Ofício das Leituras
V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.
Hino
I. Quando se diz o Ofício das Leituras durante a noite ou de madrugada:
Criastes céu e terra,
a vós tudo obedece;
livrai a nossa mente
do sono que entorpece.
As culpas perdoai,
Senhor, vos suplicamos;
de pé, para louvar-vos,
o dia antecipamos.
À noite as mãos e as almas
erguemos para o templo:
mandou-nos o Profeta,
deixou-nos Paulo o exemplo.
As faltas conheceis
e até as que ocultamos;
a todas perdoai,
ansiosos suplicamos.
A glória seja ao Pai,
ao Filho seu também,
ao Espírito igualmente,
agora e sempre. Amém.
II. Quando se diz o Ofício das Leituras durante o dia:
A vós, honra e glória,
Senhor do saber,
que vedes o íntimo
profundo do ser,
e em fontes de graça
nos dais de beber.
As boas ovelhas
guardando, pastor,
buscais a perdida
nos montes da dor,
unindo-as nos prados
floridos do amor.
A ira do Rei
no dia final
não junte aos cabritos
o pobre mortal.
Juntai-o às ovelhas
no prado eternal.
A vós, Redentor,
Senhor, Sumo Bem,
louvores, vitória
e glória convém,
porque reinais sempre
nos séculos. Amém.
Salmodia
Ant. 1 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força! †
Salmo 17(18),2-30
Ação de graças pela salvação e pela vitória
Na mesma hora aconteceu um grande terremoto (Ap 11,13).
I
–2 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, *
†3 minha rocha, meu refúgio e Salvador!
= Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, †
minha força e poderosa salvação, *
sois meu escudo e proteção: em vós espero!
–4 Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! *
e dos meus perseguidores serei salvo!
–5 Ondas da morte me envolveram totalmente, *
e as torrentes da maldade me aterraram;
–6 os laços do abismo me amarraram *
e a própria morte me prendeu em suas redes.
–7 Ao Senhor eu invoquei na minha angústia *
e elevei o meu clamor para o meu Deus;
– de seu Templo ele escutou a minha voz, *
e chegou a seus ouvidos o meu grito.
Ant. Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força!
Ant. 2 O Senhor me libertou, porque me ama.
II
=8 A terra toda estremeceu e se abalou, †
os fundamentos das montanhas vacilaram *
e se agitaram, porque Deus estava irado.
=9 De seu nariz, fumaça em nuvens se elevou, †
da boca saiu fogo abrasador *
dos seus lábios, carvões incandescentes.
–10 Os céus ele abaixou e então desceu *
pousando em nuvens pretas os seus pés.
–11 Um querubim o conduzia no seu vôo, *
sobre as asas do vento ele pairava.
–12 Das trevas fez um véu para envolver-se, *
escondeu-se em densas nuvens e água escura.
–13 No clarão que procedia de seu rosto, *
carvões incandescentes se acendiam.
–14 Trovejou dos altos céus o Senhor Deus, *
o Altíssimo fez ouvir a sua voz;
–15 e, lançando as suas flechas, dissipou-os, *
dispersou-os com seus raios fulgurantes.
–16 Até o fundo do oceano apareceu, *
e os fundamentos do universo foram vistos,
– ante as vossas ameaças, ó Senhor, *
e ao sopro abrasador de vossa ira.
–17 Lá do alto ele estendeu a sua mão *
e das águas mais profundas retirou-me;
–18 libertou-me do inimigo poderoso *
e de rivais muito mais fortes do que eu.
–19 Assaltaram-me no dia da aflição, *
mas o Senhor foi para mim um protetor;
–20 colocou-me num lugar bem espaçoso: *
o Senhor me libertou, porque me ama.
Ant. O Senhor me libertou, porque me ama.
Ant. 3 Ó Senhor, fazei brilhar a minha lâmpada!
Ó meu Deus, iluminai as minhas trevas!
III
–21 O Senhor recompensou minha justiça *
e a pureza que encontrou em minhas mãos,
–22 pois nos caminhos do Senhor eu caminhei, *
e de meu Deus não me afastei por minhas culpas.
–23 Tive sempre à minha frente os seus preceitos, *
e de mim não afastei sua justiça.
–24 Diante dele tenho sido sempre reto *
e conservei-me bem distante do pecado.
–25 O Senhor recompensou minha justiça *
e a pureza que encontrou em minhas mãos.
–26 Ó Senhor, vós sois fiel com o fiel, *
sois correto com o homem que é correto;
–27 sois sincero com aquele que é sincero, *
mas arguto com o homem astucioso.
–28 Pois salvais, ó Senhor Deus, o povo humilde, *
mas os olhos dos soberbos humilhais.
–29 Ó Senhor, fazeis brilhar a minha lâmpada; *
ó meu Deus, iluminais as minhas trevas.
–30 Junto convosco eu enfrento os inimigos, *
com vossa ajuda eu transponho altas muralhas.
Ant. Ó Senhor, fazei brilhar a minha lâmpada!
Ó meu Deus, iluminai as minhas trevas!
V. E todos se admiravam das palavras
R. Cheias de graça que saíam de seus lábios.
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Jeremias 2,1-13.20-23.25
Infidelidade do povo de Deus
1 A palavra do Senhor foi-me dirigida, dizendo:
2 “Vai e grita aos ouvidos de Jerusalém.
Isto diz o Senhor:
Lembro-me de ti, da afeição da jovem,
do amor da noiva,
de quando me seguias no deserto,
numa terra inculta.
3 Israel, consagrado ao Senhor,
era como as primícias de sua colheita;
todos os que dele comiam, pecavam;
males caíam sobre eles”,
diz o Senhor.
4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó
e todas as famílias da casa de Israel.
5 Isto diz o Senhor:
“Que maldade acharam em mim vossos pais
para se afastarem de mim
e correrem atrás da falsidade
e se tornarem falsos?
6 Não disseram eles: ‘Onde está o Senhor,
que nos fez sair da terra do Egito,
que nos fez atravessar o deserto,
terras inóspitas e intransitáveis,
terras sem água, poeirentas,
terras onde ninguém morou,
onde não houve povoações?’
7 Eu vos introduzi numa terra de pomares,
para que gozásseis de seus melhores produtos,
mas, apenas chegados, contaminastes o país
e tornastes abominável minha herança.
8 Os sacerdotes nem perguntaram onde está o Senhor.
Os versados na Lei não me reconheceram,
e os chefes do povo voltaram-me as costas,
os profetas profetizaram em nome de Baal
e correram atrás de coisas que para nada servem.
9 Por isso tenho ainda que discutir convosco,
diz o Senhor,
e disputarei com os filhos de vossos filhos.
10 Passai às cidades de Cetim e vede,
tomai contato com Cedar, tentai com esforço
saber se assim aconteceu:
11 se o povo mudou seus deuses,
e saber que de fato esses não são deuses;
pois o meu povo transformou sua glória
em algo que para nada serve.
12 Ó céus, espantai-vos diante disso,
enchei-vos de grande horror, diz o Senhor.
13 Dois pecados cometeu meu povo:
abandonou-me a mim, fonte de água viva,
e preferiu cavar cisternas,
cisternas defeituosas
que não podem reter água.
20 Não é de hoje que quebraste o jugo
e rompeste as amarras
e disseste: ‘Não quero sujeitar-me’.
No alto de qualquer colina
e debaixo de qualquer árvore frondosa,
lá estavas entregando-te à prostituição.
21 Entretanto,és a vinha escolhida que eu plantei,
toda da mais legítima cepa;
como então degeneraste
em rebentos de videira agreste?
22 Ainda que te laves com potassa
e te cubras com folhame de ervas,
perante mim estás manchada pelo teu pecado,
diz o Senhor Deus.
23 Como ainda dizes:
‘Não estou manchada,
não segui a religião dos Baals?’
Vê tuas andanças no Vale,
pensa no que lá fizeste:
eras um camelo novo que anda sem rumo.
25 Não te deixes ficar com pés descalços
nem com a garganta seca.
Disseste: ‘É inútil falar,
não o farei de modo algum;
de fato, gosto de estrangeiros
e gosto de freqüentá-los’”.
Responsório Jr 2,21; Mt 21,43; Is 5,7b
R. Eu mesmo te plantei, como vinha excelente
de mudas escolhidas;
como, pois, aconteceu que te tornaste para mim
um sarmento tão bastardo, uma vinha tão selvagem?
* Por isso o reino de Deus será tirado de vós
e será dado a um povo, que produza seus frutos.
V. Esperava o direito e veio a iniquidade;
esperava a justiça, e eis os gritos por socorro.
* Por isso.
Segunda leitura
Das Instruções de São Columbano, abade
(Instr. 13, De Christo fonte vitae, 1-2: Opera, Dublin 1957, 116-118) (Séc.VII)
Quem tem sede venha a mim e beba
Irmãos caríssimos, prestai ouvidos ao que vamos dizer como a algo de necessário. Contentai a sede de vossas almas nas águas da fonte divina, sobre a qual desejamos falar, mas não a extingais; bebei, mas não vos sacieis. Chama-nos a si a fonte viva, a fonte da vida e diz: Quem tem sede venha a mim e beba (Jo 7,37).
Entendei o que bebeis. Diga-vos Jeremias, diga-vos a própria fonte: Abandonaram-me a mim, fonte de água viva, diz o Senhor (Jr 2,13). O próprio Senhor, nosso Deus, Jesus Cristo, é a fonte da vida; por isso nos convida a irmos a ele, fonte, para o bebermos. Bebe-o quem ama; bebe quem se sacia com a palavra de Deus; quem muito ama, muito deseja; bebe quem arde de amor pela sabedoria.
Vede donde mana esta fonte: do mesmo lugar donde desceu o pão. Pão e fonte são o mesmo, o filho único, nosso Deus, o Cristo Senhor, de quem devemos ter sempre fome. Comemo-lo, amando; devoramo-lo desejando e, no entanto, famintos, desejemo-lo ainda. Da mesma forma, qual água de uma fonte; bebamo-lo sempre pela plenitude do desejo e deleitemo-nos com a suavidade de sua particular doçura.
Pois é doce e suave o Senhor; por mais que o comamos e bebamos, estamos sempre sedentos e famintos, porque nosso alimento e bebida nunca se podem tomar e beber totalmente; tomando, não se consome, bebido não acaba, pois nosso pão é eterno, nossa fonte é perene, nossa fonte é doce. Eis a razão por que diz o Profeta: Vós que tendes sede, ide à fonte (Is 55,1). É fonte dos sedentos, não dos saciados. Por isto chama a si sedentos, que em outro lugar declara felizes, aqueles que nunca bebem bastante, mas quanto mais sorvem, tanto mais têm sede.
Irmãos, é justo que a fonte da sabedoria, o Verbo de Deus nas alturas (Eclo 1,5 Vulg.), sempre seja desejada, buscada, amada por nós; estão escondidos, segundo as palavras do Apóstolo, todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), e chama quem tem sede a deles tomar.
Se tens sede, bebe da fonte da vida; se tens fome, come o pão da vida. Felizes os que têm fome deste pão e sede desta fonte. Sempre comendo e sempre bebendo, ainda desejam comer e beber. Porque é imensamente doce aquilo que sempre se saboreia e sempre se deseja mais. O rei profeta já dizia: Saboreai e vede quão doce, quão suave é o Senhor (Sl 33,9).
Responsório Sl 2, 2.6.1
R. Por que os reis de toda a terra se reúnem
e conspiram os governos todos juntos
contra o Deus onipotente e o seu Ungido?
* Fui eu mesmo que escolhi este meu Rei,
e em Sião, meu monte santo, o consagrei.
V. Por que os povos agitados se revoltam,
por que tramam as nações projetos vãos?
* Fui eu mesmo.
Responsório Cf. Mt 7,7-8
R. Aquele que aos filhos dá o que é bom,
nos incita a pedir e a procurar
e a bater à sua porta sem cessar.
* Quanto mais fielmente nós crermos,
esperarmos com mais decisão
e com ardor mais intenso quisermos,
tanto mais nós seremos capazes
de receber o que é bom do Senhor.
V. Na questão referida se trata
mais de gemidos do que de discursos,
mais de lágrimas do que de palavras.
* Quanto mais.
Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.