23 de Dezembro


IV Semana do Saltério

Ofício das Leituras


V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

Hino

Oh vinde depressa,
do seio da virgem,
Beleza dos céus!
O mundo admire:
um tal nascimento
é digno de Deus.

Não germe de homem,
mas sopro divino
no seio o gerou.
O verbo de Deus
se fez nossa carne,
o ventre deu flor.

A vida já cresce
no seio da Virgem
que guarda a pureza.
Deus mora em seu templo
e brilha a virtude
em toda a grandeza.

Que venha o herói
que é homem e é Deus,
do quarto nupcial,
correr glorioso
seu nobre caminho,
a trilha real.

Igual a Deus Pai,
reveste dos homens
a carne, a fraqueza,
e, desta maneira,
nos dá a virtude,
de Deus fortaleza.

Já brilha o presépio,
e um novo esplendor
a noite nos traz.
Que fujam as trevas,
a fé resplandeça
e reine a paz.

A vós, Rei piedoso,
e ao Pai que nos ama,
a glória convém.
Com vosso Espírito
reinais sobre o mundo
nos séculos. Amém. 

Salmodia

Ant. 1 Nossos pais nos transmitiram as grandezas,
os prodígios do Senhor e seu poder.

Salmo 77(78),1-39

A bondade de Deus e a infidelidade do povo ao longo da história da Salvação

Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós (1Cor 10,6).

I

1 Escuta, ó meu povo, a minha Lei, *
ouve atento as palavras que eu te digo;
2 abrirei a minha boca em parábolas, *
os mistérios do passado lembrarei.

3 Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos, *
e transmitiram para nós os nossos pais,
4 não haveremos de ocultar a nossos filhos, *
mas à nova geração nós contaremos:

– As grandezas do Senhor e seu poder, *
as maravilhas que por nós realizou;
5 um preceito em Jacó ele ordenou, *
uma lei instituiu em Israel.

– Ele havia ordenado a nossos pais *
que ensinassem estas coisas a seus filhos,
6 para que a nova geração as conhecesse *
e os filhos que haveriam de nascer.

– Levantem-se e as contem a seus filhos, *
7 para que ponham no Senhor sua esperança;
– das obras do Senhor não se esqueçam, *
e observem fielmente os seus preceitos.

8 Nem se tornem, a exemplo de seus pais, *
rebelde e obstinada geração,
– uma raça de inconstante coração, *
infiel ao Senhor Deus, em seu espírito.

9 Os filhos de Efraim, hábeis no arco, *
no dia do combate debandaram;
10 não guardaram a Aliança do Senhor, *
recusaram-se a andar na sua Lei.

11 Esqueceram os seus feitos gloriosos *
e os prodígios que outrora lhes mostrara;
12 na presença de seus pais fez maravilhas, *
no lugar chamado Tânis, lá no Egito.

13 Rasgou o mar e os conduziu através dele, *
levantando as suas águas como um dique;
14 durante o dia orientou-os pela nuvem, *
e de noite por um fogo esplendoroso.

15 Rochedos no deserto ele partiu *
e lhes deu para beber águas correntes;
16 fez brotar água abundante do rochedo, *
e a fez correr como torrente no deserto.

Ant.  Nossos pais nos transmitiram as grandezas,
os prodígios do Senhor e seu poder.

Ant. 2 Eles comeram o maná vindo do céu,
beberam água de uma rocha espiritual

II

17 Mas pecaram contra ele sempre mais, *
Provocaram no deserto o Deus Altíssimo;
–18 e tentaram o Senhor nos corações, *
exigindo alimento à sua gula.

19 Falavam contra Deus e assim diziam: *
“Pode o Senhor servir a mesa no deserto?”
20 Eis que fere os rochedos num momento *
e faz as águas transbordarem em torrentes.
– “Mas será também capaz de dar-nos pão, *
e a seu povo poderá prover de carne?”

=21 A tais palavras, o Senhor ficou irado, †
uma fogueira se ateou contra Jacó, *
e sua ira se acendeu contra Israel;
22 porque não creram no Senhor Deus de Israel, *
nem tiveram confiança em sua ajuda.

23 Ordenou, então, às nuvens lá dos céus, *
e as comportas das alturas fez abrir;
24 fez chover-lhes o maná e alimentou-os, *
e lhes deu para comer o pão do céu.

25 O homem se nutriu do pão dos anjos, *
e mandou-lhes alimento em abundância;
26 fez soprar o vento leste pelos céus *
e fez vir, por seu poder, o vento sul.

27 Fez chover carne para eles como pó, *
choveram aves como areia do oceano;
28 elas caíram sobre os seus acampamentos *
e pousaram ao redor de suas tendas.

29 Eles comeram e beberam à vontade; *
o Senhor satisfizera os seus desejos.
30 Mal, porém, se tinham eles saciado, *
e a comida ainda estava em suas bocas,

=31 inflamou-se a sua ira contra eles †
e matou os mais robustos entre o povo, *
abatendo a fina flor de Israel.

Ant. Eles comeram o maná vindo do céu,
beberam água de uma rocha espiritual

Ant. 3 Recordemos que o Senhor é nossa Rocha
e que o nosso Redentor é o Deus Altíssimo!

III

32 Com tudo isso, eles pecaram novamente, *
não deram fé às maravilhas do Senhor.
33 Foram seus dias consumidos como um sopro, *
e seus anos bem depressa se encurtaram.

34 Quando os feria, eles então o procuravam, *
convertiam-se correndo para ele;
35 recordavam que o Senhor é sua rocha *
e que Deus, seu Redentor, é o Deus Altíssimo.

36 Mas apenas o honravam com seus lábios *
e mentiam ao Senhor com suas línguas;
37 seus corações enganadores eram falsos *
e, infiéis, eles rompiam a Aliança.

38 Mas o Senhor, sempre benigno e compassivo, *
não os matava e perdoava seu pecado;
– quantas vezes dominou a sua ira *
e não deu largas à vazão de seu furor.
39 Recordava-se que eles eram carne, *
sopro que passa e jamais torna a voltar.

Ant.  Recordemos que o Senhor é nossa Rocha
e que o nosso Redentor é o Deus Altíssimo!

V. Venha a nós o vosso amor e compaixão:
R. O Salvador que prometestes, ó Senhor!

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Isaías             51,1-11

Promessa de salvação aos filhos de Abraão

Ouvi-me, vós, que seguis a justiça
e que buscais o Senhor;
considerai a pedra de que fostes cortados
e o poço d’água de onde fostes hauridos.
2
 Considerai Abraão, vosso pai,
e Sara, que vos deu à luz;
ele não tinha filhos quando o chamei,
eu o abençoei e lhe multipliquei a descendência.
3
 O Senhor consola Sião
pela dor de todas as ruínas;
transforma num Éden o que ficou deserto,
e o que era solidão, tornou-se um jardim do Senhor.
Nela se encontrará de novo prazer e alegria,
ação de graças e voz de louvor.
Presta atenção, povo meu,
nações, ouvi-me:
de mim sairá a lei,
eu estabelecerei a minha norma como luz dos povos.
5
 Minha justiça está próxima,
está para chegar a minha salvação,
julgarei os povos com a força do braço;
em mim esperam os países distantes,
eles se deixarão guiar pelo meu braço.
6
 Levantai os olhos para o céu
e olhai a terra embaixo;
os céus desfazem-se como fumaça
e a terra desgasta-se como roupa,
os seus habitantes do mesmo modo desaparecem.
Mas minha salvação é para sempre,
minha justiça não falhará.
Ouvi-me, vós que conheceis o que é justo,
povo, que tens no coração a minha lei:
não temais infâmias dos homens
nem vos assenteis com suas maldições.
Pois, como o verme rói o pano, assim o verme os roerá,
e como a traça devora a lã, assim os haverá de devorar;
minha justiça, porém, é para sempre,
e minha salvação, para todas as gerações.
Braço do Senhor, levanta-te, levanta-te,
descarrega toda a tua força;
levanta-te como nos primeiros tempos,
no começo dos séculos.
Acaso não foi este braço que bateu Raab
e feriu o dragão?
10 
Não foste tu que secaste o mar,
as águas do enorme abismo,
e fizeste da profundeza do mar o caminho
para passagem dos libertados?
11
 Os que foram salvos pelo Senhor, voltarão
e virão a Sião entoando louvores;
uma alegria perene cobrirá suas cabeças,
eles se sentirão cheios de prazer e alegria;
a dor e o sofrimento desaparecerão.

Responsório             Cf. Is 51,4.5; 35,10

R. Atende, ó meu povo, escuta, ó minha gente:
* O meu Justo está bem perto,
o Salvador está chegando.
V. E agora voltarão os libertos do Senhor
e virão para Sião, entre cantos de louvor. * O meu Justo.

Segunda leitura

Do Tratado contra a heresia de Noeto, de Santo Hipólito, presbítero.

(Cap. 9-12: PG 10, 815-919)            (Séc. III)

Manifestação do mistério escondido

Único é o Deus que conhecemos, irmãos, e não por outra fonte que não seja a Sagrada Escritura. Devemos, pois, saber o que ela anuncia e compreender o que ensina. Creiamos no Pai como ele quer ser acreditado; glorifiquemos o Filho como ele quer ser glorificado; e recebamos o Espírito Santo como ele quer se dar a nós. Consideremos tudo isso, não segundo nosso próprio arbítrio e interpretação pessoal, nem fazendo violência aos dons de Deus, mas como ele próprio nos ensinou pelas santas Escrituras.

Quando só existia Deus, e não havia ainda nada que existisse com ele, decidiu criar o mundo. Criou-o por seu pensamento, sua vontade e sua palavra; e o mundo começou a existir como ele quis e realizou. Basta-nos apenas saber que nada coexistia com Deus. Não havia nada além dele, só ele existia e era perfeito em tudo. Nele estava a inteligência, a sabedoria, o poder e o conselho. Tudo estava nele e ele era tudo. E quando quis e como quis, no tempo que havia estabelecido, manifestou o seu Verbo, por quem fez todas as coisas.

Deus possuía o Verbo em si mesmo, e o Verbo era imperceptível para o mundo criado; mas fazendo ouvir sua voz, Deus tornou-o perceptível. Gerando-o como luz da luz, enviou como Senhor da criação aquele que é sua própria inteligência. E este Verbo, que no princípio era visível apenas para Deus e invisível para o mundo, tornou-se visível para que o mundo, vendo-o manifestar-se, pudesse ser salvo. O Verbo é verdadeiramente a inteligência de Deus que, ao entrar no mundo, se manifestou como o servo de Deus. Tudo foi feito por ele, mas ele procede unicamente do Pai. Foi ele quem deu a lei e os profetas; e ao fazê-lo, impulsionou os profetas a falarem sob a moção do Espírito Santo para que, recebendo a força da inspiração do Pai, anunciassem o seu desígnio e a sua vontade.

O Verbo, portanto, se tornou visível, como diz São João. Este repete em síntese o que os profetas haviam dito, demonstrando que aquele era o Verbo por quem tinham sido criadas todas as coisas: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por ele e sem ele nada se fez (Jo 1,1.3). E, mais adiante, prossegue: O mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não quis conhecê-lo. Veio para o que era seu, os seus, porém, não o acolheram (Jo 1,10-11).

Responsório             Cf. Is 9,5.6; Lc 1,32; Jo 1,4

R. Nasce, para nós, um Menino,
e Deus forte se o seu nome.
* Vai sentar-se e reinar, para sempre,
sobre o trono real de Davi;
e te o poder sobre os ombros.
V. vida estava na Palavra
e a vida era a luz da humanidade. * Vai sentar-se.

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, ao aproximar-nos do natal do vosso Filho, concedei-nos obter a misericórdia do Verbo, que se encarnou no seio da Virgem e quis viver entre nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.