Anseios e preces de um exilado
Bendito seja Deus que nos consola em todas as nossas aflições! (2Cor 1,4).
–2 Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, *
e chegue até vós o meu clamor!
–3 De mim não oculteis a vossa face *
no dia em que estou angustiado!
– Inclinai o vosso ouvido para mim, *
ao invocar-vos atendei-me sem demora!
–4 Como fumaça se desfazem os meus dias, *
estão queimando como brasas os meus ossos.
–5 Meu coração se tornou seco igual à erva, *
até esqueço de tomar meu alimento.
–6 À força de gemer e lamentar, *
tornei-me tão-somente pele e osso.
–7 Eu pareço um pelicano no deserto, *
sou igual a uma coruja entre ruínas.
–8 Perdi o sono e passo a noite a suspirar *
como a ave solitária no telhado.
–9 Meus inimigos me insultam todo o dia, *
enfurecidos lançam pragas contra mim.
–10 É cinza em vez de pão minha comida, *
minha bebida eu misturo com as lágrimas.
–11 Em vossa indignação, em vossa ira *
me exaltastes, mas depois me rejeitastes;
–12 os meus dias como sombras vão passando, *
e aos poucos vou murchando como a erva.
–13 Mas vós, Senhor, permaneceis eternamente, *
de geração em geração sereis lembrado!
–14 Levantai-vos, tende pena de Sião, *
já é tempo de mostrar misericórdia!
–15 Pois vossos servos têm amor aos seus escombros *
e sentem compaixão de sua ruína.
–16 As nações respeitarão o vosso nome, *
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
–17 quando o Senhor reconstruir Jerusalém *
e aparecer com gloriosa majestade,
–18 ele ouvirá a oração dos oprimidos *
e não desprezará a sua prece.
–19 Para as futuras gerações se escreva isto, *
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
–20 Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, *
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
–21 para os gemidos dos cativos escutar *
e da morte libertar os condenados.
–22 Para que cantem o seu nome em Sião *
e louve ao Senhor Jerusalém,
–23 quando os povos e as nações se reunirem *
e todos os impérios o servirem.
–24 Ele abateu as minhas forças no caminho *
e encurtou a duração da minha vida.
= Agora eu vos suplico, ó meu Deus; †
25 não me leveis já na metade dos meus dias, *
vós, cujos anos são eternos, ó Senhor!
–26 A terra no princípio vós criastes, *
por vossas mãos também os céus foram criados;
–27 eles perecem, vós porém permaneceis; *
como veste os mudais e todos passam;
– ficam velhos todos eles como roupa, *
28 mas vossos anos não têm fim, sois sempre o mesmo!
=29 Assim também a geração dos vossos servos †
terá casa e viverá em segurança, *
e ante vós se firmará sua descendência.