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V. Vitória do judaísmo. Morte do perseguidor e purificação do Templo

8 Judas Macabeu na resistência 1Entretanto Judas, também chamado macabeu, e osseus companheiros, iam introduzindo-se às ocultas nas aldeias. Chamando a si os coirmãos de raça e recrutando os que haviam perseverado firmes no judaísmo, chegaram a reunir cerca de seis mil pessoas. 2E invocavam o Senhor, a fim de que volvesse o olhar para o povo, espezinhado por todos; que tivesse piedade também do Templo, profanado pelos ímpios; 3que se compadecesse ainda da cidade, arruinada e em vias de ser nivelada ao solo, e escutasse os clamores do sangue que gritava até ele; 4enfim, que se recordasse da matança iníqua das crianças inocentes, bem como das blasfêmias lançadas contra o seu nome, e pusesse em ação a sua ira contra os malvados. 5Transformada a sua gente em grupo organizado, o Macabeu começou a tornar-se irresistível para os gentios, tendo-se mudado em misericórdia a cólera do Senhor. 6Chegando de improviso às cidades e aldeias, ateava-lhes fogo; e, apoderando-se dos pontos estratégicos, punha em fuga a não poucos de entre os inimigos. 7Para tais incursões, escolhia de preferência a noite como colaboradora. De resto, a fama da sua valentia propagava-se por toda parte.

Campanha contra Nicanor e Górgias 8Filipe, vendo este homem chegar pouco apouco ao sucesso e cada vez mais solidamente progredir nas vitórias, escreveu a Ptolomeu, estratego da Celessíria e da Fenícia, para que viesse em socorro dos interesses do rei. 9Este escolheu sem demora a Nicanor, filho de Pátroclo e um dos primeiros amigos do rei, confiando-lhe o comando de não menos de vinte mil gentios de todas as raças, e enviando-o com a ordem de exterminar todo o povo dos judeus. Mas associou-lhe também Górgias, general de profissão e experimentado em assuntos de guerra. 10Nicanor tinha-se proposto, por seu turno, com a venda dos judeus a serem aprisionados, levantar a quantia de dois mil talentos, que era o tributo devido pelo rei aos romanos. 11Sem demora, por isso, mandou mensageiros às cidades do litoral, convidando-as a virem comprar escravos judeus, chegando a prometer noventa cabeças por um talento. É que ele não contava com o castigo que deveria alcançá-lo da parte do Todo-poderoso. 12Entretanto, a notícia do avanço de Nicanor chegou a Judas, o qual notificou aos seus a aproximação do exército. 13Os que ficaram com medo e não confiavam na justiça de Deus fugiram para se porem a salvo e abandonaram o seu posto. 14Os outros, porém, vendiam tudo o que lhes havia restado, e ao mesmo tempo suplicavam ao Senhor que conservasse livres aqueles que pelo ímpio Nicanor já tinham sido vendidos antes mesmo do combate. 15E isto, se não por causa deles, ao menos em consideração das alianças concluídas com seus pais e por causa do seu nome augusto e cheio de majestade, que eles invocavam. 16Reunindo então seus companheiros, em número de seis mil, o Macabeu exortou-os repetidamente a que não se deixassem amedrontar diante dos inimigos, nem se preocupassem com a multidão enorme dos

gentios que injustamente vinham atacá-los, mas que lutassem com bravura. 17Que tivessem diante dos olhos o ultraje por eles iniquamente consumado contra o lugar santo, a desfiguração da cidade vilipendiada e ainda a abolição dos direitos dos antepassados. 18E acrescentou: “Eles confiam nas armas e em seus atos de audácia, enquanto nós depositamos nossa confiança no Deus Todo-poderoso, que bem pode, com um único aceno, abater os que marcham contra nós, e mesmo o mundo inteiro!” 19Além disso, recordou-lhes os socorros que seus antepassados haviam recebido, especialmente o que ocorrera no tempo de Senaquerib, quando pereceram cento e oitenta e cinco mil homens. 20E também a batalha que se travou em Babilônia contra os gálatas, quando oito mil ao todo, junto com quatro mil macedônios, entraram em combate: os oito mil, estando os macedônios em dificuldade, aniquilaram cento e vinte mil inimigos, graças ao socorro que lhes veio do céu, e ainda recolheram imensos despojos. 21Tendo-os encorajado com essas palavras e tornando-os prontos a morrerem pelas leis e pela pátria, dividiu seu exército em quatro partes aproximadamente iguais. 22À frente de cada grupo colocou seus irmãos Simão, José e Jônatas, dando a cada um o comando de mil e quinhentos homens 23e destacando ainda a Eleazar. Lido então o livro sagrado e dada a palavra de ordem — “Auxílio de Deus!” —, pôs-se ele mesmo à frente do primeiro grupo e lançou-se contra Nicanor. 24Tendo-se feito seu aliado o Todo-poderoso, trucidaram mais de nove mil dos inimigos, feriram e mutilaram a maior parte do exército de Nicanor, e ainda obrigaram todos à fuga. 25Quanto ao dinheiro dos que tinham vindo para comprá-los como escravos, eles o tomaram. Perseguindo os fugitivos por longo tempo, tiveram de desistir, constrangidos pelo adiantado da hora, 26pois era véspera do sábado, motivo pelo qual não continuaram a acossá-los. 27Tendo, pois, recolhido as armas e despojado os cadáveres dos inimigos, eles entregaram-se à celebração do sábado, bendizendo profundamente e exaltando o Senhor que os havia preservado até esse dia, dando assim início à sua misericórdia em favor deles. 28Passado o sábado, distribuíram parte dos despojos aos que haviam sido prejudicados, às viúvas e aos órfãos, enquanto eles e seus filhos repartiram entre si o restante. 29Tendo feito isto, e organizada uma rogação comum, pediram ao Senhor misericordioso que se reconciliasse plenamente com os seus servos.

Timóteo e Báquides são derrotados 30A seguir, defrontando-se com os soldados deTimóteo e de Báquides, mataram mais de vinte mil dentre eles e apoderaram-se facilmente de algumas fortalezas em pontos elevados. E dividiram os abundantes despojos em partes iguais: uma para si e outra para os prejudicados, os órfãos e as viúvas, e também os anciãos. 31Com diligência recolheram as armas dos inimigos, depositando-as todas em lugares convenientes. Quanto ao restante dos despojos, transportaram-nos a Jerusalém. 32Mataram o filarca, d um dos homens mais achegados a Timóteo, celerado da pior espécie, que havia afligido muitíssimo os judeus. 33Finalmente, ao celebrarem na pátria os festejos pela vitória, queimaram vivos os que haviam incendiado os portais sagrados, e com eles Calístenes, todos refugiados no mesmo esconderijo. Assim receberam a digna recompensa da sua impiedade.

Fuga e confissão de Nicanor 34O celeradíssimo Nicanor, que fizera vir os milnegociantes para a venda dos judeus, 35foi humilhado, com a ajuda do Senhor, por aqueles que eram tidos por ele na mínima conta: teve de depor suas vestes esplêndidas e, dispensando toda comitiva, atravessou o interior do país à maneira de um escravo fugitivo, até chegar a Antioquia. E ainda podia dar-se por muito bem sucedido, em vista da ruína do seu exército. 36Assim, aquele que havia assumido o empenho de saldar o tributo devido aos romanos com a venda dos prisioneiros de Jerusalém, começou a

proclamar que os judeus tinham um Defensor, e que justamente por isto eram os judeus invulneráveis: porque seguiam as leis por ele estabelecidas.