2º Domingo da Quaresma

Ofício das Leituras


V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém.

Hino

Seguindo o preceito místico, 
guardemos a abstinência
durante os quarenta dias
votados à penitência.  


A Lei e os Profetas dantes
cumpriram igual preceito,
Mas Cristo, no seu deserto,
viveu o jejum perfeito.

Usemos de modo sóbrio
da fala, bebida e pão,
do sono e do riso e, atentos,
peçamos a Deus perdão.

Fujamos do mal oculto
que os laços do amor desfaz;
à voz do tirano astuto
não demos lugar jamais.

Ouvi, Unidade simples,
Trindade, Supremo Bem:
a graça da penitência
dê frutos em nós. Amém.

Salmodia

Ant. 1 Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestis,
e de luz vos envolveis como num manto! 

Salmo 103(104)

Hino a Deus Criador

Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo (2Cor 5,17).

I

1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! *
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
2 De majestade e esplendor vos revestis *
e de luz vos envolveis como num manto.

3 Estendeis qual uma tenda o firmamento, *
construís vosso palácio sobre as águas;
– das nuvens vós fazeis o vosso carro, *
do vento caminhais por sobre as asas;
4 dos ventos fazeis vossos mensageiros, *
do fogo e chama fazeis vossos servidores.

5 A terra vós firmastes em suas bases, *
ficará firme pelos séculos sem fim;
6 os mares a cobriam como um manto, *
e as águas envolviam as montanhas.

7 Ante a vossa ameaça elas fugiram, *
e tremeram ao ouvir vosso trovão;
8 saltaram montes e desceram pelos vales *
ao lugar que destinastes para elas;
9 elas não passam dos limites que fixastes, *
e não voltam a cobrir de novo a terra.

10 Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes *
que passam serpeando entre as montanhas;
11 dão de beber aos animais todos do campo, *
e os da selva nelas matam sua sede;
12 às suas margens vêm morar os passarinhos, *
entre os ramos eles erguem o seu canto.

Ant. Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestis,
e de luz vos envolveis como num manto! 

Ant. 2 O Senhor tira da terra o alimento
e o vinho que alegra o coração

II

13 De vossa casa as montanhas irrigais, *
com vossos frutos saciais a terra inteira;
14 fazeis crescer os verdes pastos para o gado *
e as plantas que são úteis para o homem;

15 para da terra extrair o seu sustento *
e o vinho que alegra o coração,
– o óleo que ilumina a sua face *
e o pão que revigora suas forças.

16 As árvores do Senhor são bem viçosas *
e os cedros que no Líbano plantou;
17 as aves ali fazem os seus ninhos *
e a cegonha faz a casa em suas copas;
18 os altos montes são refúgio dos cabritos, *
os rochedos são abrigo das marmotas.

19 Para o tempo assinalar destes a lua, *
e o sol conhece a hora de se pôr;
20 estendeis a escuridão e vem a noite, *
logo as feras andam soltas na floresta;
21 eis que rugem os leões, buscando a presa, *
e de Deus eles reclamam seu sustento.

22 Quando o sol vai despontando, se retiram, *
e de novo vão deitar-se em suas tocas.
23 Então o homem sai para o trabalho, *
para a labuta que se estende até à tarde.

Ant. O Senhor tira da terra o alimento
e o vinho que alegra o coração

Ant. 3 Deus viu todas as coisas que fizera
eram todas elas muito boas. 

III

=24 Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras, †
que sabedoria em todas elas! *
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!

=25 Eis o mar tão espaçoso e tão imenso, †
no qual se movem seres incontáveis, *
gigantescos animais e pequeninos;
=26 nele os navios vão seguindo as suas rotas, †
e o monstro do oceano que criastes *
nele vive e dentro dele se diverte.

27 Todos eles, ó Senhor, de vós esperam *
que a seu tempo vós lhes deis o alimento;
28 vós lhes dais o que comer e eles recolhem, *
vós abris a vossa mão e eles se fartam.

=29 Se escondeis a vossa face, se apavoram, †
se tirais o seu respiro, eles perecem *
voltam para o pó de onde vieram;
30 enviais o vosso espírito e renascem *
e da terra toda a face renovais.

31 Que a glória do Senhor perdure sempre, *
e alegre-se o Senhor em suas obras!
32 Ele olha para a terra, ela estremece; *
quando toca as montanhas, lançam fogo.

33 Vou cantar ao Senhor Deus por toda a vida, *
salmodiar para o meu Deus enquanto existo.
34 Hoje seja-lhe agradável o meu canto, *
pois o Senhor é a minha grande alegria!

=35 Desapareçam desta terra os pecadores, †
e pereçam os perversos para sempre! *
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

Ant. Deus viu todas as coisas que fizera
eram todas elas muito boas. 

V. Eis meu Filho muito amado.
R. Escutai-o, homens todos!

Primeira leitura

Do Livro do Êxodo             13,17−14,9

O povo caminha até ao mar Vermelho

13,17 Quando o Faraó deixou sair o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, que é o mais curto, para que o povo, defrontando-se com algum combate, não se arrependesse e voltasse para o Egito. 18Por isso, Deus fez o povo seguir pelo caminho do deserto, que está junto ao mar Vermelho. Os filhos de Israel saíram bem armados do Egito. 19Moisés levou consigo os ossos de José, pois este tinha feito jurar os filhos de Israel: “Deus certamente vos há de visitar: então, levai daqui convosco os meus ossos”.

20E, tendo saído de Sucot, eles acamparam em Etam, na extremidade do deserto. 21O Senhor ia adiante deles, para lhes mostrar o caminho, de dia numa coluna de nuvem, e de noite numa coluna de fogo, para lhes servir de guia num e noutro tempo. 22Nunca a coluna de nuvem deixou de aparecer diante do povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.

14,1 O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2“Fala aos filhos de Israel que retrocedam e acampem diante de Fiairot, entre Magdol e o mar, defronte de Beel-Sefon: ali acampareis junto ao mar. 3O Faraó pensará a respeito dos filhos de Israel: ‘Eles andam perdidos pelo país, e estão fechados no deserto’. 4Eu endurecerei o coração do Faraó e ele vos perseguirá. Eu serei glorificado às custas do Faraó e de todo o seu exército, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor”. E eles assim o fizeram.

5Foi anunciado ao rei dos egípcios que o povo tinha fugido. Então, mudaram-se contra ele os sentimentos do Faraó e dos seus servos, os quais disseram: “Que fazemos? Como deixamos Israel escapar, privando-nos assim dos seus serviços?” 6O Faraó mandou atrelar o seu carro e levou consigo o seu povo. 7Tomou seiscentos carros escolhidos e todos os carros do Egito, com os respectivos escudeiros. 8O Senhor endureceu o coração do Faraó, rei do Egito, que foi no encalço dos filhos de Israel, enquanto estes tinham saído de braço erguido. 9Os egípcios perseguiram os filhos de Israel com todos os cavalos e carros do Faraó, seus cavaleiros e seu exército, e encontraram-nos acampados junto ao mar, perto de Fiairot, defronte de Beel-Sefon.

Responsório             Sl 113(114),1.2; Ex 13,21a

R. Quando o povo de Israel saiu do Egito
e os filhos de Jacó, de um povo estranho,
* Judá tornou-se o templo do Senhor
e Israel se transformou em seu domínio.
V. O Senhor os precedia numa nuvem luminosa
e os guiava no caminho. * Judá tornou-se.

Segunda leitura

Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo 51, 3-4.8: PL 54, 310-311.313)            (Séc.V)

Por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo

 O Senhor manifesta a sua glória na presença de testemunhas escolhidas, e de tal modo fez resplandecer o seu corpo, semelhante ao de todos os homens, que seu rosto se tornou brilhante como o sol e suas vestes brancas como a neve.

A principal finalidade dessa transfiguração era afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo. Mas, segundo um desígnio não menos previdente, dava-se um fundamento sólido à esperança da santa Igreja, de modo que todo o Corpo de Cristo pudesse conhecer a transfiguração com que ele também seria enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação daquela glória que primeiro resplandecera na Cabeça.

A esse respeito, o próprio Senhor dissera, referindo-se à majestade de sua vinda: Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai (Mt 13,43). E o apóstolo Paulo declara o mesmo, dizendo: Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós (Rm 8,18). E ainda: Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória (Cl 3,3-4).

Entretanto, aos apóstolos que deviam ser confirmados na fé e introduzidos no conhecimento de todos os mistérios do Reino, esse prodígio ofereceu ainda outro ensinamento.

Moisés e Elias, isto é, a Lei e os Profetas, apareceram conversando com o Senhor, a fim de cumprir-se plenamente, na presença daqueles cinco homens, o que fora dito: Será digna de fé toda palavra proferida na presença de duas ou três testemunhas (cf. Mt18,16).

Que pode haver de mais estável e mais firme que esta palavra? Para proclamá-la, ressoa em uníssono a dupla trombeta do Antigo e do Novo Testamento, e os testemunhos dos tempos passados concordam com o ensinamento do Evangelho.

Na verdade, as páginas de ambas as alianças confirmam-se mutuamente; e o esplendor da glória presente mostra, com total evidência, Aquele que as antigas figuras tinham prometido sob o véu dos mistérios. Porque, como diz João, por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo (Jo 1,17). Nele cumpriram-se integralmente não só a promessa das figuras proféticas, mas também o sentido dos preceitos da lei; pois pela sua presença mostra a verdade das profecias e, pela sua graça, torna possível cumprir os mandamentos.

Sirva, portanto, a proclamação do santo Evangelho para confirmar a fé de todos, e ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido.

Ninguém tenha medo de sofrer por causa da justiça ou duvide da recompensa prometida, porque é pelo trabalho que se chega ao repouso, e pela morte, à vida. O Senhor assumiu toda a fraqueza de nossa pobre condição e, se permanecermos no seu amor e na proclamação do seu nome, venceremos o que ele venceu e receberemos o que prometeu.

Assim, quer cumprindo os mandamentos ou suportando a adversidade, deve sempre ressoar aos nossos ouvidos a voz do Pai, que se fez ouvir, dizendo: Este é o meu filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o (Mt 17,5).

Responsório             Hb 12,22a.24a.25; Sl 94(95),8

R. Aproximastes-vos, irmãos, de Jesus,
o Mediador de uma nova Aliança;
prestai muita atenção para não deixar de ouvir
aquele que vos fala!
* Pois, se aqueles que deixaram
de ouvir quem os chamava,
advertindo-os sobre a terra, não fugiram do castigo,
muito menos nós, irmãos, se deixarmos de ouvir
ao que fala a nós dos céus.
V. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
Não fecheis os corações ao Senhor Deus!
* Pois, se aqueles.

Oração  

Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.