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141O homem, nascido de mulher, tem a vida curta e cheia de tormentos.2É como a florque se abre e logo murcha, foge como sombra sem parar. 3E é sobre alguém assim que cravas os olhos e o levas a julgamento contigo? 4Quem fará sair o puro do impuro?

Ninguém! 5Se os seus dias já estão determinados e sabes o número de seus meses, se lhe fixaste um limite intransponível, 6desvia dele teus olhos e deixa-o, para terminar o seu dia como o assalariado. 7 A árvore tem esperança, pois cortada poderá renascer, e seus ramos continuam a crescer. 8Ainda que envelheçam suas raízes na terra e seu tronco esteja amortecido no solo, 9ao cheiro da água reverdece e produz folhagem, como planta tenra. 10O homem, porém, morre e jaz inerte; expira o mortal, e onde está ele? 11As águas do mar podem sumir, baixar os rios e secar: 12jaz, porém, o homem e não pode levantar-se, os céus se gastariam antes de ele despertar ou ser acordado de seu sono. 13Oxalá me abrigasses no Xeol e lá me escondesses até se aplacar tua ira, e me fixasses um dia para te lembrares de mim: 14pois, se alguém morrer, poderá reviver? Nos dias de minha pena eu espero, até que chegue o meu alívio. 15Tu me chamarias e eu responderia; desejarias rever a obra de tuas mãos, 16— enquanto agora contas todos os meus passos —, e não vigiarias mais meu pecado, 17selarias em uma urna meus delitos e lacrarias minha iniqüidade. 18Mas, igual ao monte que ao cair se desfaz, e ao rochedo que muda de lugar, 19à água que desgasta as pedras, à tormenta1 que arrasta as terras, assim é a esperança do homem que tu destróis. 20Tu continuamente o abates e ele se some, transtornas o seu semblante e o repeles. 21Seus filhos adquirem honras, mas não o chegará a saber; caem em desonra, mas ele não o percebe. 22Só sente o tormento de sua carne, só sente a pena de sua alma.