22 de Dezembro

IV Semana do Saltério

Ofício das Leituras


V. Vinde, ó Deus, em meu aulio.
R. Socorrei-me sem demora.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Esrito Santo. *
Como era no prinpio, agora e sempre. Amém.

Hino

Oh vinde depressa,
do seio da virgem,
Beleza dos céus!
O mundo admire:
um tal nascimento
é digno de Deus.

Não germe de homem,
mas sopro divino
no seio o gerou.
O verbo de Deus
se fez nossa carne,
o ventre deu flor.

A vida já cresce
no seio da Virgem
que guarda a pureza.
Deus mora em seu templo
e brilha a virtude
em toda a grandeza.

Que venha o herói
que é homem e é Deus,
do quarto nupcial,
correr glorioso
seu nobre caminho,
a trilha real.

Igual a Deus Pai,
reveste dos homens
a carne, a fraqueza,
e, desta maneira,
nos dá a virtude,
de Deus fortaleza.

Já brilha o presépio,
e um novo esplendor
a noite nos traz.
Que fujam as trevas,
a fé resplandeça
e reine a paz.

A vós, Rei piedoso,
e ao Pai que nos ama,
a glória convém.
Com vosso Espírito
reinais sobre o mundo
nos séculos. Amém. 

Salmodia

Ant. 1 Foi vossa mão e a luz de vossa face,
que no passado salvaram nossos pais.

Salmo 43(44)

Calamidades do povo

Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou (Rm 8,37).

I

2 Ó Deus, nossos ouvidos escutaram, *
e contaram para nós, os nossos pais,
– as obras que operastes em seus dias, *
em seus dias e nos tempos de outrora:

=3 Expulsastes as nações com vossa mão, †
e plantastes nossos pais em seu lugar; *
para aumen-los, abatestes outros povos.
4 Não conquistaram essa terra pela espada, *
nem foi seu braço que lhes deu a salvação;

– foi, porém, a vossa mão e vosso braço *
e o esplendor de vossa face e o vosso amor.
5 Sois vós, o meu Senhor e o meu Rei, *
que destes as vitórias a Jacó;
6 com vossa ajuda é que vencemos o inimigo, *
por vosso nome é que pisamos o agressor.

7 Eu não pus a confiança no meu arco, *
a minha espada não me pôde libertar;
8 mas fostes vós que nos livrastes do inimigo, *
e cobristes de vergonha o opressor.
9 Em vós, ó Deus, nos gloriamos todo dia, *
celebrando o vosso nome sem cessar.

Ant. Foi vossa mão e a luz de vossa face,
que no passado salvaram nossos pais.

Ant. 2 O Senhor não afasta de vós a sua face,
se a ele voltardes de todo coração.

II

10 Porém, agora nos deixastes e humilhastes, *
já não saís com nossas tropas para a guerra!
11 Vós nos fizestes recuar ante o inimigo, *
os adverrios nos pilharam à vontade.

12 Como ovelhas nos levastes para o corte, *
e no meio das nações nos dispersastes.
13 Vendestes vosso povo a preço baixo, *
e não lucrastes muita coisa com a venda!

14 De nós fizestes o escárnio dos vizinhos, *
zombaria e gozação dos que nos cercam;
15 para os pagãos somos motivo de anedotas, *
zombam de nós a sacudir sua cabeça.

16 À minha frente trago sempre esta desonra, *
e a vergonha se espalha no meu rosto,
17 ante os gritos de insultos e blasfêmias *
do inimigo sequioso de vingança.

Ant. O Senhor não afasta de vós a sua face,
se a ele voltardes de todo coração.

Ant. 3 Levantai-vos, ó Senhor,
não nos deixeis eternamente!

III

18 E tudo isso, sem vos termos esquecido *
e sem termos violado a Aliança;
19 sem que o nosso coração voltasse atrás, *
nem se afastassem nossos pés de vossa estrada!
20 Mas à cova dos chacais nos entregastes *
e com trevas pavorosas nos cobristes!

21 Se tivéssemos esquecido o nosso Deus *
e estendido nossas mãos a um Deus estranho,
22 Deus não teria, por acaso, percebido, *
ele que  o interior dos corações?
23 Por vossa causa nos massacram cada dia *
e nos levam como ovelha ao matadouro!

24 Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis? *
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
25 Por que nos escondeis a vossa face *
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?

26 Pois arrasada até o pó está noss’alma *
e ao chão está colado o nosso ventre.
– Levantai-vos, vinde logo em nosso auxílio, *
libertai-nos pela vossa compaixão!

Ant. Levantai-vos, ó Senhor, não nos deixeis eternamente!


V. Escutai, povos todos a Palavra do Senhor.
R. E anunciai-a até os confins de toda a terra.

Primeira leitura

Do Livro do Profeta Isaías 49,14–50,1

A restauração de Sião

49,14 Disse Sião: “O Senhor abandonou-me,
o Senhor esqueceu-se de mim!”
15 
Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno,
a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre?
Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti.
16
 Eis que gravei teu nome, Sião, em minhas mãos,
os teus muros estão sempre à minha frente.
17 
Teus construtores apressam-se em chegar
e já se foram os que te arruinaram e saquearam.
18
 Ergue os olhos em redor e vê:
todos esses se reuniram e vieram a ti.
“Eu juro, diz o Senhor,
que todos serão como ornamento do teu vestido,
e todos te rodearão como uma noiva”.
19
 Apesar das ruínas e das praças desertas,
e da terra arrasada,
desde agora serás apertada para tantos habitantes,
enquanto que para longe fugirão os que te destruíram.
20
 Ainda soará aos teus ouvidos
a voz dos filhos que perdeste:
“Este lugar é apertado para mim,
arranja-me espaço para morar”.
21
 Dirás em teu íntimo:
“Quem gerou para mim estes filhos?
Eu, mãe sem filhos, mãe estéril,
desterrada e escrava!
Quem criou estes filhos?
Eu tinha sido deixada sozinha!
E onde estavam estes filhos?”
22
 Isto diz o Senhor Deus:
“Eis que acenarei com a mão para as nações
e levantarei meu sinal entre os povos;
teus filhos serão levados nos braços
e tuas filhas carregadas aos ombros.
23
 Teus aios serão reis,
tuas amas, rainhas;
hão de adorar-te com a face abaixada para o chão
e de lamber a poeira dos teus pés.
E saberás que eu sou o Senhor:
os que em mim esperam não se frustrarão”.
24
 Acaso se tira de um valente a sua presa,
ou se toma de um caçador forte a sua caça?
25
 Isto diz o Senhor:
“Certamente, pode-se tomar do valente o prisioneiro
e salvar das mãos do caçador forte a presa feita;
eu lutarei com os que lutavam contigo
e eu salvarei os teus filhos.
26 
Alimentarei teus inimigos com suas carnes,
eles se embriagarão com o vinho do próprio sangue;
todo o homem ficará sabendo
que eu sou o Senhor, teu Salvador,
e o teu libertador, o Forte de Jacó”.
51,1
 Isto diz o Senhor:
“Onde está a carta de divórcio de vossa mãe,
que me serviu para repudiá-la?
Ou qual é o meu credor,
a quem eu vos vendi?
Pois bem:
fostes vendidos em razão de vossas iniqüidades,
vossa mãe foi repudiada em razão de vossos crimes”.

Responsório Is 49,15; cf. Sl 26(27),10

R. Pode a mãe se esquecer de seu filhinho,
e do fruto de seu ventre não ter pena?
mesmo que existisse tal mulher,
* Eu jamais te esquecerei, diz o Senhor.
V. Se meu pai e minha mãe me abandonarem,
o Senhor me acolhe em seu amor.
* Eu jamais te esquecerei, diz o Senhor.

Segunda leitura

Da Exposição sobre o Evangelho de São Lucas, de São Beda Venerável, presbítero
(Lib. 1, 46-55: CCL 120, 37-39) (Séc. VIII)

Magnificat

E Maria disse: A minh’alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46-47).

O Senhor, diz ela, elevou-me por um dom tão grande e inaudito, que nenhuma palavra o pode descrever e mesmo no íntimo do coração é difícil compreendê-lo. Por isso dedico todas as forças de meu ser ao louvor e à ação de graças, contemplando a grandeza daquele que é eterno, e ofereço com alegria minha vida, tudo que sinto e penso, porque meu espírito rejubila pela divindade eterna de Jesus, o Salvador, que concebi e é gerado em meu seio.

O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49).

Estas palavras se relacionam com o início do cântico que diz: A minh’alma engrandece o Senhor. De fato, só a alma em quem o Senhor se dignou fazer maravilhas pode engrandecê-lo e louvá-lo dignamente e dizer, exortando os que compartilham seus desejos e aspirações: Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome (Sl 33,4).

Quem conhece o Senhor e é negligente em proclamar sua grandeza e santificar o seu nome, será considerado o menor no Reino dos Céus (Mt 5,19). Diz-se que santo é o seu nome porque, pelo seu poder ilimitado, transcende toda criatura e está infinitamente separado de todas as coisas criadas.

Acolhe Israel, seu servidor, fiel ao seu amor (Lc 1,54).

Israel é, com razão, denominado servidor do Senhor, porque, sendo obediente e humilde, foi por ele acolhido para ser salvo, como diz Oséias: Quando Israel era criança, eu já o amava (Os 11,1). Aquele que recusa humilhar-se não pode certamente ser salvo, nem dizer com o Profeta: Quem me protege e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta a minha vida! (Sl 53,6). Mas, quem se fizer humilde como uma criança, esse é o maior no Reino dos Céus (cf. Mt 18,4).

Como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre (Lc 1,55).

Trata-se da descendência de Abraão segundo o espírito e não segundo a carne, isto é, não apenas dos filhos segundo a natureza, mas de todos que seguiram o exemplo da sua fé, fossem eles circuncidados ou incircuncisos. Pois o próprio Abraão, ainda incircunciso, acreditou e isto lhe foi imputado como justiça.

A vinda do Salvador foi, portanto, prometida a Abraão e a seus filhos para sempre, isto é, aos filhos da promessa, dos quais se diz: Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3,29).

É com razão que, antes do nascimento do Senhor e de João, suas mães profetizam, para que, tendo o pecado começado pela mulher, os bens comecem igualmente por ela; e se foi pela sedução de uma só mulher que a morte foi introduzida no mundo, agora é pela profecia de duas mulheres que se anuncia ao mundo a salvação.

Responsório Lc 1,48-50

R. As gerações hão de chamar-me de bendita:
* O Poderoso fez em mim maravilhas,
Santo é o seu nome.
V. Seu amor para sempre se estende
sobre aqueles que o temem. * O Poderoso.

Oração

Deus de misericórdia, vendo o homem entregue à morte, quisestes salvá-lo pela vinda do vosso Filho; fazei que, ao proclamar humildemente o mistério da encarnação, entremos em comunhão com o Redentor. Que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

 V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.