Justino, filósofo e mártir, nasceu no princípio do século II, em Flávia Neápolis (Nablus), na Samaria, de família pagã. Tendo-se convertido à fé cristã, escreveu diversas obras em defesa do cristianismo; mas se conservam apenas as duas Apologias e o Diálogo com Trifão. Abriu uma escola de filosofia em Roma, onde mantinha debates públicos. Sofreu o martírio, juntamente com seus companheiros, no tempo de Marco Aurélio, cerca do ano 165.





V.
 Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.


V.
 Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Santo mártir, sê propício
no teu dia de esplendor,
em que cinges a coroa,
o troféu de vencedor.

Este dia sobre as trevas
deste mundo te elevou,
e, juiz e algoz vencendo,
todo a Cristo te entregou.

Entre os anjos ora brilhas,
testemunha inquebrantável,
com as vestes que lavaste
no teu sangue venerável.

Junto a Cristo, sê agora
poderoso intercessor;
ouça ele as nossas prece
se perdoe ao pecador.

Desce a nós por um momento,
de Jesus traze o perdão,
e os que gemem sob o fardo
grande alívio sentirão.

A Deus Pai, ao Filho Único
e ao Espírito, a vitória.
Deus te orna com coroa
na mansão da sua glória.

Salmodia

Ant. 1 Ó meu Deus, escutai minha prece,
ao clamor do inimigo estremeço!

Salmo 54(55),2-15.17-24

Oração depois da traição de um amigo

Jesus começou a sentir medo e angústia (Mc 14,33)

I

2 Ó meu Deus, escutai minha prece, *
não fujais desta minha oração!
3 Dignai-vos me ouvir, respondei-me: *
a angústia me faz delirar!

4 Ao clamor do inimigo estremeço, *
e ao grito dos ímpios eu tremo.
– Sobre mim muitos males derramam, *
contra mim furiosos investem.

5 Meu coração dentro em mim se angustia, *
e os terrores da morte me abatem;
6 o temor e o tremor me penetram, *
o pavor me envolve e deprime!

=7 É por isso que eu digo na angústia: †
Quem me dera ter asas de pomba *
e voar para achar um descanso!
8 Fugiria, então, para longe, *
e me iria esconder no deserto.

Ant. Ó meu Deus, escutai minha prece,
ao clamor do inimigo estremeço!

Ant. 2 O Senhor have de libertar-nos
da mão do inimigo traiçoeiro.

II

– 9 Acharia depressa um regio *
contra o vento, a procela, o tufão.
=10 Ó Senhor, confundi as más línguas; †
dispersai-as, porque na cidade *
só se  violência e discórdia!

=11 Dia e noite circundam seus muros, †
12 dentro dela há maldades e crimes, *
a injustiça, a opressão moram nela!
– Violência, imposturas e fraudes *
já não deixam suas ruas e praças.

13 Se o inimigo viesse insultar-me, *
poderia aceitar certamente;
– se contra mim investisse o inimigo, *
poderia, talvez, esconder-me.

14 Mas és tu, companheiro e amigo, *
tu, meu íntimo e meu familiar,
15 com quem tive agradável convívio *
com o povo, indo à casa de Deus!

Ant. O Senhor have de libertar-nos
da mão do inimigo traiçoeiro.

Ant. 3 Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento.

III

17 Eu, porém, clamo a Deus em meu pranto, *
e o Senhor me haverá de salvar!
18 Desde a tarde, à manhã, ao meio-dia, *
faço ouvir meu lamento e gemido.

19 O Senhor há de ouvir minha voz, *
libertando a minh’alma na paz,
– derrotando os meus agressores, *
porque muitos estão contra mim!

20 Deus me ouve e haverá de humilhá-los, *
porque é Rei e Senhor desde sempre.
– Para os ímpios não há conversão, *
pois não temem a Deus, o Senhor.

21 Erguem a mão contra os próprios amigos, *
violando os seus compromissos;
22 sua boca está cheia de unção, *
mas o seu coração traz a guerra;
– suas palavras mais brandas que o óleo, *
na verdade, porém, são punhais.

23 Lança sobre o Senhor teus cuidados, *
porque ele há de ser teu sustento,
– e jamais ele irá permitir *
que o justo para sempre vacile!

24 Vós, porém, ó Senhor, os lançais *
no abismo e na cova da morte.
– Assassinos e homens de fraude *
não verão a metade da vida.
– Quanto a mim, ó Senhor, ao contrário: *
ponho em vós toda a minha esperança!

Ant. Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento.

V. Ó meu filho, fica atento ao meu saber,
R. Presta ouvidos à minha inteligência!

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Daniel             10,1-21

Visão do homem e aparição do anjo

No terceiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, revelou-se interiormente a Daniel, apelidado Baltasar, uma palavra, cheia de verdade e de significado. Ele entendeu a palavra e soube interpretar a visão interior. 2Naqueles dias, eu, Daniel, estive de luto durante três semanas: 3não comi nada de pão, não me entraram na boca nem carne nem vinho, não usei unguentos nem perfumes, até se completarem três semanas.

4 No dia vinte e quatro do primeiro mês, encontrava-me à beira do grande rio Tigre, 5quando, levantando os olhos, vi um homem vestido com roupas de linho e ostentando um cinturão de ouro; 6seu corpo parecia de pedra dourada; o rosto tinha uma aparência brilhante; seus olhos eram como tochas ardentes; dos braços aos pés, o aspecto era de bronze polido, e o rumor de suas palavras parecia o de uma multidão. 7Somente eu, Daniel, tive essa visão; ora, as pessoas que estavam comigo nada viram da visão, mas, tomadas de pânico, fugiram para esconder-se. 8Eu, deixado sozinho, vendo essa estranha visão, não tive mais resistência: meu aspecto mudou até perder a cor, e as forças me abandonaram. 9Eu ouvi as palavras da visão; e ao ouvir o som dessas palavras, caí prostrado como rosto por terra.

10 Eis que uma mão me tocou e me fez levantar sobre os joelhos e as palmas das mãos, 11e me disse: “Daniel, homem muito estimado, procura entender o que te vou dizer, e põe-te de pé; eu fui enviado a ti”. Ao dizer estas palavras, eu me pus de pé, a tremer. 12Disse-me então: “Não tenhas medo, pois desde o primeiro dia em que te aplicaste à contemplação e à virtude diante do teu Deus, foram ouvidas as tuas súplicas, e eu aqui estou por causa de tuas palavras. 13O príncipe do reino dos persas resistiu-me durante vinte e um dias; eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio em meu auxílio; e eu, então, me deixei ficar lá, ao lado do rei dos persas. 14Vim para te dizer o que irá acontecer ao teu povo nos últimos dias, pois a visão ainda se prolongará.” 15Enquanto ele me falava nesses termos, inclinei o meu rosto para o chão, em silêncio. 16De repente, um ser de aparência humana me tocou os lábios. Abri a boca para falar e disse ao que estava à minha frente: “Senhor meu, estou perturbado com esta visão, não tenho mais força alguma. 17Como poderá este teu servo falar com o seu Senhor? Pois não me restam mais forças, nem eu tenho mais fôlego”. 18Então o ser de aparência humana tocou-me de novo e encorajou-me, dizendo: 19“Não temas, caríssimo. Paz! Coragem! Sê firme!” Ao falar comigo, senti-me melhor, e então eu disse: “Agora fala, meu Senhor, pois me fortaleceste”.

20 Disse-me ele: “Acaso sabes por que vim ter contigo? Pois estou de volta para combater contra o príncipe dos persas. Eu estou partindo, mas eis que o príncipe dos gregos está chegando. 21Contudo o que eu te anunciar está expresso na escritura da verdade. Contra eles ninguém me ajudará, a não ser Miguel, o vosso príncipe”.

Responsório Dn 10,12.19a.21a

R. Desde o dia inicial, em que aplicaste o coração
a compreender e a humilhar-te, perante o teu Senhor,
* Foram ouvidas tuas palavras por causa de tuas preces.
V. Não tenhas medo, Daniel, vou explicar-te as palavras
da Escritura da Verdade. * Foram ouvidas.

Segunda leitura

Das Atas do martírio dos santos Justino e seus companheiros

(Cap.1-5: cf.PG 6, 1566-1571)             (Séc. II)

Abracei a verdadeira doutrina dos cristãos

            Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”. Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo fato de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.

            Rústico indagou: “Que doutrinas professas?” E Justino: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.

            O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?” Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”.

            O prefeito indagou: “Que verdade é esta?” Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a sua infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus. Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda entre os homens”.

            Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?” Justino afirmou: “Sim, sou cristão”.

            O prefeito disse a Justino: “Ouve,tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?” Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.

            O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”? Justino respondeu-lhe: “Não suponho, tenho a maior certeza”.

            O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”. Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”. O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”. Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”.

            O mesmo também disseram os outros mártires: “Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.

            O prefeito Rústico pronunciou então a sentença: “Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”. Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando a fé no Salvador.

Responsório Cf. At 20,21.24; Rm 1,16

R. Ao dar meu testemunho de fé em Jesus Cristo,
Senhor nosso, nada temo,
* Nem dou tanto valor à minha própria vida,
contanto que eu leve a bom termo minha carreira
e o ministério da palavra que, de Cristo, recebi:
dar testemunho do Evangelho da graça do Senhor.
Aleluia.
V. Não me envergonho do Evangelho;
pois é o poder de Deus para salvar todo o que crê,
primeiro, o judeu e depois, também o grego.
* Nem dou. 

Oração

Ó Deus, que destes ao mártir São Justino um profundo conhecimento de Cristo pela loucura da cruz, concedei-nos, por sua intercessão, repelir os erros que nos cercam e permanecer firmes na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.