesus e traição de Judas 1Aproximava-se a festa dosÁzimos, chamada Páscoa. 2E os chefes dos sacerdotes e os escribas procuravam de que modo eliminá-lo, pois temiam o povo.” 3Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, do número dos Doze. 4Ele foi conferenciar com os chefes dos sacerdotes e com os chefes da guarda sobre o modo de lho entregar. 5 Alegraram-se e combinaram dar-lhe dinheiro. 6Ele aceitou, e procurava uma oportunidade para entregá-lo a eles, escondido da multidão.

Preparativos da ceia pascal 7Veio o dia dos Ázimos, quando devia ser imolada apáscoa. 8Jesus então enviou Pedro e João, dizendo: “Ide preparar-nos a páscoa para comermos”. 9Perguntaram-lhe: “Onde queres que a preparemos?” 10Respondeu-lhes: “Logo que entrardes na cidade, encontrareis um homem levando uma bilha de água. Segui-o até à casa em que ele entrar. 11Direis ao dono da casa: ‘O Mestre te pergunta: onde está a sala em que comerei a páscoa com os meus discípulos?’ 12E ele vos mostrará, no andar superior, uma grande sala, provida de almofadas; preparai ali”. 13Eles foram, acharam tudo como dissera Jesus, e prepararam a páscoa.

A ceia pascal 14Quando chegou a hora, ele se pôs à mesa com seus apóstolos15edisse-lhes: “Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco antes de sofrer; 16pois eu vos digo que já não a comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus”. 17Então, tomando um cálice,” deu graças e disse: “Tomai isto e reparti entre vós; 18pois eu vos digo que doravante não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”.

Instituição da eucaristia 19E tomou um pão, deu graças, partiu e distribuiu-o a eles,dizendo. “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. 20E, depois de comer, fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado em favor de vós.

Anúncio da traição de Judas 21Eis, porém, que a mão do que me trai está comigo,sobre a mesa. 22O Filho do Homem vai, segundo o que foi determinado, mas ai daquele homem por quem ele for entregue!” 23Começaram então a indagar entre si qual deles iria fazer tal coisa.

Quem é o maior? 24Houve também uma discussão entre eles: qual seria o maior?

25Jesus lhes disse: “Os reis das nações as dominam, e os que as tiranizam são chamados Benfeitores. 26Quanto a vós, não deverá ser assim; pelo contrário, o maior dentre vós torne-se como o mais jovem, e o que governa como aquele que serve. 27Pois, qual é o maior: o que está à mesa, ou aquele que serve? Não é aquele que está à mesa? Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve!

Recompensa prometida aos apóstolos 28Vós sois os que permanecestesconstantemente comigo em minhas tentações; 29também eu disponho para vós o Reino, como o meu Pai o dispôs para mim, 30a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.

Anúncio da negação e da conversão de Pedro 31Simão, Simão, eis que Satanáspediu insistentemente para vos peneirar como trigo; 32eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos”. 33Disse ele: “Senhor, estou pronto a ir contigo à prisão e à morte”. 34Ele, porém, replicou: “Pedro, eu te digo: o galo não cantará hoje sem que por três vezes tenhas negado conhecer-me”.

A hora do combate decisivo 35E disse-lhes: “Quando eu vos enviei sem bolsa, nemalforje, nem sandálias, faltou-vos alguma coisa?” — “Nada”, responderam.

continuou: “Agora, porém, aquele que tem uma bolsa tome-a, como também aquele que tem um alforje; e quem não tiver uma espada, venda a veste para comprar uma. 37Pois eu vos digo, é preciso que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado entre os iníquos. Pois também o que me diz respeito tem um fim”.38Disseram eles: “Senhor,eis aqui duas espadas”. Ele respondeu. “É suficiente!”

No monte das Oliveiras 39Ele saiu e, como de costume, dirigiu-se ao monte dasOliveiras. Os discípulos o acompanharam. 40Chegando ao lugar, disse-lhes: “Orai para não entrardes em tentação”. 41E afastou-se deles mais ou menos a um tiro de pedra, e, dobrando os joelhos, orava: 42“Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!” 43Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. 44E, cheio de angústia, orava com mais insistência ainda, e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caíam por terra. 45Erguendo-se após a oração, veio para junto dos discípulos e encontrou-os adormecidos de tristeza. 46E disse-lhes: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação!”

Prisão de Jesus 47Enquanto ainda falava, eis que chegou uma multidão. À frenteestava o chamado Judas, um dos Doze, que se aproximou de Jesus para beijá-lo. 48Jesus lhe disse: “Judas, com um beijo entregas o Filho do Homem?” 49Vendo o que estava para acontecer, os que se achavam com ele disseram-lhe: “Senhor, e se ferirmos à espada?” 50E um deles feriu o servo do Sumo Sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. 51Jesus, porém, tomou a palavra e disse: “Deixai! Basta!” E tocando-lhe a orelha, curou-o. 52Depois, Jesus dirigiu-se àqueles que vieram de encontro a ele, chefes dos sacerdotes, chefes da guarda do Templo e anciãos: “Como a um ladrão saístes com espadas e paus? 53Eu estava convosco no Templo todos os dias e não pusestes a mão sobre mim. Mas é a vossa hora, e o poder das Trevas”.

Negações de Pedro 54Prenderam-no e levaram-no, introduzindo-o na casa do SumoSacerdote. Pedro seguia de longe. 55Tendo eles acendido uma fogueira no meio do pátio, sentaram-se ao redor, e Pedro sentou-se no meio deles. 56Ora, uma criada viu-o sentado perto do fogo e, encarando-o, disse: “Este também estava em companhia dele!” 57Ele, porém, negou: “Mulher, eu não o conheço”. 58Pouco depois, um outro, tendo-o visto, afirmou: “Tu também és um deles!” Mas Pedro declarou: “Homem, não sou”. 59Decorrida mais ou menos uma hora, outro insistia: “Certamente, este também estava com ele, pois é galileu!” 60Pedro disse: “Homem, não sei o que dizes”. Imediatamente, enquanto ele ainda falava, o galo cantou, 61e o Senhor, voltando-se, fixou o olhar em Pedro. Pedro então lembrou-se da palavra que o Senhor lhe dissera: “Antes que o galo cante hoje, tu me terás negado três vezes”. 62E saindo para fora, chorou amargamente.

Primeiros ultrajes 63Os guardas caçoavam de Jesus, espancavam-no,64cobriam-lhe orosto e o interrogavam: “Faz uma profecia: quem é que te bateu?” 65E proferiam contra ele muitos outros insultos.

Jesus diante do Sinédrio 66Quando se fez dia, reuniu-se o conselho dos anciãos dopovo, chefes dos sacerdotes e escribas, e levaram-no para o Sinédrio, 67dizendo: “Se tu és o Cristo, dize-nos!” Ele respondeu: “Se eu vos disser, não acreditareis, 68e se eu vos interrogar, não respondereis. 69Mas, desde agora, o Filho do Homem estará sentado à direita do Poder de Deus!” 70Todos então disseram: “És, portanto, o Filho de Deus?”Ele lhes declarou: “Vós dizeis que eu sou!” 71Replicaram: “Que necessidade temos ainda de testemunho? Ouvimo-lo de sua própria boca!”