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V. Simão, sumo sacerdote e etnarca dos judeus (143-134 a.C.)

13 Simão assume o comando 1Simão fora informado de que Trifão havia reunidoum poderoso exército para marchar contra a terra de Judá e devastá-la. 2Vendo então o povo transido de inquietação e temor, subiu a Jerusalém e reuniu sua gente, 3exortando-os com estas palavras: “Todos sabeis quantas coisas eu, meus irmãos e a casa de meu pai temos feito pelas leis e pelo lugar santo, e as guerras e as angústias que temos visto. 4Eis por que pereceram meus irmãos, todos eles, pela causa de Israel, e eu fiquei sozinho. 5Agora, porém, longe de mim querer poupar minha vida em qualquer momento de tribulação, pois não valho mais que meus irmãos. 6Pelo contrário, tomarei vingança de minha nação, do lugar santo, de vossas mulheres e de vossos filhos, uma vez que todas as nações se coligaram para nos exterminarem, só porque nos odeiam.” 7Imediatamente reacendeu-se o ânimo do povo, ao ouvirem essas palavras. 8E com altos brados responderam: “Tu és o nosso chefe em lugar de Judas, e também de Jônatas, teu irmão! Toma a direção da nossa guerra, e nós faremos tudo o que disseres!” 10Ele convocou então todos os homens aptos para a luta e apressou-se em terminar os muros

de Jerusalém, fortificando-a em seu derredor. 11A Jope enviou Jônatas, filho de Absalão, com um grupo armado considerável; ele expulsou os que nela se encontravam e nela se estabeleceu.

Simão repele Trifão da Judéia 12Trifão partira de Ptolemaida com um exércitonumeroso, tendo a intenção de invadir a terra de Judá e levando consigo Jônatas como prisioneiro. 13Simão, por sua vez, foi estabelecer acampamento em Adida, a cavaleiro da planície. 14Então, ao saber que Simão tinha surgido em lugar de Jônatas, seu irmão, e que se preparava para enfrentá-lo em batalha, Trifão enviou-lhe embaixadores para dizerem-lhe: 15“É por causa da soma que devia teu irmão Jônatas ao erário real, em razão das funções que exercia, que nós o mantemos detido. 16Manda, pois, agora, cem talentos de prata e ainda dois de seus filhos como reféns, a fim de que, uma vez posto em liberdade, não se rebele contra nós. Então o deixaremos partir.” 17Simão percebeu que lhe falavam assim falsamente. Não obstante, mandou preparar o dinheiro e os rapazes, a fim de não suscitar uma grande hostilidade entre o povo, o qual poderia dizer: 18“É porque não lhe enviei o dinheiro e os rapazes, que ele pereceu.” 19Remeteu, pois, os rapazes e os cem talentos. Mas Trifão, usando de falsidade, não deixou livre Jônatas. 20Depois disso, Trifão retomou a marcha para invadir a região e devastá-la, fazendo, porém, um contorno, pelo caminho que vai para Adora. Entretanto, Simão com o seu exército precedia-o em toda parte, para onde quer que ele se dirigisse. 21Os que ocupavam a Cidadela estavam continuamente enviando mensageiros a Trifão, urgindo com ele para que viesse em seu auxílio através do deserto e lhes mandasse mantimentos. 22Trifão chegou a preparar toda a sua cavalaria para a partida, mas naquela noite caiu neve em quantidade extraordinária. E ele, não podendo avançar por causa da neve, levantou o acampamento e dirigiu-se para o Galaad. 23Ao aproximar-se de Bascama, mandou matar a Jônatas, o qual foi sepultado aí. 24Depois, Trifão voltou e se retirou para a sua terra.

Jônatas é sepultado no mausoléu de Modin, construído por Simão 25Simãoordenou que fossem recolher os ossos de Jônatas, seu irmão, e deu-lhe sepultura em Modin, cidade de seus pais. 26E todo Israel o pranteou intensamente, guardando luto por ele durante muitos dias. 27Sobre o túmulo de seu pai e de seus irmãos construiu Simão um monumento de pedras, polidas por trás e pela frente, dando-lhe altura tal que pudesse ser bem visto. 28E levantou sete pirâmides, uma diante da outra, para seu pai e sua mãe e para os quatro irmãos. 29Adornou-as com artifícios engenhosos, circundando-as de grandes colunas sobre as quais mandou colocar armaduras completas, para recordação perene. Além disso, ao lado das armaduras, mandou colocar navios esculpidos, de modo que o conjunto pudesse ser visto por todos os que navegam o mar. 30Tal é o mausoléu que ele fez construir em Modin, e que existe até o dia de hoje.

Favores de Demétrio II a Simão 31Entrementes, Trifão, agindo com perfídia paracomo o jovem rei Antíoco, mandou matá-lo.32E, ocupando o trono em seu lugar, cingiu o diadema da Ásia, provocando grande calamidade sobre a terra. 33Quanto a Simão, reconstruiu as fortalezas da Judéia, circundando-as de altas torres, de muros elevados e de portas com ferrolhos e nelas depositando víveres. 34Além disso, escolheu alguns homens e os enviou ao rei Demétrio, a fim de que concedesse isenção para a província, pois todos os atos de Trifão haviam sido rapinas. 35O rei Demétrio enviou-lhe uma mensagem de acordo com os seus pedidos, escrevendo-lhe em resposta a seguinte carta: 36“O rei Demétrio a Simão, sumo sacerdote e amigo dos reis, aos anciãos e à nação dos judeus, saudações! 37Recebemos a coroa de ouro e a palma que nos enviastes, e estamos

prontos a celebrar convosco uma paz duradoura e a escrever aos nossos administradores que vos considerem totalmente isentos. 38Tudo o que temos determinado a vosso respeito permanece firme, e também são vossas as fortalezas que edificastes. 39Quanto às faltas por ignorância e os delitos cometidos até o dia de hoje, bem como a coroa que nos deveis, nós vo-los perdoamos. E se alguma outra coisa era arrecadada em Jerusalém, não o seja mais doravante. 40Se houver entre vós alguns homens que sejam aptos a ser recrutados para a nossa guarda de corpo, que se inscrevam. E reine a paz entre nós.” 41No ano cento e setenta, foi retirado de Israel o jugo das nações. 42E o povo começou a escrever, nos documentos e nos contratos: “No ano primeiro de Simão, sumo sacerdote insigne, estratego e chefe dos judeus.”

Gazara é tomada por Simão 43Por aqueles dias acampou Simão contra Gazara esitiou-a com suas tropas. Construiu uma torre móvel, fê-la investir contra a cidade e, golpeando um dos bastiões, apoderou-se dele. 44Os que estavam na torre móvel irromperam então na cidade, provocando ali enorme agitação. 45Os habitantes subiram à muralha com suas mulheres e filhos e, rasgando suas vestes, começaram a clamar em altos brados, pedindo a Simão que lhes estendesse a mão direita: 46“Não nos trates segundo as nossas maldades, diziam eles, mas segundo a tua misericórdia!” 47Simão assentiu em entrar em acordo com eles e fez cessar o ataque. Obrigou-os, porém, a sair da cidade e mandou purificar as casas em que houvesse ídolos. Assim é que nela entrou, ao som de hinos e de bênçãos. 48Lançou para fora toda impureza e nela estabeleceu homens que praticassem a Lei. Enfim, tendo-a fortificado, nela edificou uma residência para si.

Simão toma posse da Cidadela 49Ora, os da guarnição da Cidadela, em Jerusalém,impedidos de sair e de andar pela vizinhança, para comprar e vender, começaram a passar muita fome, perecendo não poucos dentre eles à míngua. 50Então clamaram a Simão para que aceitasse a sua mão direita, e ele os atendeu. Expulsou-os, porém, dali e purificou a Cidadela, removendo-lhe as abominações. 51Finalmente nela entraram no vigésimo terceiro dia do segundo mês do ano cento e setenta e um, entre aclamações e palmas, ao som de cítaras, címbalos e harpas, e entoando hinos e cânticos, porque um grande inimigo havia sido esmagado e expelido fora de Israel. 52Simão estabeleceu que se comemorasse cada ano essa data com alegria. Fortificou ainda mais o monte do Templo, na parte contígua à Cidadela, e habitou ali, ele com os seus. 53Vendo, então, que seu filho João se tornara já homem maduro, nomeou-o chefe de todas as forças militares. E João passou a residir em Gazara.