61É por causa dos pecados que cometestes diante de Deus que sereis levados paraBabilônia como prisioneiros por Nabucodonosor, rei dos babilônios. 2Quando chegardes, pois, a Babilônia, aí estareis por muitos anos e por longo tempo, até sete gerações. Depois disso, porém, vos farei sair de lá em paz. 3Em Babilônia vereis deuses de prata, ouro e madeira, carregados aos ombros e inspirando temor às nações. 4Tomai cuidado, portanto, para não procederdes semelhantemente, assemelhando-vos aos estrangeiros: que o temor diante deles não se apodere de vós 5ao virdes a multidão, diante e atrás deles, adorando-os. Dizei então em vosso íntimo: “É a ti que se deve adorar, Senhor!” 6Pois o meu Anjo está convosco, e pediria contas de vossa vida. 7A língua deles foi polida por um artesão. Mas, apesar de cobertos de ouro e de prata, são enganosos e não podem falar. 8Como para uma moca apaixonada por enfeites, eles tomam ouro e fabricam coroas para as cabeças de seus deuses. 9Acontece, porém, que os sacerdotes roubam de seus deuses o ouro e a prata para suas despesas particulares, delas retirando para presentear até às prostitutas do terraço. 10Eles ataviam com vestidos, como se fossem seres humanos, esses deuses de prata, ouro e madeira, os
quais não se salvam a si próprios nem da ferrugem nem dos vermes. 11Tendo-os revestido de um manto de púrpura, devem espanar seus rostos por causa do pó do recinto, que se acumula sobre eles. 12Um empunha um cetro, como se fosse o governador de uma província, embora não possa fazer morrer quem o ofenda. 13Outro ostenta na mão um punhal e um machado, mas não é capaz de proteger-se nem da guerra nem dos salteadores. 14Por isso, é manifesto que não são deuses: portanto, não os temereis. 15Assim como o vaso de alguém, quando quebrado, perde a utilidade, da mesma forma são os seus deuses, uma vez instalados nos templos. 16Seus olhos estão cheios da poeira levantada pelos pés dos que entram. 17E assim como se trancam de todos os lados as portas sobre um homem que ofendeu o rei e que vai ser conduzido à morte, da mesma forma os sacerdotes trancam os seus templos com portas reforçadas, fechaduras e ferrolhos, a fim de que seus deuses não sejam depredados pelos salteadores. 18Também acendem luminárias, em número maior do que o suficiente para si próprios, e das quais esses deuses não podem ver uma sequer. 19Dá-se com eles o que se dá com qualquer das vigas do templo, cujo cerne dizem que está corroído: enquanto os vermes que saem da terra os carcomem, assim como às suas vestes, eles nem o percebem. 20Seus rostos estão enegrecidos por causa da fumaça que se desprende do templo. 21Sobre seus corpos e suas cabeças esvoaçam morcegos, andorinhas e outros voláteis, como também os gatos. 22De isso tudo concluireis que não são deuses: portanto, não os temereis. 23Quanto ao ouro, do qual se revestem para sua beleza, se ninguém lhes limpa o ofuscamento, não são eles que o tornarão brilhante. Aliás, nem sentiram quando foram fundidos. 24Por preços exorbitantes foram comprados, e neles não há sopro algum de vida. 25Não tendo pés, são carregados aos ombros, revelando aos homens a sua ignomínia. Passam vergonha também os que os servem, pois é pela ajuda destes que eles se repõem em pé, no caso de virem a cair por terra. 26Se alguém os coloca direito em pé, eles não podem mover-se por si mesmos; se se inclinam, não podem reerguer-se. De fato, é como a mortos que lhes são apresentadas as oferendas. 27Quanto às vítimas oferecidas, seus sacerdotes as revendem e delas fazem uso; da mesma forma, suas mulheres deixam uma parte em salmoura, sem nada distribuir ao pobre e ao inválido. A própria mulher em estado de impureza e a que recentemente deu à luz tocam em seus sacrifícios. 28Concluindo, pois, de todos esses fatos, que eles não são deuses, não os temais. 29Como poderiam eles ser chamados deuses, se são mulheres que apresentam oferendas a esses deuses de prata, ouro e madeira? 30Nos seus templos os sacerdotes se mantêm sentados tendo as túnicas rasgadas, cabeça e barba raspadas, e nada sobre suas cabeças. 31Vociferam e gritam diante dos seus deuses como alguns o fazem num banquete fúnebre.32Com as vestimentas que deles retiram para si, os sacerdotes vestem suas mulheres e seus filhos. 33Eles são incapazes de retribuir, quer sofram o mal, quer recebam o bem de alguém; da mesma forma, são incapazes de entronizar um rei ou de destroná-lo. 34De igual modo, não podem dar riqueza nem dinheiro; e se alguém, tendo-lhes feito um voto, não o cumprir, eles não lhe irão pedir contas. 35Não salvarão a ninguém da morte, nem livrarão o mais fraco das mãos do poderoso. 36Não restaurarão o cego em sua visão, nem acudirão ao homem necessitado. 37Não terão compaixão da viúva, nem beneficiarão ao órfão. 38Pois se assemelham às pedras extraídas da montanha esses pedaços de madeira recobertos de ouro e de prata, e os que os servem serão cumulados de vergonha! 39Como então pensar ou proclamar que são deuses? 40Tanto mais que os próprios caldeus os desonram. Com efeito, ao verem um mudo que não pode falar, eles o apresentam a Bel, suplicando que o homem fale, como se o deus pudesse ouvir. 41Mas são incapazes de refletir nisso e de abandonar esses deuses, pois não têm bom senso. 42Quanto às mulheres, elas se cingem de uma corda e se sentam nos caminhos, queimando flor de farinha como incenso; 43quando,
pois, uma delas é recolhida por um dos passantes e com ele dorme, zomba da vizinha por não ter sido escolhida como ela o foi, nem ter sido desatada a sua corda. 44Tudo o que concerne a eles é mentira: como então pensar ainda ou proclamar que são deuses? 45Fabricados por operários e ourives, eles não serão outra coisa senão o que seus artífices querem que eles sejam. 46Ora, aqueles que os fabricam não terão longo tempo de vida. Como, pois, poderão ser deuses as coisas por eles fabricadas? 47Assim é que eles deixam a seus descendentes mentira e desonra. 48Depois, quando sobrevêm uma guerra ou outras calamidades, entram em conselho os sacerdotes para saberem onde se ocultar junto com eles; 49como então não se percebe que não são deuses, se não são capazes de salvar-se a si mesmos da guerra nem de outras calamidades? 50Sendo apenas objetos de madeira, e peças revestidas de ouro e de prata, reconhecer-se-á, depois disto, que são apenas mentira. E a todas as nações e aos reis será manifesto que eles não são deuses, mas apenas obras das mãos dos homens, e que nenhuma obra divina se encontra neles. 51A quem, pois, não deve ser notório que não são deuses? 52E eles não suscitarão um rei a um país nem darão a chuva aos homens. 53Não defenderão sua própria causa nem livrarão um injustiçado. Pois não têm poder algum, assemelhando-se a gralhas entre o céu e a terra. 54E se o fogo irromper no templo desses deuses de madeira, cobertos de ouro e de prata, seus sacerdotes fugirão e se porão a salvo, enquanto eles serão inteiramente consumidos como vigas em meio ao incêndio. 55Eles não podem resistir a um rei nem a inimigos. 56Como então se poderia admitir ou pensar que sejam deuses? 57Nem de ladrões nem de salteadores poderão escapar esses deuses de madeira, cobertos de prata ou ouro. Os que são mais fortes do que eles arrebatar-lhes-ão o ouro e a prata e sairão, tendo em mãos o manto que os cobria, sem que eles possam socorrer-se a si próprios. 58Dessa forma, vale mais ser um rei que pode mostrar a sua coragem, ou um utensílio que é útil em casa e do qual se serve seu dono, do que ser esses falsos deuses; ou ainda, numa casa, uma porta que protege o que dentro da casa se encontra, do que esses falsos deuses; ou ainda, uma coluna de madeira em palácios reais, do que esses falsos deuses. 59Pois o sol, a lua e as estrelas, crido brilhantes e destinando-se à utilidade dos homens, de boa mente cumprem sua missão. 60Da mesma forma o relâmpago, quando rebrilha, é belo de ver-se; igualmente o vento, que sopra em cada região da terra; 61também as nuvens, quando lhes é ordenado por Deus que percorram toda a terra, executam o que lhes foi mandado; de igual modo o fogo, enviado do alto para devastar montes e florestas, cumpre o que lhe foi ordenado. 62Ora, esses ídolos não são sequer comparáveis nem às suas formas nem aos seus poderes. 63Donde se conclui que não se deve considerar nem proclamar que sejam deuses, uma vez que não são capazes de pronunciar um julgamento nem de fazer bem aos homens. 64Sabendo, pois, que não são deuses, não os temais! 65Eles não amaldiçoarão como também não abençoarão os reis; 66e não poderão entre as nações mostrar sinais no céu, nem brilhar como o sol nem iluminar como a lua. 67Os animais selvagens valem mais que eles, uma vez que podem, refugiando-se num abrigo, socorrer-se a si mesmos. 68De modo algum, pois, é manifesto que sejam deuses. Por isso, não os temais! 69Como um espantalho em campo de pepinos, que nada protege, assim são os seus deuses de madeira, cobertos de ouro ou de prata. 70Da mesma forma, esses deuses de madeira, cobertos de ouro ou de prata, são ainda comparáveis ao espinheiro no jardim, sobre o qual toda espécie de aves vem pousar, ou a um cadáver lançado à escuridão. 71Pela púrpura e pelo linho que sobre eles apodrecem reconhecereis que não são deuses. Acabarão, enfim, devorados, tornando-se uma ignomínia em seu país. 72É melhor, pois, a condição do homem justo, que não tem ídolos: ele estará longe do opróbrio!